quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Feliz Ano Novo! Que todos os anos vindouros sejam SAUDÁVEIS!!!!

Tive um incidente de percurso há uns dias.
Um mal asmático levou-me à porta do “Vou e não sei se volto porque apenas Jesus ressuscitou ainda que tal afirmação não seja consensual e para cúmulo do desencontro de interesses estamos no advento e parece 6ª feira santa.”
Não se percebeu bem o motivo, o certo é que foi por um triz, cheguei à urgência em paragem respiratória. Sem dourar a pílula, quase morri, “mais um bocadinho e isto corria mal!” como me disseram.

Tenho asma, depois de velha; provavelmente insinuou-se durante a minha segunda gravidez mas desde que diagnosticada há menos de dois anos nunca mais me tinha dado grande sinal da sua pertença à minha pessoa.

Quando a descobri tive uns minutos de infelicidade. O bem que mais prezo desde que me lembro de mim é a saúde e peço-o sempre em cada início de ano e ao longo dele. Sou médica porque detesto doenças e logo tinha de me calhar uma crónica. Sou psiquiatra e logo me tinha de calhar uma psicossomática.
Recordo a pneumologista que leu o meu pensamento sem me conhecer e me ordenou que parasse com ideias da psiquiatria porque “gravidez + rinite alérgica + dois anos e meio sempre infectada + um otorrinolaringologista que insistia que era do nariz sem tratar dos fenómenos de broncospasmo que nem eu dava conta nem ele sequer questionava + racionalizações como “É natural que estejas cansada, tens duas miúdas pequenas, trabalhas muito…” que não me satisfaziam porque aquele cansaço me dizia que algo de patológico se passava = PROCESSO INSTALADO”.
Resumindo, Se me tivessem tratado como eu pedi, sugerindo vezes sem conta recorrer a um pneumologista porque não podia ser normal aquela sensação de fadiga extrema e permanente com infecções recorrentes numa periodicidade mensal e nos últimos mais de 3 meses pré-diagnóstico sem intervalo livre, não havia asma.
Com “Se’s” fazia-se um mundo novo.
Assim, a doença chegou, gostou, e ficou.

Decidi então que a asma era minha, tão minha como o fígado, um olho, o cerebelo ou um artelho. Tratá-la-ia pois como todo o amor e carinho, seria a sua melhor amiga, ela não se sentiria rejeitada e viveria em equilíbrio dentro de mim e comigo. E assim foi. Rapidamente melhorei e sem medicação fiquei. E o cansaço desapareceu. Passei a cansar-me como as pessoas normais, como antes, como me lembrava da vida.

A quando do diagnóstico, no final de Fevereiro de 2008, descobri que ter vocação para vítima pode dar jeito, por vezes, e aquela teria sido uma delas porque se tivesse puxado mais pelo meu mártir escondido e rejeitado teria pedido ajuda mais cedo.
No entanto, dou-me conta que repeti a proeza, provavelmente por esquecimento desse ensinamento, Freud dizia que quem não recorda está condenado a repetir, não que eu adore o Mestre Sigmund mas o certo é que sábado, dia 19 de Dezembro de 2009, aos 39 anos e 5 dias, idade mais que suficiente para ter juízo, mais uma vez, com esta mania de psiquiatra, achei que não devia ser assim tão grave e que o meu mal era estar ansiosa, se bem que ao deitar eu estava longe de tal emoção. Uma amiga, também psiquiatra, dizia-me a esse propósito “ Há pessoas que estão a ter um ataque de pânico e acham que estão a morrer. Tu estás a morrer e achas que estás a ter um ataque de pânico”. Sendo que nunca tive ataques de pânico, devo ser mesmo é parva.

Este Outono, pela primeira vez comecei a respirar contra uma resistência, cada vez maior, e apesar dos ajustes de medicação cada vez mais elevados, dois dias depois do meu aniversário tive a primeira crise e mais outros três a segunda que quase foi a última.


A idade traz muitas coisas boas e menos boas. Uma das que se inclui na segunda categoria é o confronto permanente com a nossa fragilidade e mortalidade.
São amigos que adoecem, amigos de amigos, próximos que morrem, próximos de próximos, todas as semanas recebemos notícias mais ou menos chegadas. São exames de rotina que aumentam em número e frequência, são suspeitas desta ou daquela doença, a nossa mortalidade paira por ali.
Mas é algo num plano não imediato, está lá, como sempre esteve, vai acontecer um dia, lá mais à frente.

Por oposição, o que se passou naquele momento daquela noite de sábado foi “Eu vou morrer, agora.”, o plano não podia ser mais imediato e não havia lá mais à frente.

E não vi túnel, nem luzes nem a minha vida em retrospectiva. Vi tudo preto, deixei de conseguir ligar o pensamento ao discurso não percebendo como é que as palavras estavam a sair, deixei de conseguir falar, de sentir as mão e o equilíbrio vacilou. O ar não entrava, não descia, nada, tudo fechado.
Não senti tranquilidade nem anestesia, senti angústia que fisicamente não é possível dissociar da falta de ar.

Não pensei que queria viver, como me disse a minha mãe depois, só conseguia pensar que não queria morrer, com 39 anos e 5 dias, e deixar as minhas filhas e o meu marido. O meu cérebro baralhou-se com este "Não". O cérebro funciona melhor com ordens no positivo e angustiou-me ainda mais.

Não dei mais valor à vida porque o dou todos os dias e o penso constantemente, no privilégio que é viver como vivo, onde vivo, com quem vivo, ter a minha vida.

Não sou medrosa, antes pelo contrário, e nunca tinha tido tanto medo. Assustei-me, muito.
Passaram-me pela cabeça todos os doentes com mal asmático que vi morrer em bancos de urgência e, apesar de me assegurarem que tudo ia melhorar, também me preveniram que há bastantes casos fatais em médicos porque acham sempre que se pode esperar e chegam tarde demais. Sou mesmo parva e pelos vistos outros parvos me acompanham.

Não sou dramática em doses visíveis, sou mais Joy to the World e absolutamente optimista e, no entanto, produzi todo um filme de despedida, percebida naquele momento, dos meus amigos e família nos dias que antecederam a crise.
Porque comemorei em grande 39 anos? Porque não chegaria aos 40, claro.
Lembrei-me de frases que tinha ouvido nessa tarde a propósito de secar contas através de levantamentos em caixas automáticas como “As pessoas morrem sempre ao fim-de-semana.”.
Lembrei-me de pendentes que quero resolver e que não poderia fazê-lo.
Lembrei-me da minha mãe e não sei porque carga de água ela estava sempre vestida de branco.
Lembrei-me do Xavier que é o melhor homem que eu conheço.
Lembrei-me da conversa ao deitar com a Mathilde, de uma série de coisas que lhe disse pela primeira vez, pareciam recados.
Lembrei-me que não me tinha despedido da Manon da mesma maneira.
E tudo me parecia triste e derradeiro.
Por mais que tentasse afastar estes pensamentos, eles não iam embora. Nem a dificuldade respiratória.

Foram 3 dias de internamento no SO de agudos a secar lágrimas porque o choro agravava a dispneia até poder soluçar sem que tal acontecesse.

Li um livro daqueles espessos durante o último dia, “Quem quer ser bilionário” onde Ram Mohamed Thomas imaginava a mãe vestida de branco e espantei-me.
Sonhei com pinguins a fazer acrobacias no ar, a planar todos agarrados uns aos outros em círculos num fundo laranja de pôr-do-sol e quando cheguei a casa, no dia seguinte tinha na caixa do correio uma agenda cor-de-laranja 2010 com os mesmos pinguins símbolo de um antidepressivo, a vida tem realmente muita graça, ainda bem que não morri.

Saí de lá com hematomas e equimoses das múltiplas picadas que me transformaram num regador e que agora vão desaparecendo. No primeiro dia nem as senti.

Bati muito depressa porque os cocktails de aerossóis aceleravam-me o coração.

Perdi mais de 3kg apesar dos corticóides.

Ganhei mais cabelos brancos.

Decidi que me vou ralar ainda menos com muitas coisas.

Tive 8 tubos ligados a mim para múltiplas funções, de registo e de porta de acesso.

Escrevi muito, no hospital vivem-se e testemunham-se cenas espantosas. Um dia passo tudo a limpo, do caderno escrito a carvão para um formato digital e chamo-lhe “O dia em que sobrevivi”.

Nunca tinha estado numa maca com doentes muito mal à minha volta. Não me incomodou. Ter trabalhado entre as macas deixa defesas.

Não tinha saudades. Não tenho saudades.

Não me faz falta, o hospital.
Nem um assado destes.

Quase morri.

Mas voltei a tempo do Natal, para pôr a mesa, porque este ano comprei enfeites para a mesa.

Foi um bom Natal, com as pequenas felizes e os grandes aliviados e felizes também.
Estou ainda muito longe da normalidade e pouco serena pois as melhoras são parcas.
Tenho tempo, espero, e paciência, agora que já pus a mesa de Natal e que me descanso pela casa, sem saber bem quando recomeçará a vida como me lembro dela e porque me aconselharam, nem me atreveria agora, a não viajar e lá anulámos a nossa ida de fim de ano que duraria um bela semana de novo no vale dos castelos com ida à cidade das luzes, ver precisamente as luzes de Natal. Tenho muita pena, sobretudo pelas meninas que estavam entusiasmadíssimas com a viagem.

Tenho 10 medicamentos diferentes que vou fazendo ao longo dos dias.
Durmo com 4 almofadas e estou a aprender a respirar com ginástica.
Pretendo ir a todas. Homeopatia, acupunctura, massagens e à bruxa.

Apanhei o susto da minha vida.
Mas voltei a tempo do Natal, vivinha de Vasconcelos, a respirar, ainda que mal, e apta a pôr, ainda que devagar, a mesa do Natal porque este ano comprei enfeites para a mesa.

A Manon teve febre nos 3 dias em que não estive.

O Xav adoeceu com uma gripe que ele descrevia como estar na auto-estrada toda a noite com camiões a rolarem por cima dele.
Pôs a minha aliança no dedo mindinho ao lado da dele e dormiu do meu lado da cama.

A Mathilde gritou-me saudades e não disse mais nada na tarde do meu regresso. Na manhã seguinte foi enfiar-se na minha cama e confidenciou-me que teve medo que eu não voltasse mais porque achava que eu tinha morrido. Agarrou-se a mim e desatou a chorar.



Menino Jesus, eu este Natal, queria um presente diferente, diferente...

O que eu quero é que tu me permitas viver saudável com o meu Xavier também saudável e ver as minhas filhas crescerem, muito, sempre saudáveis, terem filhos e eles crescerem, muito, sempre saudáveis, e se puder ainda ver mais outra geração a seguir olha!, era um brinde do bolo Rei que garantidamente valorizarei e guardarei com cuidado, como sempre.
Não me importa com muito mais, como tu sabes aliás, o que eu quero, sem dúvidas, é que as minhas filhas e o meu amor estejam bem e que eu possa estar igualmente bem e com eles.
Lembras-te quando a Mathilde estava para nascer e que eu pedia apenas que ela tivesse saúde? E depois a Manon também? E que quando converso com o meu Anjinho da Guarda falo sempre disso e mando recados aos anjinhos da guarda delas e do Xav?
É pois isso que eu quero este Natal.

Não quero ver o meu marido metaforicamente atropelado por camiões, a Manon com febres vespertinas quando a mãe não volta e a Mathilde aflita mesmo que a explicação tenha sido suave.

Por isso, Menino Jesus, eu este Natal queria um presente diferente, diferente…
Queria o que o Ano Novo fosse cheio de saúde, pode ser?


A união faz a força ou Unidos venceremos ou Lições de moral ou Moral da história.

As histórias, fábulas e contos são muito importantes na infância. Ajudam ao desenvolvimento da personalidade e identidade, sublimam e desdramatizam conflitos e problemas, exorcizam fantasmas, permitem à criança comunicar emoções, confrontar-se com medos e dúvidas, são uma ferramenta lúdica e muito importante no crescimento.

Todos temos a nossa história preferida. E até a podemos contar na primeira pessoa, escolhendo ser a personagem que mais nos agrada.

A primeira vez que trabalhei este tema das histórias, quando me pediram a minha, a que logo me ocorreu foi a Parábola dos sete vimes.

Não que sequer me lembre de “Os meus amores” de Trindade Coelho mas porque na primária a minha mãe comprava-me cadernos com uma ilustração na capa e a respectiva história na contra capa e esta história era uma delas. Guardei esses cadernos todos e quando tiver oportunidade hei-de ir buscar a história da minha vida.


Parábola dos sete vimes


“Era uma vez um pai que tinha sete filhos. Quando estava para morrer chamou-os todos sete e disse-lhes assim:
– Filhos, já sei que não posso durar muito: mas antes de morrer, quero que cada um de vós me vá buscar um vime seco, e mo traga aqui.
– Eu também? – perguntou o mais pequeno que só tinha quatro anos. O mais velho tinha vinte e cinco, e era um rapaz muito reforçado e o mais valente da freguesia.
– Tu também – respondeu o pai ao mais pequeno.
Saíram os sete filhos; daí a pouco tornaram a voltar, trazendo cada um o seu vime seco.
O pai pegou no vime que trouxe o filho mais velho, e entregou-o ao mais novinho, dizendo-lhe:
– Parte esse vime.
O pequeno partiu o vime, e não lhe custou nada a partir.
Depois o pai entregou o outro ao mesmo filho mais novo, e disse-lhe:
– Agora parte também esse.
O pequeno partiu-o; e partiu, um a um, todos os outros, que o pai lhe foi entregando, e não lhe custou nada parti-los todos. Partindo o último, o pai disse outra vez aos filhos:
– Agora ide por outro vime e trazei-mo.
Os filhos tornaram a sair, e daí a pouco estavam outra vez ao pé do pai, cada um com o seu vime.
– Agora dai-mos cá – disse o pai.
E dos vimes todos fez um feixe, atando-os com um vincelho. E voltando-se para o filho mais velho, disse-lhe assim:
– Toma este feixe! Parte-o!
O filho empregou quanta força tinha, mas não foi capaz de partir o feixe.

– Não podes? – perguntou ele ao filho.
– Não, meu pai, não posso.
– E algum de vós é capaz de o partir? Experimentai.
Não foi nenhum capaz de o partir, nem dois juntos, nem três, nem todos juntos.
O pai disse-lhes então:
– Meus filhos, o mais pequenino de vós partiu sem lhe custar nada todos os vimes, enquanto os partiu um por um; e o mais velho de vós não pôde parti-los todos juntos; nem vós, todos juntos, fostes capazes de partir o feixe. Pois bem, lembrai-vos disto e do que vos vou dizer: enquanto vós estiverdes unidos, como irmãos que sois, ninguém zombará de vós, nem vos fará mal, ou vencerá. Mas logo que vos separeis, ou reine entre vós a desunião, facilmente sereis vencidos.
Acabou de dizer isto e morreu – e os filhos foram muito felizes, porque viveram sempre em boa irmandade ajudando-se sempre uns aos outros; e como não houve forças que os desunissem, também nunca houve forças que os vencessem.”


Comprovei esta parábola experiencialmente várias vezes em circunstâncias variadas.
Choro sempre quando leio esta história em voz alta. É a história da minha vida, que começou na infância e toca na minha menina cá dentro.

Não tenho sete filhos, tenho duas filhas, e tento passar-lhes esta mensagem.
Quando as vejo a brincar juntas, cúmplices, muito amigas e a conspirarem contra nós, sinto-me feliz.


(Quando andam às turras apetece-me sacudi-las e desatar a pregar moralidades mas tento deixá-las resolver as querelas entre elas, rima porque é verdade, mas quando, de vez em quando, acaba cada uma a choramingar agarrada a uma das minhas pernas, quase sempre não se livram da lição de moral e acabo a pensar “Estou a ficar igual à minha mãe”;):D)






































We'll always be together! (É o meu desejo, da minha história, da minha infância, da minha vida.)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

The horse whisperer

Desde (mais) pequenina que a Mathilde gosta de cavalos.
De quando em vez vai dar uma voltinha.
Há um mês levou a Manon que quis ir com ela no mesmo cavalo.





















Ontem começou um pequeno estágio de equitação e regressou a contar acrobacias, para mim, na ordem das artes circenses.
E anda em pé em cima do cavalo e roda e deita e troca de lado e anda de joelhos e equilibra... Quê??























Hoje já galopou e tudo.
Em menos de uma hora, uma catraia 5 anos anda a cavalo como se ela e o cavalo fizessem um, sem medo nenhum, elegante, a adorar, agradecendo sempre com festinhas à Dália, a égua.

O professor disse ao papá que é raro ver crianças tão pequenas com tanto à vontade e jeito. Estou encantada, de lágrima ao canto do olho.

Os pais investem sempre, de uma ou outra forma, narcisicamente nos filhos e têm alguns desejos secretos de lhes proporcionarem oportunidades que eles não tiveram por este ou aquele motivo.
Desde miúda que quero aprender a montar. Vê-la em cima de um cavalo enche-me de alegria.























Um da destes vou com ela. Sussurrar ao ouvido da Dália "Dália, a galope!"

domingo, 27 de dezembro de 2009

sábado, 26 de dezembro de 2009

Natal XIV (ou Ai o alemão*! II)

... e para a mana mais nova também...





"26/12/2009

Manon chérie,

Hier, j’étais tellement pressé que j’ai oublié de te laisser ces petits cadeaux que ta marraine m’a commandé pour toi.

Je te fais un gros bisou et je te remercie encore pour la sucette.

Papa Noël


Ps – Adorei o teu desenho !"




*o alemão é o mesmo, claro

Natal XIII (ou Ai o alemão*!)


É Natal alegrem-se as crianças que o Pai Natal voltou porque se esqueceu de umas coisinhas com a pressa...

... para a mana mais velha...

"26/12/2009


Querida Mathilde,

Ontem com a pressa esqueci-me de deixar estes presentinhos que a Patrícia me encomendou para ti.

Um beijinho grande


Pai Natal

Ps – Adorei o teu desenho!"


*o alemão

Natal XII

... e para a mana mais nova também...







"25 Décembre 2009


Jolie Manon

Je suis très content parce que tu m’as donné ta sucette !
Tu es uns petite fille super- forte !!

Je te laisse plein de cadeaux que tu m’as demandé, quelques-uns de la part du Petit Jésus, et encore d’autres que ton papa, ta maman, ta mamy, ta vovó, et des amis m’ont demandé de t’amener.

Je suis très fière de toi Manon, ma belle boucles d’or.

Merci beaucoup pour la sucette !

Gros Bisous

Papa Noël"

Natal XI

É Natal alegrem-se as crianças que o Pai Natal voltou com montes de lembranças.

...e resposta para a mana mais velha...





"25 de Dezembro de 2009

Querida Mathilde,

Muito obrigado pelo leite e bolachas com pepitas. Soube-me muito bem esta ceia a meio da minha viagem às casas de todos os meninos do mundo.

Ontem vi que os teus pais te deram a DS que tu querias e fiquei muito contente porque a emprestaste à tua mana Manon.

Deixo-te muitos presentinhos, uns que pediste, outros que os teus pais pediram para ti, outros que a tua vovó e a tua mamy também pediram para eu te trazer e ainda outros que amigos me encomendaram para te dar.

O Menino Jesus acrescentou mais uns e no final juntei outros tantos meus porque acho que és uma menina fantástica e te portaste muito bem este ano.


Um beijinho muito grande

Pai Natal"

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal X

Last but not least, no sábado, a festa da Expressão Dramática da Mathilde, cujo tema foi "O Rudolfo", a rena do nariz vermelho brilhante que guiava o trenó do Pai Natal em noites de nevoeiro.
Muito divertido!




























E de festas das Manas M & M ficámos servidos:D

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Natal IX

Mais uma voltinha, mais uma viagem!
Sexta-feira, a festa da Manon.


























Uma peça bem engraçada em que ela cantava uma versão portuguesa de Let it snow.


Vai nevar

Ai o tempo tão frio lá fora
Mas em casa há calor agora
E nós p'la janela a olhar
Vai nevar! Vai nevar! Vai nevar!

Há um belo bolo bom na mesa
E uma vela bonita acesa
É o Natal a chegar
Vai nevar! Vai nevar! Vai nevar!

Quando logo ao dizer "Boa Noite"
Com vontade de adormecer
Volta a neve a cair lá fora
E o dia quase a nascer.

Acordamos e continua
Muito frio a viver na rua
E o dia nasce a cantar
Vai nevar! Vai nevar! Vai nevar!



Apesar de ser supostamente surpresa, a nossa loirinha fartou-se de ensaiar cá em casa nas semanas anteriores à festa, de tal forma que acabei por lhe ensinar também a versão original que ela pronuncia de forma invejável e me faz sorrir muito sempre que a oiço.
Até diz mais facilmente frightful que belo bolo bom.
... Eu também.

Natal VIII

Seguiu-se na quinta-feira, a festa da escola da Mathilde.

A cena em que ela entrava era uma espécie de Joy to the World, venham todos os povos da terra, The Lord is come.
A origem da sua personagem era o Oriente e com ela havia meninos dos 4 cantos do mundo e das outras partes redondas também.










Vestido dourado, sombrinha laranja, iluminada com luz dourada, bem amarela de facto, apesar de eu ter ido desencantar o pó de talco da Maria Antonieta e lho ter posto em barda mais ao estilo geisha que ao estilo chinês.

聖誕快樂

Natal VII

A semana passada foi a semana das festas de Natal.

Começámos na terça com a festa do ballet da Mathilde.
É sempre um prazer vê-la "actuar":) A nossa petit rat de l'Opéra.



Natal VI



E para a mais pequenina apenas em francês, correspondendo à carta dela.

"Manon chérie,

J’ai adoré ta lettre.
Tu es une petite fille très gentille, très douce et très jolie.

Je sais que maintenant tu sais écrire ton prénom et que tu as appris à le faire toute seule. Tu es très intelligente aussi !

Je t’ai vu chanter et danser à la fête de Noël de ton école. Tu étais très belle avec tes couettes et tes pigasses maquillées.

Je sais aussi que tu es allée voir Rita, la docteur dentiste, et qu’elle a découvert que tu as une dent cassée. Il faut faire très attention pour ne pas qu’elle tombe avant le temps et aussi bien laver tes dents pour avoir toujours ton beau sourire et ton rire que sont comme des rayons de soleil ou des étoiles filantes.

Je ne sais pas si tu te souviens mais, il y a deux ans de ça, quand ta grande sœur Mathilde avait ton âge, je lui ai demandé sa sucette parce que je fais collection de sucettes, j’ai un sapin plein de sucettes de tous les petits du monde entier.
J’ai celle de ton papa, celle de ta maman et comme Mathilde m’a très gentiment donné la sienne, il me manque que la tienne.

Peux-tu, jolie boucles d’or, me faire cadeau de ta sucette ?
Je la pendrai à coté de celle de ta sœur sur mon sapin.


Je vais essayer de t’amener les cadeaux que tu m’as demandé. Il y a quelques-uns que j’ai du mal à trouver mais je t’amènerai d’autres en revanche, d’accord ?



Je demanderai à Mathilde de partager sa DS, si jamais ton papa et ta maman lui font ce cadeau, mais toi aussi, il faut que tu partages tes cadeaux avec elle. Comme ça c’est plus fun et vous pouvez jouer toutes les deux.

Je t’aime beaucoup ma petite Manon.
Tu es très belle et crescida !

Je te fais des gros bisous.

Joyeux Noël !!


Papa Noël

Ps – pour la sucette, mets-la dans une petite boite sous le sapin, s’il te plait."

Natal V


Chegaram finalmente as respostas do Pai Natal!

Para a maior, usando a salada de línguas com que ela lhe escreveu.

"Querida Mathilde,

Adorei a tua carta! E gostei sobretudo porque a escreveste tu com a tua letra. Adorei o teu desenho também!
Tu es très douée pour le dessin!
Je t’ai vu à la fête du ballet, et qu’est-ce que tu danses bien ! Tu es très douée pour la danse aussi !
Après, je t’ai vu habillée en chinoise à la fête de ton école et qu’est-ce que tu étais belle !
Et, finalement, je t’ai vu à la fête de Artimanhas, da Expressão Dramática e que gira e divertida que estavas na festa do Rudolfo, a minha rena favorita com o seu nariz vermelho brilhante. Tens muito jeito para o teatro também e ouvi dizer que vais dançar hip hop? Vais gostar de certeza!

Fiquei muito orgulhoso quando soube que já lês algumas palavras e que leste o livro da tua mamã quase todo. BRAVO!! Fico mesmo contente. Vais ver que vais aprender a ler muito depressa porque és muito inteligente.

A Fada do Dentinho e o Ratinho também me contaram que já te caíram 4 dentes e que te têm deixado ora uma prenda, ora dinheiro que tu administras muito bem.
Très, très bien Mademoiselle Mathilde!!
Tu es une fille très bien élevée, très douce, très gentille, très intelligente et très, très belle. Je suis très, très, très fière de toi ! Et je sais que ton papa, ta maman et ta petite sœur Manon le sont aussi.

Manon t’adore, tu sais ?
Il faut que tu partages tes cadeaux avec elle. Também lhe disse, na carta que lhe escrevi, para fazer o mesmo e partilhar os presentes dela contigo. Mesmo a DS, se os teus pais ta oferecerem, ok linda Mathilde?

Os teus pais adoram-te e acham que tu e a tua mana são as meninas mais fantásticas que conhecem.

Porta-te bem, sê boazinha e estudiosa para aproveitares a tua inteligência e um dia se calhar seres Professora dos pequeninos como dizes que queres ser, ou quem sabe professora acrobática ou de ballet, ou o que quiseres para estares feliz.


O Menino Jesus adora que fales com ele e o Anjinho da Guarda também. A Maria também manda beijinhos.
Ah! O Menino Jesus falou-me do Nenuco cabeleireiro. Ando a ter dificuldades em encontrar a boneca mas se não for desta vez, pode ser que nos teus anos o encontre e mando pelo correio como tu sugeriste.
De qualquer das formas vou tentar trazer-te o que me pediste e até vou juntar mais uns presentes que julgo tu vais gostar.

Adoro-te querida Mathilde!
Muitos beijinhos

Feliz Natal!
Pai Natal

Ps – fico à espera do leite com chocolate quente e das bolachas :)
Muito obrigado!"

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Natal IV

O TPC alusivo à quadra, da Mathilde.



Sem transmissão de purpurinas na escola.

Natal III

O TPC alusivo à quadra, da Manon.



Mais simples do que o anterior ;)
E fonte de alegria para a Manon e uma amiga, na escola, a quem ela ensinou (porque a Mathilde lhe tinha ensinado antes) a esfregar a mão no desenho e a passar na cara para ficar com purpurinas.

Natal II

"Bonjour Papa Noël!
Je voudrai une chose jolie que c'était le livre de Manon, des jouets de les clowns comme le cirque, un petshop qui nage dans l'eau et des petits, la maison de Petit Poney, je voudrais aussi une petite fille qui danse le ballet et pour ma grande soeur aussi et c'est tout.

Merci Papa Noël!
Bisous Papa Noël!

Ah!, et je voudrais essayer la DS de Mathilde.

Manon"





O Pai Natal da Manon é o Barba Azul saído de um filme do Tim Burton.

Deve ser uma inspiração de "Nightmare before Christmas" que elas viram há uns dias e que as fascinou a tal ponto que a mais pequena insiste em levar o filme para a escola para os amigos verem, fazendo sempre a ressalva "Acho que alguns não vão gostar, vão ter medo!"
Ao que a Mathilde retruca "Ah pois vão! Os meus são maiores e no ano passado tiveram medo quando eu levei o ET! Imagina o Jack!!"

Natal



"Gentil Papa Noël,
j'aimerai avoir Jolina Balerina, des jeux pour la DS, du Make Up, Petshops, o cruzeiro da Poly, uma boneca para os colares, um nenuco e um computador pequenino, se faz favor.

Querido Pai Natal, é a minha mãe que vai escrever esta parte da carta porque é muito comprida.
Gosto muito de ti. És querido para a nossa família e para toda a gente. Trazes presentes para todos nós.
Toma conta dos pobrezinhos.

Je te laisserai des gâteaux et du lait avec du chocolat chaud à coté de la cheminé.

Feliz Natal para ti e para todos!

Mathilde"

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

39

Comecei ontem o ano antes da quarta década.

Foi um dia maravilhoso com muito carinho da minha mãe que me contou mais uma vez histórias de quando eu era pequena e mais uma vez me comovi a ouvi-las, de muitos amigos que se lembraram de mim e de outros muitos que comigo estiveram enchendo-me de energia e felicidade e da minha família tão amada, o meu tão querido companheiro e as minhas filhas, a Mathilde e a Manon que me encheram de beijinhos e abraços e mimos.
A Mathilde deu-me uma vela que escolheu para eu pôr no meu bolo. Contou-me o papá que ela entrou numa loja por iniciativa própria, foi direita às velas e maravilhada pediu esta para mim.


Das prendas tão bonitas que recebi, os desenhos delas são sempre os meus preferidos. Este ano a Mathilde até convenceu as amigas mais próximas da escola a fazer-me alguns também, de forma que quando a fui buscar ontem, tinha cinco pequenas obras dobradinhas no bolso dela à minha espera, todas devidamente assinados:)
Como a quadra a tal apela, apareço ao lado do Pai Natal e dos ajudantes. Deve ser um prelúdio de "O Pai Natal são os meus pais :(".



O da Manon sou eu, loira!


Bem sei que as mulheres não envelhecem, ficam loiras, mas bolas!, são só 39 e apesar dos cabelitos brancos que arranco solenemente, ainda não me passaram tintas pela cabeça.
Explicação da verdadeira loira Manon, antes mesmo de me permitir indagar e apontando para o cabelo "Não havia castanho!"
Fico mais descansada, clarividentes as minhas crianças, mas sem exageros, por favor!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O ataque dos clones


Ao deitar...

- Sabes o que eu queria mamã? Era ter três mães e três pais, todos iguais. Assim dois ficavam comigo, a fazer-me festinhas, dois ficavam com a Manon e os outros dois já podiam ir lá para baixo quando nós estamos a dormir.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Vamos ao circo! (ou Sitiados II)


Fomos ao circo, ao Chen desta vez.

Há um ano escrevi que só se há dinheiro é que há palhaços e jurei, peremptoriamente, não regressar tão cedo.
Ofereceram-nos bilhetes e esqueci-me da jura. Uma amiga disse-me uma vez que não podemos viver agarrados a promessas, pelo menos a algumas; decidi a posteriori que foi o caso;)
Fui ver os palhaços sem gastar dinheiro nas entradas, gastando-o depois parvamente em pipocas, pão com chouriço, chupa-chupas gigantes e voltinhas em carrocéis. Safa!, que os "à coté" custam um balurdiozinho sobretudo tendo em conta o que são.

Este espectáculo nada teve a ver com o que assistimos no ano passado. É o circo como dele me lembro em criança. Até os diálogos dos palhaços rico e pobre eram semelhantes aos dessa época longícua e fizeram-me rir como então.

Trapezistas, equilibristas, malabaristas e contorcionistas em muitos números conseguidos, espantosos, bonitos e profissionais.
Lá estiveram também tigres, camelos, lamas, búfalos, yaks e bisontes, escusados, aqui para nós, até porque exibi-los não me faz grande sentido e fico sempre a pensar que as condições de vida dos bichos não serão as mais agradáveis. O habitat não é, nem aproximadamente,o deles e se eu fosse um lama suponho que o que me apeteceria seria cuspir à minha vontade nos Andes.

As manas adoraram e a Mathilde, que tem um mini trapézio no jardim fabricado pelo papá, confirmou-lhe várias vezes que vinha para casa treinar e que um dia vai fazer aquilo tudo. Esclareça-se que ela afirma nos últimos meses que quer ser "professora acrobática", antes isso que Strongest Woman of the World a arrastar camiões presos a correntes num qualquer programa underground de um qualquer canal perdido no cabo.

O Circo Chen reconciliou-me com este passeio típico da quadra natalícia.
Contas feitas, gostei muito de rever os palhaços da minha meninice. Há quem não goste, eu rio-me sempre com um bom palhaço! ;)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O dia da sobrevivência ao "Nada pára a modernidade!"


Nem só de acontecimentos brilhantes se constroi a vida.

Há dois dias, numa festa de anos de um colega, a Mathilde caíu de um pula-pula insuflável.
Caíu de uma altura aparentemente inofensiva, meio metro.
O detalhe que condicionou a consequência foi o chão, de cimento, bem durinho.
Traumatismo craniano com perda de conhecimento, 15 segundos, mais coisa menos coisa, uma eternidade...

Susto! Valentíssimo!
Dos alguns pais dos amigos que lá estavam, dos amigos, nosso quando nos ligaram e dela, grande grande susto dela.

Choro profuso, tinóni até ao Hospital, gelo dentro de uma luva feita saco improvisado, radiografias, vigilância de 48horas do estado de consciência e, graças a todos os Anjinhos da Guarda, apenas um galo gigante que se fartou de cacarejar na cabeça da nossa acidentada.

A Mathilde, por sua vez, já voltou a cantar, e nós também. Foi muito valente, decidiu ir sozinha na ambulância e portou-se melhor que gente grande durante todo o processo.

A Manon diz que a mana desmaiou como a Branca-de-Neve e a Aurora mas não por causa de maçãs ou fusos, bateu com a cabeça, "muito perigoso, pois é mamã?"
Nós dizemos que agora é que ela ficou maluca de todo;):D
E ela ri-se e aproveita os benefícios secundários, prendas das amigas, miminhos dos colegas, telefonemas dos pais e mães que muito nos comoveram.

Isto de ser médica tem o inconveniente de nos lembrarmos de complicações terríveis e a que me ocorreu imediatamente foi a do Joaquim Agostinho, o inicialmente silencioso hematoma subdural.
Passei pois as primeiras 24 horas entre a preocupação relativa uma vez que ela se mostrava bem, apenas com dor de cabeça, pois pudera!, e o alívio graças à bonança que a sorte permitiu.

O que me ocorre no fim deste episódio ansiogénico é:

"What the fuck faz um pula-pula em cima de um chão de cimento e sem protecções laterais?"

Dizem-me que as crianças já não vivem sem insufláveis. Eu preferia quando eram os adultos brincavam com bonecas.