quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Chinesinho Limpópó


Fazemos figuras inacreditáveis a brincar com as crianças.
Quando a Mathilde era muito pequenina, teria talvez um ano e pouco, uma manhã, com um alguidar em equilíbrio precário em cima da cabeça e os dedos nos cantos externos dos olhos repuxando-os à chinês, cantei a musiqueta do Chinesinho Limpópó - Tinininini-nini-tininini-niniii... Tinininini-nini-tininini-niniii...

Claro que ela adorou, é quase certo que as crianças deliram com as figuras inacreditáveis que os pais fazem a brincar com elas e os pais deliram com o delírio dos filhos e está tudo bem, eu adorei também, sobretudo porque ela tentou logo imitar e de vez em quando punha um alguidar na cabeça, os dedos meio em cima dos olhos e cantava - Tinininini-nini-tininini-niniii...Tinininini-nini-tininini-niniii...

Nunca lhe disse que era a música de uma personagem chinesa nem que os chineses têm os olhos assim esticadinhos, nunca.

Passados meses fomos ao mercado. Estavamos num dos talhos, tratavamos de comprar o almoço e a Mathilde estava sentada no parapeito da montra. Eis senão quando, passa um pai, chinês, pelo menos os traços eram orientais, para o caso tanto faz, com um rapazito pouco maior que ela, provavelmente seu filho, bem chinesinho, com os mesmos traços orientais e os olhos assim esticadinhos. A boa da Mathilde olha para o miúdo e - Tinininini-nini-tininini-niniii...Tinininini-nini-tininini-niniii... só faltou pôr os dedos a repuxar os olhos e o embaraço teria sido total, embora nem pai nem filho se tenham apercebido.

Giro, realmente giro, sobretudo porque ela deve ter associado livremente aqueles olhos à brincadeira do alguidar e ao tema do Limpópó. Suponho que tenha sido isso, nunca saberemos, ela não sabia explicar, ainda.
Imaginei que se lhe perguntasse como é que lhe tinha saído aquilo, me responderia qual Badaró: Como ispilico? ;-)

sábado, 23 de dezembro de 2006

Feliz Natal!


Há 2 anos - Mathilde (8 meses)





Hoje - Manon (8 meses)

(A Mathilde não quis tirar fotografias com chapéu de Pai Natal, aliás não quis tirar fotografia nenhuma, demasiada exigência para quem está doente e muito muito rabugenta.)

O vírus dá voltas e voltas e voltas sem fim...


... e não há volta a dar, é sempre assim.
Joel Branco cantava o mesmo, mas no caso dele era a vida que dava voltas, lembro-me muitas vezes dessa canção. As novas gerações já não sabem quem é Joel Branco, uma pena ;-)

O vírus tinha de dar a volta à família, mais que não fosse à parte feminina da família, 3/4, 270º, primeiro a mãe, depois a filha mais bebé e finalmente a "crescida", como diz a Mathilde, "sou crescida mamã!". Safa-se o pai, por enquanto, como quase sempre, abençoado sisitema imunitário sempre em alta.

Não há queixas, as meninas têm, sido muito resistentes aos bicharocos que por aí andam, é raro adoecerem graças a Deus e ao Menino Jesus e a todos os Anjos da Guarda, que eu sei que os há e velam por nós!
Só que um vírus no Natal torna-se deveras aborrecido, pois porque há tantas coisas a tratar e aqui estamos, fechados em casa porque estão 5 graus na rua e porque há aerossóis e xaropes a administrar.

A Mathilde, a super-resistente, sucumbiu ontem à noite e hoje passou um dia do mais rabujas que possa haver.
Mais uma vez, não me atrevo a render-me à queixa, pois se os adultos doentes rabujam tanto e ele os há que rabujam ainda mais em perfeito estado de saúde, quanto mais uma criança com dois anos que não percebe porque é que lhe doi o corpo e a cabeça e porque é que tem frio e calor, e porque é que doi quando tosse e porque é que o nariz escorre e porque que carga de água isto me está a acontecer e não posso ir passear e ainda por cima os xaropes sabem mal como o raio, e lá se vai toda e qualquer tolerância à frustração e toca a desatar a choramingar por dá cá aquela palha.
O pai passa a vida a perguntar-me, indignado, porque é que não fazem xaropes que saibam bem, como se eu soubesse! São de facto muito maus os benditos xaropes, porque é que não há xaropes como quando eu era pequenina?, como o broncodiezina, branco, espesso, doce como as coisas muito doces?, o que eu gostava daquele xarope...

O que vale é que a Manon está praticamente boa, muita tosse ainda mas sem febre há 3 dias e a regressar devagarinho ao seu invejável apetite.

Isto cá em casa parece um concerto, tusso eu, tosse a Manon, tosse a Mathilde e dá a volta novamente.
Espero que o pai escape e que se entre o ano a respirar limpidamente!

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Adenda à novidade

Afinal são 4 dentes a romper e uma traqueíte viral que hoje já conta com a disfonia da laringe irritada, ou seja, rouquidão, febre, tosse produtiva, nariz entupido e a falta de apetite também resolveu dar um ar da sua graça :(

Já disse que odeio as doenças?

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Novidade

A Manon tem mais dois dentinhos, os incisivos superiores : )

domingo, 17 de dezembro de 2006

"Pa Tal" versus "O Jesus"



Na sexta-feira houve festa de Natal na creche.
No ano passado, a Mathilde não achou graça ao senhor redondinho, vestido de vermelho e longas barbas brancas que ,de sininho na mão e um saco cheio de prendas, fez as honras da festa, O "Pa Tal", como lhe chamava. Encheu-se de medo e nem queria ir buscar o presente.

A vida é mudança, ainda bem!
Este ano, o encantamento foi evidente. Esteve muito tempo ao pé dele, recebeu o cadeau com prazer e quando o Pai Natal se foi embora, foi a única, entre 66 meninos e meninas, que se levantou e correu até à porta a dizer adeus, para além de já articular todas as sílabas do seu nome.

Já comentou com várias pessoas que tem um livro novo que foi o Pai Natal "da creche" que lhe deu. Achei graça ao conceito Pai Natal " da creche". Muito lógico, pois se ela vê o Pai Natal por todo o lado!, aquele era o da creche, evidentemente!

Anda encantada com o Menino Jesus também, e mostra-lo em todo o lado, na creche, em casa, nas lojas, por onde o encontra.
- Olha! O Jesus! Está aqui! E está ali também! Olha!
- Pois está Mathilde, o Menino Jesus é assim, está em toda a parte, é omnipresente!
Eu rio-me e ela também, cada uma com os seus motivos.

No fundo o Pai Natal é como Menino Jesus, também está em todos os lugares, mas parece-me que ela não o considera omnipresente, é mais uma espécie de irmandade, o da creche, o de casa, o da loja X ou Y, os da rua, os das varandas...
Uma bela seita de senhores bonacheirões que trazem alegria a todos.

Que bom que ela já gosta do Pai Natal! Se bem que me toca mais o Menino Jesus porque para mim, era Ele quem trazia as prendas.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

14 de Dezembro, 21h45, há 36 anos


Para a menina mamã, uma salva de palmas! EEHH!

O meu dia começou assim, com a Mathilde a cantar-me o "Parabéns a você", inteirinho, de uma ponta à outra, várias vezes.
Eu nem imaginava que ela sabia a letra toda de cor.
Maravilhoso!
Obrigada!

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Matilde sem H


A minha gravidez da Mathilde teve um lado muito caloroso que se deveu às inúmeras manifestações de carinho por parte dos ouvintes da rádio onde fazia o Programa da Manhã, a Best Rock FM.
Desde o dia em que anunciámos que eu estava grávida até ao nascimento foi, dizia eu exageradamente mas com o coração quentinho, a gravidez mais vigiada de "todó Portugal".
Todos os dias chegavam mails e mails com mensagens carinhosas e recebi presentes que a Mathilde e a Manon usam e abusam.

Um desses presentes esperou até há dois dias para ser apresentado à Mathilde.
Já podia tê-lo feito mas estava arrumadinho na estante, entalado e esquecido entre mais uns tantos livros da mesma colecção que encontrei depois, perdidos no meio da mini-biblioteca do seu quarto.
Ocorreu-me de repente, quando lhe mostrava mais uns livrinhos meus de miúda, antes dela dormir. Passo a vida nisto, ela adora e eu também.

É a "Matilde, quem é?"

Esta menina homónima destronou a "Anita" que, apesar de se manter na sua lista a ler todas as noites, perdeu o protagonismo da cena lullaby diária.
Os livros são mesmo giros e com um guia para pais no final de cada um.
Só me faz confusão ver Mathilde escrito sem H, ao fim de 2 anos e muitos meses habituei-me de tal forma à letrinha muda que me parece que o nome fica despido sem ela.

Saia!

É impossível, ou melhor, praticamente impossível, porque teoricamente tudo é exequível, vestir umas calças à Mathilde.
É uma menina e as meninas andam de saias e de vestidos, como a Cinderela e a Branca de Neve e a Aurora e a Bela e as princesas em geral.

Às quartas é dia de ginástica. Quem é que diz que ela acata o fatito de treino, que até é todo coquete e giro?!
Às terças e quintas há natação. E persuadi-la de que é mais fácil para as educadoras ajudá-la a vestir calças e não collants e saia?!

Nada feito. É a birra desolada como se o apocalipse se abatesse sobre seu o desejo indumentário.

O que fazer? Conflito desgastante logo pela fresca por motivo, reflectindo profundamente, pouco relevante ou cedência do guarda-roupa princess-like que-daí-não-vem-mal-ao-mundo-e-até-preferimos-que-a-preferência-dela-seja-pela-saia-do-que-a-onda-Maria-Rapaz-Camionista-e-que-mais-importante-que-saia-ou-calças-é-que-ela-seja-bem-educada-e-feliz-e-se-há-coisa-em-que-se-pode-ceder-é-neste-tipo-de-parvoíces-sem-importância?
Decididamente optamos pela segunda hipótese mas somos sempre chamados à atenção na creche.
Pois...

Bom, a partir de amanhã, dia de natação, a Mathilde irá de saia mas com umas calças na mochila. O efeito de grupo é convincente e pode ser que ela aceda a vesti-las, antes ou depois, para maior facilidade prática.

As estratégias que se inventam, isto de ser mãe e pai tem o seu quê de inteligência prática!

sábado, 2 de dezembro de 2006

Melting Pot

Espanta-me a memória prodigiosa da Mathilde.
Lembra-se desde sempre de pessoas que viu uma vez tempos e tempos antes, dos nomes, de detalhes, de brinquedos, de brincadeiras, de frases, de comportamentos, os caminhos, os lugares, tudo.

Com um ano e nove meses sabia as roupas, os sapatos, as mochilas, os pais e mães de quase todos os meninos da creche inteira, ao ponto de ajudar as educadoras quando elas não sabiam de quem era um casaco ou um boneco.
- De quem é isto Mathilde?
Ela sabia sempre.
Ela até sabia de cor os biberons de água dos bebés do berçário onde nunca estava. Impressionante!

Se me impressiono então o pai, cuja memória é de uma selectividade limitadíssima e de curta duração, fica abismado.

Lembro-me de quando estava grávida, ele dizer-me:
- Espero que ela tenha a tua inteligência, a tua memória e a minha malandrice!

A memória saíu dos meus genes, a minha chega a ser irritante de tão de elefante e detalhada que é, a Mathilde vai pelo mesmo caminho, parece.
A malandrice, o arzinho sedutor inocente, o sorriso maroto saíram, sem dúvida, do pai. Os dois juntos são um regalo para a alma, se um diz mata - o outro diz esfola, passam o dia a fazer disparates, reconheço-os um no outro em permanência, às vezes até confundo as partidas, são cúmplices a quase toda a prova.

Não me canso de admirar a magia da natureza, a mistura que se vai revelando.
Já o disse outras vezes, a genética, a embriologia, as ciências implicadas e tudo e o resto explicam mas eu maravilho-me todos os dias como uma leiga na matéria, a magia transcende a ciência e ainda bem.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Retratos

A era digital é francamente prática.

No dia em que a Mathilde viu pela primeira vez o nosso mundo, a máquina fotográfica avariou e poucas horas antes do nascimento fomos adquirir uma substituta ao centro comercial maior da Península Ibérica, não porque fosse o maior mas porque tinha uma Fnac e era mesmo ao pé do Hospital da Cruz Vermelha, o local eleito para os primeiros dias da nossa primeira menina. Não se podia perder nenhum minutinho desses dias, nem de todos os outros.

Ao longo dos dois primeiros anos metralhámos com e sem flash momentos que adoramos recordar, fizemos filmezinhos de tudo e mais alguma coisa e ouvimos que com a primeira é sempre assim e que com a segunda o número de disparos diminuiria drasticamente.
E nós sem tugir nem mugir, sabe-se lá como vai ser o futuro, não estamos lá, as crianças ensinam-nos essa verdade tão óbvia todos os dias,aqui e agora é que vale.

Chegou então a Manon, e no dia em que ela viu pela primeira vez este mundo, poucas horas antes lá fomos nós ao Colombo em busca de máquina nova que a outra já não dava para o gasto e não se podia perder nenhum minutinho dos seus primeiros dias, nem de todos os outros.

Passaram-se quase 8 meses e continuamos a metralhar com e sem flash momentos que adoramos recordar, fazemos filmezinhos de tudo e mais alguma coisa e já ninguém nos tece considerações sobre o número de disparos.

A era digital é francamente simpática, fotografa-se à vontade e seja o que Deus quiser, há sempre um photoshop para remediar e um delete para apagar .
Ainda assim é-me difícil triar e depois há o gosto pelo papel, gosto de ter as fotografias em álbuns que desfolho num ritmo de mãe, só pode, lento, lentinho, disfrutado.

Ora já não revelava nada desde Abril e estando o ano a terminar parece-me oportuno não deixar para o ano que vem o que se pode fazer ainda neste.
Toca a fazer uma triagem dos 6 meses e meio de fotografias que repousavam no computador e, triando muito e muito, consegui eliminar mais de um terço (só para efeitos de revelação porque as eliminadas continuam em pastinhas JPEG do mundo moderno).

Revelei 875.
6 meses e meio - 875 fotografias - 2/3 da totalidade digitalizada.

E que com a segunda isto ia acalmar, pois...