quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Feliz Natal a todos!

My sweet prince





A Mathilde pediu para ligar ao António a desejar Feliz Natal.
O seu príncipe antecipou-se e ligou primeiro, há bocadinho.
Combinaram ir juntos ver o burro Joaquim.
Uma felicidade! :)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Uma flor, uma pequena flor...



Todas as manhãs, quando sai de casa, a Manon vai direita a um arbusto florido do jardim e colhe uma flor amarela, a mais bonita aos olhos dela. Leva-a na mão com muito jeitinho, dá-me a outra, olha para mim e diz: É para o meu Thomas.

Todas as manhãs.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Não há dinheiro, não há palhaços!



Quando eu era pequenina, todos os anos pelo Natal, a minha mãe levava-me ao circo. Eu adorava.

Conheço muitas pessoas que não gostam, sobretudo por causa das condições inadequadas em que se diz viverem os animais. Também me incomoda, coisa que com 5 anos não sabia, no entanto a verdade é que eu fiquei com uma imagem prazenteira porque adorava aquele espectáculo apesar do mal sentada que ficava naqueles bancos de madeira corridos e com pregos mal aplicados em tábuas tortas e apesar do frio no interior do recinto (é de relembrar que eu gosto de calor ao ponto de tomar sempre duche a ferver mesmo que estejam 40 graus lá fora e 90% de humidade, condições ideais para o meu estado mais esfuziante de alegria sem que que a tensão arterial se esfume).
Eu gostava mesmo do circo.
Um dos meus livros predilectos era "Anita no circo", sobretudo o modelito de ilusionista que a protagonista usava no número de magia.
A Mathilde sempre gostou desse livro e pedia-o muitas vezes, quase mais do que o "Anita mamã" ou o "Anita vai às compras", os outros que ocuparam durante meses o pódio da (minha/depois sua/agora delas) colecção Anita.

Postos estes requisitos, fomos ao circo há duas semanas, ao Cardinali.
Deparei-me com bastantes mudanças.

Para começar o circo já não é apenas uma tenda onde decorre um espectáculo mas também um espaço onde há pipocas, algodão doce, minis e bifanas, carrinhos de choque, carrocéis e mini-montanhas russas, tudo debaixo do mesmo tecto.

Depois já não há bancos de madeira, nem corridos nem sem ser corridos.
O perímetro da tenda aumentou gigantescamente e cabem sentadas 3 mil pessoas. Não percebi como é que muitas delas vêem o espectáculo sem ficarem com um valente torcicolo já que bastantes lugares, semelhantes aos dos estádios de futebol, não estão todos voltados para o centro onde os artistas se apresentam, estão de lado. São assentos corridos, deve ser uma alteração no sentido da modernidade como remniscência dos de pau, só que, como fixos ao chão, continuam em linha recta e nos ângulos posteriores do recinto estão virados para outros assentos e não para o palco. Os espectadores ou se sentam na diagonal ou viram o pescoço 90º, é à escolha.

O circo agora é aquecido, pelo menos mais que dantes.

Os números sucedem-se a uma velocidade vertiginosa, há muita variedade, no entanto a maior parte é tão rápida que fiquei com a impressão "Mas é só isto?". Por exemplo os trapezistas, que eu venerava em pequena, que queria saber voar como eles e cair elegantemente na rede de segurança, deram 4 voltinhas e pronto. Isto para não falar que com os 3 atletas que balançavam pelos ares, subiu também uma senhora que ficou apenas lá em cima, suponho que como enfeite. Que é feito das meninas que sabiam fazer mortais e pinotes como nos genéricos do 007?

Os palhaços, já de tenríssima idade, entraram com um "touro" com 2 pares de pernas humanas cujo dorso de tecido tinha buracos de tão gasto.

Um outro entertainer, muito dinâmico e simpático, executou dois números com espectadores escolhidos ao acaso por entre um público escasso, a casa estava quase às moscas. Dois números feitos classicamente nos espectáculos amadores do Club Med. Será o Club Med que plagiou? Não me parece mas não garanto nada, podem ser números de circo copiados, ou podem ser números do Club adaptados. No entanto surpreenderam-me, não são assim tão fantásticos, penso, que não pudessem ser substituídos por outros desconhecidos.

Um mágico com cães acrobatas fez as delícias das meninas, cãezinhos quase todos já entradotes mas que provaram estar ali literalmente para as curvas, enquanto que um outro mágico apresentou os dois únicos animais selvagens, um tigre adulto e um bebé, um deles branco, já não sei qual porque o número foi francamente mau e com uns flops pelo meio.

Um ponto agradável é que já não há quase nenhuns animais no circo. Mas, apesar de saber que assim, ao menos, a problemática da situação dos bichos não se coloca,tive uma certa nostalgia ao lembrar-me dos elefantes e dos ursos e dos leões e até do tanque com tubarões que tão anunciado foi há décadas e que eu me lembro de ver e não perceber grande coisa do número.

Houve também alguma, chamemos-lhe, confusão na apresentação dos artistas. "Um número de cortar a respiração com ... (nome que eu não conseguia perceber, o som era mauzito), que nos chega do México!", "Senhoras e senhores, meninas e meninos, o grande ... (outro nome diferente, imperceptível) vindo da Austrália!" e, vendo bem, ou mal, bastava ver, o artista era o mesmo.

Achei muita graça a umas acrobatas que se penduravam uma na outra pelo cabelo e a um jovem que para além de fazer maravilhas acrobáticas fez as delícias da Manon que comentou, não sei quantas vezes, "Ele está de cabeça para baixo! Olha mamã! Em cima das mãos!" e nenhuma graça ao número das motas, uma barulheira infernal para mostrar uns cavalinhos que certamente agradam aos rapazes, ou não.

Para terminar o circo já não é barato. O circo é caríssimo! É caso para dizer, nesta altura de crise, invertendo a expressão "Só se há dinheiro, é que há palhaços!"

Feitas as contas, que me desculpem os que abominam este espectáculo, pois continuo a deleitar-me com a recordação remota do prazer que era ir ao circo no natal com a minha mãe e que me desculpem os que adoram, pois fiquei com a imagem actual de uma certa decadência que me entristeceu até.

Saí de lá desconsolada pessoalmente, o papá também, e satisfeitos "materna e parternamente", a Mathilde e a Manon gostaram, de tudo menos das motas :) e assim sendo, apesar do balúrdio que consideramos ter pago e que jurámos não repetir enquanto nos lembrarmos, o balanço foi positivo tendo em conta que o objectivo era mostrar-lhes o que era aquele mundo que aparecia no livro da Anita e aquele que conhecíamos da nossa infância. Já está, ponto!

Trabalhos manuais IV



(Espanta-espíritos made by papá e Mathilde)

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Sagrada Família


Gosto muito do Natal.
Sempre gostei dos preparativos, de decorar a casa, de inventar penduricalhos para a árvore, de escolher as prendas, de fazer algumas, de preparar a ceia, pôr a mesa, acender velas por todo o lado, escolher o vinho, enfim, todo o antes me agradou sempre muito.

Gosto de oferecer presentes, em qualquer altura do ano aliás, mas é do Natal que falo agora e nesta época ainda mais me encanta.

Há um perfume a Natal que eu percebo no ar. Não o sei definir em palavras, apenas que está onde por onde quer que eu vá durante Dezembro, provavelmente não é de Dezembro, é meu durante esta quadra mas seja como for, eu gosto.

Gosto dos filmes de Natal, de todos, choro em todos, alguns baba e ranho... nos outros também... mas é do Natal que falo agora.

Adoro as canções de Natal e se há coisa que me põe radiante é ir ao super-mercado e cantarolar as que vão tocando pelos corredores. Custa-me como é que, com tão alegre música, as pessoas andam mal encaradas e aos encontrões enquanto escolhem qual o bolo-rei mais adequado aos seus desejos, eu até nem gosto de bolo-rei. Mas "Rocking around the Christmas Tree", por exemplo, põe-me as endofirnas aos saltos.

Nem tudo nos preparativos me altera os níveis hormonais da felicidade no sentido ascendente.
Aborrece-me que haja tantas pessoas sem Natal, tantas crianças infelizes e tanto sofrimento. Nos outros meses do ano também porém é do Natal que falo agora. Passo a quadra a tentar melhorar ainda que seja infimamente o Natal de algumas delas e acredito que é possível, por vezes, uma pequena atenção fazer sorrir alguém e isso, pelo menos isso, já é qualquer coisa.

Num outro capítulo, aborrece-me o consumismo exagerado, ao qual também eu por vezes não escapo porque me apetece dar tudo a quem amo, a hipocrisia do "paz-e-amor-ai-que-somos-tão-queridos-uns-para-os-outros-e-de-repente-lembrei-me-que somos-amigos-porque-é-Natal!" e a das obrigações natalícias como o "ter-de-dar-isto-a-não-sei-quem-porque-parece-mal-não-dar".

Tenho feito por abolir estes pontos pretos do meu cenário infantil, alvo e cheio de luz porque para mim o Natal, por definição, é um mergulho feliz na infância.
O Natal é das crianças e todos nós, todos!, até os que parecem ter nascido já com 40 anos, têm uma criança cá dentro. A minha pula feliz porque o Menino Jesus nasceu e é tempo de festejar!

É claro que só nos apercebemos da luz porque conhecemos a escuridão e vice-versa, e que mesmo as coisas menos boas fazem parte deste mundo e eu até gosto de preto, muito mesmo, mas hoje não me apetece considerar o pacote, é do meu Natal ideal que falo agora.

Hoje a minha alma pula mais ainda de cada vez que as minhas miúdas pulam, de cada vez que os olhos delas brilham e que o papá pula também, sim que a criança dele manifesta-se naturalmente sem censura, e ainda bem.

O meu Natal é Natal graças a ele e às nossas meninas, é deles que falo agora.

Pois se o Natal é a festa da família, em honra da Sagrada, eu sagro a minha e sinto-me consagrada por ela.

É Natal! Decorre a época oficial.

É Natal.
Há luzes e enfeites nas ruas. Há pinheiros dentro das casas. Há duendes, anjos e presépios nas montras. Há Pais Natal pendurados em locais inenarráveis. Há guizos e sininhos na alma. Há promoções especiais e jantares sobrepostos. Há festas nas empresas. Há festas nas paróquias. Há festas nas sociedades recriativas.
E há festas nas escolas.

Nas das manas M & M celebraram-se esta semana. Em dias diferentes, valha-nos o acaso!, que se tivessem calhado na mesma tarde a divisão familiar teria custado a todos.

Na quarta foi a da Mathilde, uma festa grande num pavilhão grande de uma escola muito muito grande, com muitos alunos.
O papel que lhe coube deliciou-a e não podia ser mais adequado - bailarina, cheia de brilhantes, totós espampanantes, sapatilhas e uma saia de fada.

Quando se encontraram depois de tudo terminado, a Manon olhou para a Mathilde e disse-lhe: "Mathilde, tu es belle, belle, belle! Belle Mathilde!"
E estava mesmo.

Nessa noite, a última coisa que a pequenina me disse antes de adormecer foi: "Mamã, eu amanhã quero maquillage na festa para ficar linda para o meu Thomas!"


A da Manon foi pois no dia seguinte onde ela, vestida de menina do coro, cantou:

É Natal! É Natal!
SSamos sem demóla
Adolále o menino
Que nasceu agóla

Esta noite é bela
Entre o céu e ela
SSamos à capela
Felizes rezále
Ao tocále o sino
Sino pequenino
Vem o Deus menino
Pala nos salvále

Toca o sino pequenino
Sino de Belém
Já nasceu o Deus menino
Que a Senhola tem


É um miminho ouvir uma canção de Natal à chinês, com aquela vozinha muito doce.
E sabe a letra toda! É uma loira com memólia apurada;)

O Pai Natal da creche trouxe-lhe uma caixinha de livros pequeninos e como a Mathilde já não tem disso (Pai Natal na escola, não livros), o mesmo senhor de barbas brancas também lhe ofereceu um (um livro, não um Pai Natal).
Mais uma vez a nossa princesa maior nos comoveu. Não quis abrir o embrulho dela até a Manon ter recebido o seu para poderem abrir juntas.


Entre o meu aniv e as festas delas foi uma bela semana! Com presentes e doces. E ainda a procissão vai no adro ou, melhor dizendo, ainda a gestação de Maria não chegou a termo.

Valha-nos Nossa Senhora contentora do colesterol, o Menino Jesus dos Triglicéridos e S. José protector da carteira.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Felicidades


Há 38 anos, estava eu ainda na barriguinha da minha mãe, posso chamar-lhe barriguinha porque, segundo consta, a minha progenitora engordou apenas 5 quilos durante toda a santa gravidez.
Santa porque de mim se tratava, claro;)
E claro porque não encontro melhor explicação;)

Comecei a minha vida neste mundo extra-uterino às 21h45. E desde então que ando a ver se cresço.
E cresço.
E cresço todos os dias mais um bocadinho de há quase 5 anos para cá graças às minha filhas. E ao pai delas também, claro. E claro porque é, em parte, a explicação.

É a explicação destas meninas tão meiguinhas, que me enchem de festinhas na cabeça e na cara quando estou ainda meia a dormir, meia acordada, a resmungar que não me apetece levantar.
A explicação da excitação da Mathilde que não conseguiu manter-se a dormir até às 10h como é o seu habitual aos fins-de-semana porque hoje era o aniversário da mamã.
A do brilho nos seus olhos quando me abraçou, me cantou os parabéns e me disse que eu sou a mais bonita das mamãs.
A explicação dos caracóis da Manon a deslizar ondulantes enquanto ela saltava para o meu colo e sorria matreira pronunciando pausadamente um "joyeux anniversaire maman!"

Cresço porque aprendo e para aprender.
Não há nada tão sábio como a inocência, apesar da contradição eventual das duas palavras. Se vivessemos como as crianças estaríamos em equilíbrio de naturezas, a nossa com a que nos rodeia.
Não há melhor do que o "aqui e agora" que as minhas filhas me mostram diariamente. E diariamente me repito, "aqui e agora, eu estou bem". Ainda que "bem" seja pouco descritivo, "bem" é das melhores palavras aplicáveis ao meu estado, hoje, 14 de Dezembro de 2008. "Feliz" é outra.
Obrigada mon amour.
Obrigada mes amours.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Lógica II ou "anticonstitucionalissimamente"

Mathilde: "Hoje o G... disse uma coisa que não se deve dizer."
Mamã: "Disse? O que foi? "
Papa: "C'était un gros mot*?"
Mathilde: Non.
Papa: "Tu sais ce que c'est un gros mot, Mathilde?"
Mathilde: "Oui, c'est un mot avec beaucoup de lettres!"



*palavrão

(acrescente-se que o exemplo no título já foi destronado há uns tempos)

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Cartas ao Pai Natal

"Querido Pai Natal,
gostava de ter as Winx, gostava também de ter uma casa dos Poneys, a casa dos Pet Shops e a casa da Moranguinho. Também as fadas da Sininho e a casa.
Depois queria o vestido da Bela.
Querido Pai Natal, portei-me muito bem e vou à Expressão Dramática para aprender jogos.
Mudei de escola e gosto muito da escola nova.
E gostei tanto que tu gostaste que eu te dei a chucha!
Adeus querido Pai Natal.
Tens de dar presentes aos meninos que não têm papá e mamã.
Beijinhos Pai Natal, um grande abraço, daqui mando-te um beijinho.
Mathilde"

1ª conclusão - Esta miúda não quer brinquedos, quer um monopólio, quer ser rendeira, nada como ter bens imóveis!
2ª conclusão - Quando se é capitalista "on peut faire la Belle". ;)
3ª conclusão - A Expressão Dramática é um sucesso e não há melhor do que aprender brincando.
4ª conclusão - A escola dos grandes é um marco na vida dela.
5ª conclusão - Embora amando as palavras e o "bem falar" o pretérito perfeito composto do indicativo ainda não foi adquirido como competência.
6ª conclusão - A generosidade é algo que determina o seu comportamento, não se esquece nunca dos outros. Partilha tudo. Se tem 2 rebuçados, mesmo que lhe tenham custado ganhar, e encontra um amigo ou se vai ter com a irmã, dá-lhe sempre um e se só tem um, parte ao meio.
7ª conclusão - A generosidade dá-lhe para ser mandona até com o Pai Natal.


"Cher Petit Papa Noël,
je veux du chocolat, des bolachinhas, je veux du maquillage et des bolachinhas, les fées de Clochette, des livres, des bolachinhas, des Pet Shop et des puzzles... et des bolachinhas.
Bisous Papa Noël.
Manon"

Conclusão essencial - Comer é a prioridade. (Pois se até com uma amigadalite, há uns tempos, que transformou as suas tonsilas no Estádio da Luz, enormes e vermelhas com pontinhos brancos, ela comia e repetia como se nada fosse!) O que eu quero, petit Papa Noël, é BOLACHINHAS"!!! E o resto é conversa.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Pensamento concreto ou pensamento bilingue?

Falar para o boneco, é a sensação que todos os pais têm de vez em quando.

Anteontem, enquanto mandava vir com as manas que molhavam tudo no banho, o papá acabou o raspanete com:
- Vous avez compris? Aïe! Aïe! Aïe! Je parle en quoi, moi?
E a Mathilde muito solícita:
- En français papa!

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Soluções para vilões


A Mathilde sonha com castelos e fadas, bailes com a irmã e maus que a raptam, tubarões que lhe mordem o pé e canções que ela canta e a salvam, famílias de estrelinhas e festas de casamento dela e do António na escola antiga.
Habitualmente resolve os contratempos e os sonhos têm um final feliz.
Nunca antes nos tinha contado um pesadelo até há três noites quando acordou aos gritos e explicou que estava a sonhar com "uns maus que estavam a cantar na cabeça dela para a obrigarem a fazer xixi", que sonho mais terrível!

Claro que quando se foi deitar, na noite seguinte, lamentou-se com medo dos maus mas estava tão cansada que adormeceu pelo meio de uma massagem, suspirando "Onde é que aprendeste a fazer massagens, mamã?"

Noite a seguir, bem mais desperta, lamentou-se tanto que o papá foi buscar à arca dos ursos o seu "Tintin", que tem a idade dele e está num estado mais que usado, e lhe disse que com aquele bicho estropiado ela de certeza que assustaria os "maus". Ela riu-se e dormiu.

Mas ontem, apesar da incontestável capacidade apavorante do Tintin, o urso não era suficiente e o papá disse-lhe então:
- Mathilde, tu sais, les adultes, ils ont peur aussi.
- Non papa, pas les grands. Les grands n'ont pas peur.
- Si ma chérie, les grands ont peur aussi. Et tu sais qu'est-ce que je fais pour bien dormir?
- Quoi papa?
- Je pense à un rêve que je vais faire. Un beau rêve, par exemple, je pense que je suis avec toi et maman et Manon, et qu'on est à la plage, il fait beau et chaud, et comme ça je dors très bien.
- Et après papa?
- Après c'est mon rêve Mathilde. Il faut que tu fasses le tien.
- Non papa! Il me plaît le tien!

Hoje, quando lhe dei um abraço apertado e um beijinho de boa noite, pediu para o papá ir conversar um bocadinho com ela. Assim que ele chegou:
- Papa, tu vas rever de quoi ce soir?
E o pai criou-lhe um sonho onde toda a cidade era feita de bonbons e rebuçados, com um mar de gelatina e peixinhos de goma e flores chupa-cupa, onde ele passeava e ia comendo e nos veio chamar para apreciarmos aquele mundo doce a lembrar uma história de Roal Dahl.
E ela adormeceu, embalada em chocolates, sem medos, sem "maus".

De todas as soluções propostas para afugentar monstros assutadores, lobos maus e bruxas velhacas, as mais aplaudidas são as do papá.

Negar a existência destes vilões é eventualmente um pesadelo ainda maior para os pequeninos, pois se os pais não acreditam,como é que se podem tranquilizar e chegar à conclusão da Mathilde?: "Os lobos maus não existem. E se, por acaso aparecerem, eu faço-lhes um "Panda Kung Fu" e eles fogem!"

Espero que com os "maus" se passe o mesmo.
Não deixa de ser um mecanismo mágico para a preocupação do xixi em 12 horas de sono:)

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Santa, Who are you?


- Mamã, o Pai Natal anda muito depressa?
- Porquê Mathilde?
- Porque vai a casa de toda a gente não é?
- Sim, as renas são velozes e ele é despachado. E atencioso também!
- Mas é tanta gente...

Dias depois...

- Papa, le Père Noël donne des cadeaux à tous les enfants?
- Oui.
- Les Pet Shop et les Princesses et les robes et les jeux?
- Oui.
- Il a des sous pour acheter tout ça?


Quanto tempo conseguiremos manter a ilusão?

Trabalhos manuais III







(made by toda a família no dia das bruxas)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Calendário


Há exactamente 10 dias, dia 9 de Novembro, a Mathilde perguntou ao pai quando é que faríamos a árvore de Natal e o presépio. A resposta não foi inteiramente do seu agrado, dali a 15 dias.
- C'est quand ça?
- C'est dans 14 nuits, tu vas faire dodo 14 fois et après on fera le sapin.
E ficaram assim.

Hoje de manhã, no carro à ida para a escola...
- Papa, on fera le sapin dans 4 nuits.
- Quoi?... Quel jour on est? Mercredi, alors mercredi soir, jeudi soir, vendredi soir, samedi soir, dimanche! Tu es trop fort Mathilde! Oui! Dimanche, comme prévu. Dans 4 nuits chérie!

Tera sido "au pif"? Amazing anyway!:)

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Love is in the air


Este ano surgiram actividades novas na creche da Manon. Uma delas, a dança criativa, está a fazer as delícias da nossa loirinha.

Ontem, quando a fui buscar, a professora cruzou-se comigo à entrada e exclamou imediatamente:
- Tenho de lhe contar uma coisa! A sua filha tem um grande amor!

E eu, muito convencida da paixão em questão, respondi sem hesitações:
- O Thomas!

Seguiu-se a revelação inesperada:
- Não! O Luca. Havia de os ver! Devia ser filmado! Nunca me tinha acontecido, tão pequeninos. Eu a explicar e eles entrelaçados. Não se largam! E a dançarem um com o outro?! É lindo! Eu disse à mãe do Luca e ela disse-me que já sabia.

Fiquei meia espantada, meia divertida. A miúda é concorrida:)! Mas afinal tanta coisa com o MEU Thomas...

Assim que houve oportunidade perguntei-lhe:
- Então a dança Manon? Foi bom?
- Sim mamã. Eu gosto da dança!
- A professora disse-me que passas a aula a dançar com o Luca. Que gostas muito dele.
- Sim, gosto de dançar com o Luca!
- Então e o teu Thomas? Afinal quem é o teu príncipe?
- São os dois! Os dois meus príncipes, o MEU Thomas e o MEU Luca!

Há que referir um detalhe que muda tudo. O Thomas é loirinho, o Luca é ruivíssimo, tal como o António da Mathilde. Estaremos destinados a ter netos cenourinhas? Que coincidência engraçada.

Claro que não esperei pela demora:
- Estás a ver Mathilde! A Manon diz que tem dois príncipes. E tu continuas a não querer o teu amiguinho da escola?
- Não. Só quero o António!

Até o pai averiguou:
- Peut-être qu'un jour, quand tu seras grande, tu auras un autre prince...
- Non papa. António grandira avec moi!

Adoro esta argumentação.
Pois bem, a Manon tem dois amores, embora me pareça que o Luca é o amor bailarino e o Thomas é o príncipe do quotidiano.
A Mathilde permanece de pedra e cal, agarrada ao seu predilecto.

I wonder como serão elas mais tarde...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

In the meantime...



Qual é a primeira frase proferida pela Manon assim que chega à escola?

- O MEU Thomas?

O Thomas é oficialmente, permanentemente, sem lugar para outra designação, o SEU Thomas :)

Põe-te no meu lugar :)


- És tão bonita, Mathilde...

- ... - ar sério, pensativo - Mamã... há um menino lá na escola que quer namorar comigo... - tom igualmente sério, meio atrapalhado.
- É? Conta-me! Conta-me!
- Eu ouvi. Ele disse-me. Perguntou se eu queria namorar com ele porque eu sou muito bonita.
- E és. E que disseste tu?
- Disse que não. - risos - Disse-lhe que já tenho um príncipe. Eu não quero deixar o meu príncipe.
- Tão querida Mathilde... quem é esse menino?
- É o JMG.
- É bonito?
- É, é bonito. É moreno.
- E nem consideras a hipótese de ter outro príncipe, agora na nova escola?
- Não...
- Pronto, tu é que sabes o que queres, é assim mesmo.

- ... mamã, tu não queres deixar de ser a namorada do papá pois não?
- Não.
- Eu também não.
- Muito bem meu amor. - esta miúda é tão esperta! - És uma princesa dedicada e sabes o que queres. E isso é muito bom. - e sabes como ganhar uma "discussão" também ;) :).

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Trabalhos manuais II


(made by Papá e Mathilde)

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

School of the Arts


Ontem a Mathilde esteve a escrever com o papá alguns dados no seu livrinho dos 4 anos. Nome, apelido, cor e animal preferidos, altura, etc.

Duas coisas me fizeram sorrir particularmente.

A primeira foi a "assinatura". Escreveu o seu nome e depois fez uns riscos por cima para lhe dar um ar crescido;)

A segunda foi a resposta à pergunta "O que queres fazer quando fores grande?".
Mathilde: "Je veux danser... je veux chanter... me déguiser en princesse..."
Papa: Artiste.
Mathilde: Artiste.

E escreveu A-R-T-I-S-T-E

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

É quando a Manon quiser


Manon, diante da cena do "Peter Pan" em que os índios, escondidos por baixo de pinheiros, apanham os meninos perdidos como represália ao rapto da Princesa Tigrinha:

- Mamã! Olha! Olha! O Natal!

domingo, 2 de novembro de 2008

(Mini) Trabalhos manuais



(made by toda a família)

sábado, 1 de novembro de 2008

Meu pai, meu heroi II

Sabem aqueles momentos em que alguém especial nos toca e juramos que nunca mais lavamos aquela zona específica do corpo para o toque não desaparecer?


Ao deitar...

Papa: Mathilde, je peux te faire un bisou?
Mathilde: Oui mon papa d'amour.

Bisous e bisous e bisous!
Risos e risos e risos encantados!

Mathilde: Je vais pas les toucher, les bisous de papa. Pour les garder pour toujours!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Neuro-anatomia


Quando eu tinha 17 anos conheci um jogador de futebol, acho que do Sporting, já na reforma. Era amigo do avô de uns amigos, um ciclista duas vezes campeão da Volta à Portugal. Não me recordo do nome, apenas que me sentei à mesa de um café a comer trouxas da Malveira, à conversa com aqueles dois senhores que conheciam a vida há pelo menos mais 5 décadas e meia do que eu.

Ficaram-me vários detalhes daquele lanche, alguns cómicos como a sugestão do futebolista ao amigo para que ele arranjasse uma namorada com o acrescento da solução prática no caso desta ser marreca, de a levar para a praia, fazer uma cova na areia e encaixar lá a corcunda, mas um houve que mais me impressionou e que ressoa cá dentro até hoje.
Aquele antigo craque da bola contou-me que um dia se apaixonou, por uma mulher por quem deixou a casa, a família, o trabalho, o país. "Atravessei o mundo atrás dela, perdi-me por ela, pelo cheiro dela, porque o amor está no cheiro da pele..."

O cheiro da pele, O detalhe.

Quando estudei o Cérebro (O Sérgio para os amigos;)), conheci o Lobo Límbico, uma porção filogeneticamente muito antiga, existindo em todos os vertebrados.
Do ponto de vista funcional admitiu-se durante muito tempo que o lobo límbico teria funções olfativas, fazendo parte do chamado rinencéfalo, ou encéfalo olfativo mas percebeu-se mais tarde que este anel cortical se relaciona fundamentalmente com a regulação dos processos emocionais (entre outros) e que nada tem a ver com a apreciação consciente dos odores.


Há bastantes meses, numa tarde de fim-de-semana quando fui acordar a Mathilde que dormia a sesta, não a encontrei na cama dela e, intrigada, procurei-a dentro do roupeiro, na casa-de-banho, no quarto da Manon, no roupeiro da irmã, julgando que me pregava uma partida.
Encontrei-a a dormir na nossa cama, toda tapada para não ver a luz que entrava pelas janelas. Enfiei-me por baixo do edredon, encostei-me a ela e dei-lhe uma beijoca.
Estremunhada, olhou para mim e disse "Vim para aqui porque gosto da cama do papá e da mamã. Cheira bem. Cheira ao papá e à mamã. Queres ver? Cheira lá aqui!" e encostava o nariz ao lençol e às almofadas.

Há duas noites, quando a deitei, não queria que eu saísse de ao pé dela e, como se mostrava inconsolável, perguntei-lhe se ela queria alguma coisa minha para dormir. A resposta foi afirmativa e como a única coisa que tinha era o pijama, tirei a camisola e deixei-a entre os braços dela. Assim dormiu.
De manhã ao acordar, meia adormecida ainda, que ela tem um despertar parecidinho com o meu, devagar devagarinho, oposto aos da irmã e do pai que acordam prontos para cálculos matemáticos avançados e em plena actividade motora imediata, sorriu-me e confirmou "Quero dormir sempre com o teu pijama. Cheira a ti mamã!"

Relacionados ou não o Rinencéfalo e o Lobo Límbico, o que é certo é que o amor está no cheiro da pele.
Não há neuro-cientista que abafe este eco por mais "cortiça" cerebral que desvende e interponha entre os dois.

domingo, 26 de outubro de 2008

A magia da sina

Quando abraço as minhas filhas ao meu colo lembro-me, por vezes, delas bebés e embora goste e aproveite todas as fases de cada idade, tenho saudades. Se pudesse tinha 4 ou 5 filhos ou mais.

Quando tinha aí uns 7 ou 8 anos, tirei a minha sina numa máquina no Jardim Zoológico, sim havia uma máquina de sinas no Zoo, e na minha actual fantasia imprecisa era parecida com a "Zoltar" do filme "Big".
Deu-me, a troco de uns tostões, um bilhetinho em cartão duro, como os antigos bilhetes de combóio mas sem nenhuma marca em forma de lua ou de estrela do picas, que na frente dizia "Alberto, que lindo nome" e no verso terminava afirmando que eu teria 12 filhos e 27 netos.

Não tive nenhum namorado Alberto, sei que na altura me lembrei que o pai da Zé dos 5 (da Enid Blyton) se chamava assim e como nas brincadeiras da escola eu era sempre a Zé, não porque fosse Maria Rapaz mas porque gostava do cão e do protagonismo rebelde da personagem, achei esquisito ir casar com o meu pai. Claramente um conflito edipiano ;)
Quanto aos 12 filhos talvez fosse uma coisa simbólica a apelar ao meu lado maternal porque me parece que, ainda que desatasse agora a fazer crianças, ou as tinhas às ninhadas ou a coisa é obviamente improvável.
Os 27 netos... bom também não desejo ninhadas às minhas filhas e como tal espero que a máquina desconhecesse o significado dos algarismos e achasse apenas bonita a combinação do 2 e do 7 que aliás me agrada também.

No entanto, mesmo não tendo tido nunca aquela convicção que proclamam muitas mulheres de ter nascido para ser mãe e não o ter desejado desde menina como se fosse o único objectivo da minha vida, a maternidade sempre me pareceu algo natural e que aconteceria na fuidez do meu caminho. E quando tal aconteceu percebi que podia ter os tais 12 filhos e 27 netos do "Zoltar" do Zoo.

Tenho saudades das minhas quando eram bebés.
Tenho saudades da sensação de felicidade intocável assim que elas nasceram, do primeiro dia, daquele perfume de recém-nascido, da tranquilidade profunda dos seus sonos, dos braços esticados por cima da cabeça e das mãozinhas papudas fechadas, do olhar atento a descobrir o mundo, do sorriso desdentado, dos primeiros passos, das primeiras palavras, tenho saudades de tudo.

Não estou com um desejo súbito de ter mais bebés, estou apenas a recordar e sei que temos duas meninas maravilhosas, saudáveis, divertidas, inteligentes, gentis, meigas e tão bonitas, desde sempre.

E tal como tenho saudades, tenho também o prazer do aqui e agora, a crescerem, tão grandes e pesadas que já pego dificilmente nas duas ao mesmo tempo, tão cómicas que me dobram a rir, tão espertas que me ensinam todos os dias, tão ternas que me comovem até às lágrimas, tão perfeitinhas que me pergunto como sempre "Como é que eu fiz isto?"
É que, realmente, é mágico.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Menino ou Menina


Na sala da Manon fizeram um trabalho sobre as características de cada género.
As considerações foram registadas e expostas.

Os conhecimentos são variados:
"As meninas têm o cabelo comprido."
"As meninas usam vestido"
"As meninas têm ganchos no cabelo."
etc... etc...

Cada menino ou menina elegeu uma particularidade.

E o que disse a Manon?
"A menina tem pipi."

Claro, no meio disto tudo, evidentemente, é o que mais importa;)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Good cop/bad cop


A Polícia na cabeça da Mathilde está envolvida num certo mistério.
Julgo que apesar de lhe explicarmos que os polícias ajudam as pessoas, verdade indubitável para mim desde o dia em que, já há alguns anos, um agente da autoridade mudou um pneu do meu carro, cheio de boa vontade acrescente-se, para ela as forças policiais ficaram marcadas por duas coimas daquelas azaradas.
Nada de grave, um estacionamento não autorizado e um atraso de um mês no que à inspecção diz respeito.
Aqui me defendo, apesar de reconhecer que a lei é a lei e de reconhecer igualmente que nem sempre a lei me agrada, afirmando que o carro tinha sido comprado, como carro de serviço, em Agosto com uma matrícula de Maio e na minha cabeça, em Junho ainda não tinha feito 4 anos.
Nada a fazer que o polícia estava num dia de má catadura e eu às tantas de má catadura fiquei e disse apenas: "Então e agora?" e ele: "Vou altuá-los!" e eu: "Pois altue mas depressa se fizer favor que eu tenho 2 crianças pequeninas no carro, como pode ver, 300 km pela frente, está calor, são horas de almoçar e as barrigas das crianças não são tão tolerantes à hipoglicémia como as nossas!".
A má catadura tornou-se a ordem do dia para todos os envolvidos e o papá espumava enquanto se passava mais de uma hora para concluir a situação porque pelos vistos era a primeira vez que tal infracção era sancionada em Tavira e nem 4 polícias todos juntos eram capazes de descobrir o código a escrever. Muita paciência tiveram a Mathilde e a Manon!

Ora há duas semanas, vínhamos das escolas e ao nosso lado num semáforo parou um carro da Polícia Municipal conduzido por um agente bem disposto.
A Mathilde pôs-se a olhar para ele com um grande sorriso.
Ele disse-lhe adeus, ela disse-lhe adeus de volta.
Ele perguntou-lhe "Como te chamas?" e ela respondeu "Mathilde! E esta é a minha mana Manon!".
Ele disse adeus à Manon que o espreitava interessada do outro lado.
A Mathilde continuou: "E tu como te chamas?" e ele "Victor" e ela "Olá Victor!".
E nós a vermos.
O semáforo abriu e ela: "Adeus Victor!" e ele " Adeus Mathilde!".

Cena contínua, vira-se para a Manon e exclama muito contente: "Viste Manon? Um querido polícia!" e depois para nós, sentados à frente e dobrados de riso com o adjectivo colocado à inglesa imprimindo à expressão uma força redobrada e vincando a impressão mais importante do contacto entre eles, a simpatia e não a função profissional, e afirma: "Eu quero ir à casa do Victor!".

Suponho que não preciso de lhe contar do pneu, das indicações de direcção quando me perco, das conversas divertidas nas operações stop no Natal e outras situações simpáticas que já vivi com a Polícia.
Parece-me que o Polícia Victor resolveu o amargo de boca da hipoglicémia de há uns meses.
Obrigada Sr. Agente!

Idades

A Mathilde cresce a olhos vistos.
Nas últimas semanas age com uma desenvoltura imparável. Fala e fala, cheia de expressões conceitos novos e para além dos hábitos quotidianos inerentes à condição humana onde se inclui a higiene, a alimentação e outras coisas que ela já desempenhava autonomamente, resolveu ajudar a pôr a mesa, levantar a mesa e fazer café.
Embora tenha tido a sua fase dos rituais obsessivos, como todas as crianças entre os 2 e os 3 anos, altura em que arrumava tudo e tudo bem direitinho no sítio certo (fase em que a Manon se encaixa na perfeição no ano corrente, com uma meticulosidade por vezes desesperante para pais bastante menos obsessivos), esta nova fase pouco tem de meticuloso ganhando sobretudo em orgulho de menina a crescer.

Entrámos também na fase da contra-argumentação mais elaborada que nos desenha um sorriso imediato e também imediata perda de autoridade. É demasiado engraçado para se manter a compostura.

Exemplo:

Papa: "Mathilde, est ce que tu peux ranger le fromage et le paté dans le frigo?"
Mathilde: "Oui papa."

E pega apenas no queijo dirigindo-se ao frigorífico.

Papa: "Les deux chérie, s'il te plaît."
Mathilde (sem olhar para trás e arrumando o queijo): "Une chose à la fois. J'ai que deux mains quand même!"

Contra factos não há argumentos, são 4 anos e meio e 2 mãos pequeninas :)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Singing Songs

Quando eu era pequenina, aprendia muitas coisas a cantar. Mesmo depois de maiorzinha continuo a aprender, agora que penso nisso.

Ainda sei os verbos transitivos, o plexo cervical e os músculos do pé graças a tê-los posto em canção e uma vez apresentei um trabalho a cantar na faculdade. Era a única forma do dito parecer um "belo" feito e acabou mesmo por ser.

De vez em quando invento umas canções para as meninas com assuntos gerais, chamemo-lhes assim, os meses, os dias da semana, etc. Há pouco tempo, aproveitando uma melodia conhecida que a Mathilde e a Manon cantarolam, o clássico "Biquini às bolinhas amarelas", pus a rimar o nosso Sistema Solar, cheio de bolinhas de muitas cores.

Vou ensinar-te os planetas Mathilde
Os grandes astros do Sistema Solar
Às voltas andam à volta do Sol
A nossa estrela que está sempre a brilhar

E são: Mercúrio e Vénus e Terra e Marte
Os primeiros a rodopiar
Jupiter, Saturno, Urano, Neptuno a seguir
Que o Plutão já não é p'ra contar



Tive de referir o planeta com nome do cão do Mickey versão XXL há uns anos banido. A lista não me parece completa sem aquele "ÃO" final.

É muito engraçado ouvir a Mathilde a cantar com grande desenvoltura como se não fosse nem um bocadinho difícil dizer aquilo tudo de seguida sem respirar aos 4 anos e quase meio e com um Ai! Ai! Vou ficar sensacional! entre a estrofe o refrão.

A Manon tenta, atingindo um grau de comicidade bastante elevado, mas anda mais francesa que lusa desde que veio de férias e prefere:

Une souris verte
Qui courait dans l'herbe
Je l'attrape par la queue
Je la montre à ces messieurs
Ces messieurs me disent
Trempez là dans l'huile
Trempez là dans l'eau
Ça fera un escargot
Tout chaud


E com tanta cantoria inventada, elas inventam-na também, desde sempre mas mais ainda à medida que crescem. E a Mathilde já rima e tudo, por vezes de forma espantosamente certinha e nada forçada.

Babo? Sim, muito :)

E comovo-me muito também.

domingo, 28 de setembro de 2008

Que je t'aime, mon papa!


Os pais têm muitos diminuitivos e expressões doces para chamar os filhos.

Os filhos também, para chamar os pais.

Um dos meus preferidos é da lavra da Manon - "PAPA D'AMOUR!"

Amour com o R bem marcado e prolongado, acompanhando a intenção emocionada :)

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Lógica


Mathilde: "Fizemos um jogo, as zebras e os leões. Começava só um leão e tinha de apanhar as zebras. Quando uma zebra era apanhada ficava leão e corria atrás das outras zebras."

Mamã: "E tu foste leão?"

Mathilde: "Não, chegaram a 5 leões mas nunca me apanharam e eu ganhei o jogo!"

Mamã: "Que pinta! Também quero ser assim!"

Mathilde: "Então vem para a minha escola!"

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Meu amor, tão pequenino

De manhã, entre despir o pijama e vestir o vestido...

- Sonhaste Manon?
(Será que ela sabe o que isto quer dizer? Pergunto-lhe há algum tempo e a dúvida permanece apesar das respostas afirmativas.)

- Sim. Com o Thomas.
(O Thomas, claro, talvez ela saiba...)


Pouco depois, a caminho da creche...

- Quélo bincále!
(Sim, o L oriental continua a imperar.)

- Queres brincar Manon?
(Esta mania que os pais têm de repetir as afirmações dos filhos e transformá-las em questões... ou será que são os psiquiatras que fazem isto com os pacientes?... seja como for suponho que um dia receberei como resposta algo do género "Então mas não foi isso que eu disse?")

- Sim. Com o Thomas!
(O Thomas, claro, talvez ela saiba mesmo...)

- Com o Thomas!
(Pronto! Lá estou eu outra vez!)

- Sim, eu gosto do Thomas.
(Dúvidas houvesse!)


À entrada da creche, cruzámo-nos com a mãe do seu príncipe loiro...

- Olha mamã! A mãe do Thomas!

Conversa rápida, conto o inconsciente e o consciente da minha filha numa frase curta, sonhei com o Thomas-quero brincar com o Thomas, e responde-me a mãe:

- Os olhos dele até brilham quando diz Manon!


Tão giros, tão pequeninos... é um gosto este "namoro".

Surprise! Surprise!

Circunstâncias da vida fizeram com que a Princesa Mathilde e o Príncipe António se afastassem este ano nas suas vidas "académicas". Cada um na sua escola nova, deixaram de ser ver todos os dias.

Não há longe nem distância... para quem se quer tanto, Richard Bach meets Ary dos Santos ;) no coraçãozinho dos dois amigos, como se percebeu no domingo.

Nós, os pais, combinámos a surpresa. Surpresa para a Mathilde que o António, na posse do conhecimento secreto, acordou às 7 da manhã a dizer que queria vir logo ter com ela.
Passaram o domingo com um sorriso de orelha a orelha em brincadeiras e jogos e filmes e espectáculos e smarties e gomas e bolo de chocolate.

Parecia que se tinham visto na véspera, cheios de entusiasmo e alegria.



E estão a ficar tão crescidos... é um gosto este "namoro".

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

domingo, 21 de setembro de 2008

Associações livres V


- Sabes em que é que eu trabalho Mathilde?
- Na rádio.
- Bom, já trabalhei na rádio, mas o que é que eu faço todos os dias?
- És médica.
- Sim, médica psiquiatra. Sabes o que é isso?
- É...
- Sou médica da cabeça, da alma, médica da alma, bonito não é? Não achas? Vou passar a dizer a minha profissão assim.
- ... sim... médica... então também te podes tratar a ti.
- Sim, digamos que sim, às vezes.
- Mas onde estão as tuas coisas de médica?
- Não tenho, ou melhor tenho mas não uso, na psiquiatria não se usam estetoscópios e martelinhos de reflexos (só metaforicamente).
- Então o que é que tu fazes?
- Oiço, falo, ajudo a resolver os problemas, várias coisas...
- E os doentes?
- O que têm os doentes?
- Como são? Eu nunca vi os doentes...
- Mas para que queres ver os doentes?
- É que eu gosto mais da Branca-de-Neve.
- Da Branca-de-Neve?
- Sim, nunca vi os anões... como é que são? Eu queria ver...

E de repente fez-se luz!
Por isso há uns tempos, quando se despediu de mim, gritou com ar sorridente:

- Até logo mamã! Trata bem dos anões!!


Doentes - duendes - anões - Branca-de-Neve.
Pois.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Solução pragmática anti-preconceito II


A Manon, devido provavelmente à carga do género, feminino, o dela, à carga genética, materna e também paterna, embora mais materna, eu sei, e à carga ambiental no que ao cerne familiar diz respeito, mãe, pai e irmã, fala que se desunha.

Como passou o verão em ambientes bastante ou totalmente franceses está a passar uma fase francófona. Diz muitas coisas em francês e não poucas vezes começa em português e acaba em francês.

Já conhecíamos esta experiência, a Mathilde passou o mesmo. No entanto a Mathilde teve desde cedo um amor especial pelas palavras, como se lhe desse prazer descorticá-las, decompô-las e recompô-las, articulá-las, uma espécie de encanto ao conseguir pronunciá-las bem, quer numa língua quer noutra e até mesmo quando aprende expressões em inglês.

A Manon é mais trapalhona mas começa a articular-se e contrariamente à irmã que de vez em quando trocava sílabas mantendo no entanto a dicção certinha, a pequenina raramente o faz, a troca, mas para dar um colorido à sua linguagem fala à chinês.

Todos os R's carregadinhos, à francesa, saiem perfeitos, rato, Rita, roer, ramo, rosa... logo em francês nada a assinalar, todas as palavras saiem comme il faut.
A metade lusa complica o discurso, todos os R's à inglesa saiem à chinês, são L's, comêle (comer), male (mar), Malia (Maria), quelo (quero)...

Havia qulaquer coisa de estranhamente familiar nestes L's em vez de R's, qualquer coisa mais do que a dificuldade clássica dos orientais. Em conversa com o Nuno, fez-se luz quando ele observou que ela fala à chinês e à Cebolinha.
É isso! Quer dizer, não é isso porque os R's RRRR ela diz e o boneco dos 5 cabelos não, mas percebi esta estranha memória mal definida de já ter pronunciado coisas semelhantes, foi ao ler os livros do Maurício que guardo religiosamente e que adoro ir rever de tempos a tempos.

Portanto apesar da localização da recordação, ela não se aplica na totalidade e a Manon fala mesmo é à chinês.

Parece que a coisa vai desaparecendo até aos 3 anos e já se começa a ouvir a mudança, há lá um R ou outro enroladinho que já sai redondo.

Há uns dias manifestei uma discreta apreensão ao papá, dizendo-lhe que esperava que passasse a mutação que a pobre 18ª consoante (que isto agora o K já entra) sofre na boca da Manon saindo como se da 12ª se tratasse e ele responde-me com o ar tranquilo que o caracteriza:

"C'est pas grave, elle parlera en français."

Claro, ;)

B-A BA


A Mathilde mudou de escola há exactamente uma semana.
Anda contente, cheia de de importância, está na escola dos grandes, cheia de entusiasmo, está na escola dos grandes, cheia de independência, está na escola dos grandes, cheia de expectativas...

- Ó mamã! Ainda não foi hoje que aprendi a ler!! Papa! Quand est-ce que je vais apprendre à lire?

... afinal está na escola dos grandes, não é?

Porquês?



- Mamã, porque é que a sombra não tem olhos e nariz e boca?

(Mathilde - Agosto/2008)

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Associações livres IV

No bar...

Papa: "Mathilde, veux-tu un jus d'orange pressée?"

Mathilde: "Oui papa, mais je ne suis pas pressée!"

E novamente o riso consciente do jogo das palavras :)

Associações livres III

À mesa, perante um prato de bife com esparregado...

Papa: "Mathilde mange le vert s'il te plaît!"

Mathilde (segurando no copo com água): "Le verre? Je mange le verre?"

E desata a rir, piadista de metro e pouco :)

sábado, 13 de setembro de 2008

Dígitos

Estavamos ontem a almoçar com a Mathilde e a vovó quando o restaurante parou ao som do "Parabéns a você" dedicado a um senhor de barba sentado na mesa ao lado.

A Mathilde bateu palmas, a canção é sempre motivo de alegria, e inclinando-se para apreciar o soprar das velas comentou com ar espantado:
- 2 anos? Mas como é que ele faz só 2 anos?

(Eu que sempre reclamei o número de velas correspondente ao aniversário em questão, ainda que tal implique uma fogueira a cobrir 2 kg de bolo e que se demore um quarto de hora a acender as muitas todas, não posso estar mais de acordo. Duas velas?, não se percebe!)

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

My first day at school

A Mathilde mudou de escola. Ontem foi o primeiro dia, numa escola grande, muito grande.
Não me recordo bem do meu primeiro dia no mundo dos anos lectivos mas lembro-me do regresso às aulas todos os Outonos e do prazer do cheiro dos cadernos, dos livros, dos estojos cheios de borrachas e lápis.
Lembro-me das folhas a cair e do tempo a tornar tudo dourado, caqui, avermelhado, aquelas cores outonais que me encantam, as aulas começavam bem mais tarde, em Outubro e muitas vezes no final do mês, a estação estava equinocicamente instalada.

O Outono, porém, não é a minha estação. Apenas as cores e o cheiro dos livros.
A mudança de hora, as folhas a cair carregando com elas um simbolismo murcho aplicável à condição humana, os dias a encolherem até ao solstício de Inverno, a antecipação de meses de frio e chuva e trabalho, criam um cenário que não me apraz por aí além.
Como optimista de serviço pessoal e da humanidade posso, e faço-o, olhar para o Outono como a curva descendente para um final de ciclo, natural e necessário, centrar-me no bonito tapete que as folhas caídas tecem, no som dos passos sobre elas, no cheiro a terra molhada, no recomeço empreendedor após o retiro estival e, no entanto, reafirmo, o Outono não é a minha estação. No combóio calendarizado eu saio no Verão e se o combóio não pára eu salto em andamento.

Só que este ano a Mathilde mudou de escola e ontem foi o primeiro dia. Na véspera fomos comprar o "material" pedido e eu mergulhei na infância e a minha amígdala temporal (o centro da memória emocional) andou aos pulinhos de alegria por entre cadernos e lancheiras, e o Outono foi ontem o meu destino amado, apesar de ainda ser Verão.

O dossier que ela escolheu foi, pois claro, um com todas as princesas Disney vestidas de dourados e mais dourados. É bem bonito mas, para grande pena dela, demasiado pequeno e depois da escola, a pedido da proprietária e com a ajuda deste querido e dotado Senhor, resolvemos o assunto assim:






É o dossier mais giro e personalizado que ela já teve, o seu primeiro efectivamente pré-escolar, que um dia valerá milhares no ebay ;)
Escreveu orgulhosamente o seu nome na lombada.


Hoje, depois da escola, comentou entusiasmada: "O dossier ficou na minha sala, disseram-me que era muito giro!"

Chamo a atenção para a dragona de saltos altos, para o poney-porco ao lado da princesa a saltar num trampolim e para a ausência de asas da abelha que as deixou em casa, tudo a pedido da Mathilde.
Nunca me canso de ver o Nuno a desenhar, é de se ficar de com expressão de peixe fora de água, "Nuno faz-me uma sereia!" e ele faz, "Nuno faz-me a Stitch!" e ele faz, é impressionante!, tudo a traço preciso e imediato, sem espinhas, sem borrões, sem remendos, tudo como se já lá estivesse e ele só sublinhasse.

Obrigada Nuno!! Beijinhos da Mathilde, mais uma vez!!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Que c'est bon les vacances!!


Foi a nossa bela semana de férias, em Nabeul na Tunísia.
Estivemos como gostamos: 37 graus, humidade upa! upa!, água a 28/29 (mais quente que a da piscina!!!). Andava tudo a cair de calor e nós 4 "Está bom assim!".

A Mathilde nada como ela é, graciosa, emergindo como num anúncio de Champô :), não pára de progredir na sua relação com a água, copiada orgulhosamente pela mana.
Voltou a dançar nos espectáculos, os seus momentos preferidos das férias,






escreveu o seu nome em árabe, brincou com muitos amigos novos, "jogou ténis", pintou a cara, comeu rebuçados e descobriu a coca-cola e o ketchup.
Estas 3 últimas novidades alimentares eram dispensáveis e aconteceram no miniclub. Quando ela chegou anunciando que gostava de coca-cola suspirámos e iniciámos o discurso moralizador sobre os danos que a bebida que mudou a cor ao Pai Natal pode provocar. Parece-me que conseguimos que ela, em momentos de desejo súbito por este líquido que borbulha, opte por água com gás que pica igualmente e não vem carregada de açucar, cafeína e outros ingredientes secretos que desenferrujam pregos, limpam casas de banho e outras coisas fantásticas que circulam pela net. Coca-cola, ok, mas talvez mais tarde, se faz favor.
O ketchup não teve grande êxito uma vez que ela não liga a batatas fritas, só às de pacote (vá-se lá entender isto!), e os rebuçados, depois de um engasganço que eu tentei evitar estes quase 4 anos e meio, estão em stand-by. Gomas e gomas! Tudo bem. Rebuçados, lá chegaremos.

A Manon voltou a falar uma salada luso-francesa, passou horas dentro de água, dançou muito, aprendeu canções novas, fez pinturas e mascarou-se de palhaço, surpresa que muito nos fez rir porque passamos a vida a dizer que ela é um palhacinho e a Mathilde afirmou várias vezes a propósito dos espectáculos que ela iria fazer de "petit clown".





A grande novidade foi que as manas dormiram na mesma cama e a Manon parece ter adorado porque reclamava a "Tildas" à hora do João Pestana.

Foi muito bom e voltei com a imensa vontade de partir novamente. Hoje a Mathilde sentou-se entre o pai e o computador e perguntou olhando para o écran "On va où maintenant?"

domingo, 31 de agosto de 2008

"Kiffer"

- Je te Kiff Tildas!
- Moi aussi, je te Kiff Manon!





terça-feira, 12 de agosto de 2008

Pauzinhos ao sol


Esqueci-me de mencionar, há já umas semanas, que as manas M & M gostam de caracóis, dos bichos, de os comer, com aquela molhanga toda e os palitinhos, e lambem os dedos a seguir.

Sei que as crianças não vêm de fábrica com os preconceitos e pré-juízos/prejuízos dos adultos. São os adultos que lhos oferecem, gentilmente ou não, entre cada colher de papa. Não deixa porém de me surpreender vê-las comer deliciadas aqueles moluscos terrestres que enojam tanta gente.

Eu adoro caracóis. Conta-me a minha mãe que sempre assim fui, desde tenra idade, amante deste molusco terrestre. Também adoro amêijoas, em representação do lado marinho do filo Mollusca, o segundo maior em termos de diversidade de espécies (o primeiro é o dos Artrópodes, os que nos sobreviverão quando o mundo acabar, eles e o Mick Jaegger).

Talvez afinal este chip "gostar de moluscos gastrópodes de concha espiralada calcária pertencentes à família Helicidae em azeite, cebola, alho, louro e oregãos" tenha vindo incluído de fábrica, pronto, I rest my case.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A princesa bailarina

Não sou da geração Barbie. Nunca tive uma Barbie. Nunca quis ser loira. Nunca quis um loiro (embora me tenha calhado um ou outro nas rifas das quermesses desta vida).

Tive uma Tucha, uma Nancy e uma Cindy, todas bem morenas e com cabeças desproporcionalmente grandes tendo em conta o corpo.
Todas elas ainda vivem cá em casa, agora numa gaveta do quarto da Mathilde, de onde saiem para ir às compras, mudar de roupa, tomar café, ser raptadas por gigantes e depois salvas por fadas e príncipes, etc...
Têm como companheiras a Branca-de-Neve, a Aurora, a Cinderela, a Ariel e todas as outras princesas Disney, respectivos cavaleiros andantes, anões, cães, peixes e tudo o que a indústria do brinquedo se lembrou de inventar relacionado com os filmes que a Mathilde e a Manon adoram.
Na gaveta, é uma grande gaveta, estão também todas as fadas e fadinhas e sereias e afins que a Barbie criou nos últimos anos. E não me incomoda nada.

Acho que finalmente a Barbie descobriu uma forma mais adequada de se dirigir às crianças sem ser apenas com, e perdoem-me os discordantes que eu até acho que a futilidade não faz mal a ninguém e que não se pode passar a vida em profundidades sobre o sentido da mesma que eu bem sei o que isso é e peremptoriamente o afirmo - É UM CANSAÇO!-, futilidades sobre roupas e maquilhagens e cabelos e engatar os Kens deste mundo.

A Barbie agora é atriz (se calhar já era antes e eu não sabia, que o meu preconceito anti-barbie não mo permitia, o que nos fazem os filhos!, cedemos a tudo mais cedo ou mais tarde) e assim protagoniza uma série de filmes fantásticos - Rapunzel, A Princesa e a Aldeã, O Pêgaso Mágico, O Quebra-nozes, etc.

O primeiro que a Mathilde viu e até hoje prefere é "As 12 princesas bailarinas".
Um amigo disse-me, um dia, que todas as meninas querem ser bailarinas.
Eu nunca quis, mas eu nunca tive uma Barbie;)
Apesar de ter querido uma já adulta, uma Barbie Baywatch para pôr na banheira, ideia que roubei a uma amiga londrina de uma amiga de outra amiga que me contou. Nunca cheguei a comprá-la mas ainda não perdi a esperança.Devo aliás estar mais perto disso que antes porque a minha tolerância à Barbie cresce de dia para dia e também eu gosto dos filmes, são bonitos, são perfeitinhos e agradáveis à vista.

A Mathilde adora e até se veste a rigor para nos "fazer espectáculos" cantando a melodia do filme e rodopiando pelo quarto.
A Manon imita-a em tudo mas num estilo mais street dance;)


E cá está novamente o "pézinho", desta vez protagonizado pela Mathilde.