quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

7/7 - 24/24


Desde muito pequenina que a Mathilde é fascinada pelos orientais.
Sempre que vê um ser humano de olhos em bico exclama alto e bom som: "Maman, papa! Regardez! Des chinois!"

Um domingo, teria ela 2 anos mais coisa menos coisa, comentava no carro que estava tudo fechado quando passámos por uma loja chinesa.
O papá, em tom sarcástico, concluiu: "Sauf le chinois. Le chinois est toujours ouvert."

A partir de então esta última frase passou a fazer parte do repertório de Miss Mathilde.
"Le chinois est toujours ouvert." e que bom que assim é uma vez que há alegrias inusitadas nestas lojinhas "de conveniência".

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Manon



"Tenho o cabelo dourado.
Sou crescida e com pernas grandes.
O que eu gosto mais de fazer na escola é dançar."

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Conta, peso e medida


No início do 2º período recebemos a "Ficha de observação do aluno" da Mathilde.

Tem várias áreas:


Formação Pessoal e Social
Expressão e Comunicação
Domínio da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita
Domínio da Matemática

Cada uma delas com muitos itens.

A escala de avaliação é de 1 (Não adquirido) a 5 (Bem adquirido).
Pelo meio dos 5 todos um 3 (em aquisição) chamou-nos a atenção - "Compreende noções relativas a conceitos de peso".

Uns dias depois, no carro...

Mamã - Mathilde, quem é que é mais pesada? Tu ou a Manon?
Mathilde - Sou eu, claro.
Mamã - E entre a mamã e a Manon?
Mathilde - És tu!
Papá - Et qui est le plus lourd, papa ou toi?
Mathilde - C'est toi papa, pourquoi?
Papá - Et si je te demande entre papa et maman?
Mathilde - ... Les deux!

E riu-se, espertalhona, com um ar de quem não queria ferir susceptibilidades, pelo meio de um sorrisinho malandro.

Parece-nos que o conceito está em franca aquisição, temperado com uma noção de gentileza social;)

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Wellcome (to) 2009!

O ano começou em Amboise, perto de Tours.

Diz-se que está frio em Lisboa. Está de facto mais frio, em toda a Europa aliás.
Cá em casa gostamos de calor. Se não tivessemos saído durante a semana do fim do ano/começo do novo provavelmente eu estaria a insultar S. Pedro. No entanto rapámos tanto frio em Tours e arredores que, como ainda não fiz o reboot ao termostato hipotalâmico, Lisboa e arredores parecem-me estar a atravessar uma pré-primavera sueca (ouvi há coisa de um ano na televisão que a definição de Primavera para os suecos é "uma semana com temperaturas acima de zero").

A média durante a nossa estadia por terras de França foi de zero graus, mais a cair para os 3 negativos durante todo o dia que para os 2 positivos.

E depois há aquela verdade inequívoca que diz que o corpo compara e ao fazê-lo pondo no termómetro 25 dentro de casa e -3 no exterior, a ampiltude de 28 grauzinhos fazia com que ao sair do quentinho todos os músculos, pele e anexos cutâneos leia-se pêlos, cabelos e até unhas, e mesmo os tecidos conjuntivos (os de suporte) ficassem firmes e hirtos e a bater palminhas, não de felicidade mas em jeito de transe e súplica de regresso rápido a uma temperatura mais adequada à vida humana, excluindo a vida humana esquimó, esses vêm com um termostato hipotalâmico centrado no zero mais coisa menos coisa.
Atrevo-me mesmo a supor que até o tecido nervoso ficava transtornado e rígido, o que não abona a favor dos circuítos que se querem descontraídos.

A Mathilde, que é maravilhada por tudo o que é castelo e princesa e que foi de férias muito entusiasmada porque lhe prometemos ir visitar vários castelos no vale do Loire, depois de 2 visitas deu três vivas quando lhe anunciei que ao terceiro só ia eu.
Quando saíamos para passear, muito bem tapadinhos, sobretudo as meninas, a Mathilde enrolava o cachecol em torno da cara, estilo múmia. A Manon comentava apenas que estava frio. O papá é o mais resistente mas agradeceu não ir ao terceiro castelo também. Alguns dos nossos amigos circulavam sem gorros nem luvas e alguns até saíam de camisola. Eu parecia uma cebola. Invejo quem não sente frio!

Apesar do tempo frigorificante foi uma semana muito divertida para as manas M & M.
Juntámo-nos 5 casais, outrora sem filhos e actualmente com 12, 11 meninas e 1 rapaz, o mundo é das mulheres;).
A Mathilde a a Manon brincaram muito, comeram muito bem, correram nos jardins dos Castelos de Amboise onde repousa eternamente Leonardo Da Vinci e de Chenonceau construído sobre o rio.




Gostava de as ter levado a Chambord, o dito terceiro no meu itinerário, que começou por um pavilhão de caça e que aumentou a tal ponto que se demora pelo menos uma hora e meia a visitá-lo.

As lareiras são do tamanho de camas, as camas são com baldaquinos e curtas, uma vez que se dormia sentado com medo que a morte chegasse se a posição horizontal fosse adoptada.
Como lenha, sejamos práticos, cortava-se uma árvore inteira e atirava-se lá para dentro e aquilo aquecia, oh se aquecia!, o que levava as salamandras a fugirem dos troncos e os nobres da época a imaginá-las animais mitológicos que resistiam ao fogo. Como o rei, François I era forte, o seu símbolo tornou-se a salamandra, resumindo há salamandras por todo o lado nos castelos e descobri porque é que uma salamandra daquelas para aquecer a casa se chama "salamandra".

Fiquei com pena de não irmos ao Castelo d'Ussé, o que inspirou o da Bela Adormecida. Fica para um estação do ano mais amena :)

A noite de final do ano 2008 teve direito a roupa de bailarina, maquilhagem e hora de dormir para lá do que alguma vez tinha sido autorizado.
Adorei passar o ano com a Mathilde ao meu colo e ao colo do papá, aos pulos e a gritar "BONNE ANNÉE!!!" por baixo de um ramo de gui como manda a tradição francesa (não sei como traduzir esta planta; não, o Gui não é uma pessoa).
A Manon já dormia, pediu às 22h30 para ir para a cama e deitou-se muito contente desejar "Feliz ano Novo" a toda a gente.






Parece que quando começa um ano novo se pedem desejos.
Eu não gosto de passas e onde estava não as havia. A opção das uvas nem me passou pela cabeça e eu sou mais "Em Roma sê romano" por isso nem me lembrei de subir para uma cadeira, nem de entrar com o pé direito ou com os dois, nem bati tampas de panelas à janela, até porque estava um briol que não o aconselhava.
Também por isso não pedi os tradicionais 12 desejos que se resumem no desejo primeiro e último da humanidade, ser feliz, estar bem.

Para mim, qualquer ano é bom quando estamos bem, e quando estamos com quem amamos e o que quero sempre é poder estar assim, bem e com quem amo e que os que amo estejam muito bem.


O meu desejo é pois que o ano seja cheio de saúde e graça! Tudo o resto vem naturalmente.

Feliz Ano Novo!