quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Insuflação



Pediram-me para fazer umas cenas da Branca-de-Neve numa comemoração especial na escola da Mathilde e da Manon.
Para que não ficassem duas cenas, uma com os anões e outra com a Rainha Má, desgarradas e perdidas no meio do palco, fiz um pequenino enquadramento onde resumia a história antes, entre e depois das ditas cenas.
A Directora sugeriu-me então que fosse a Manon a dizer esses versos. Perguntei-lhe e ela aceitou sem hesitações e até me disse "Tu escolheste-me para eu ser o narrador porque eu faço isto muito bem não é?" :) E é. Ela faz aquilo muito bem. :)
Aconteceu há umas semanas e foi muito engraçado. O som não funcionou :( mas ela gostou e cumpriu com descontracção.
A Mathilde vestiu novamente a pele da princesa branquinha e novamente representou e cantou o seu papel com um grande sorriso.

Maravilham-me estas artistas de palmo e meio :)

Qualquer dia incho de tal maneira que tenho de mudar o guarda-roupa para o 52. Vai ser pior é nos aviões...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Larousse II ou O que terá acontecido a "bonjour", "au revoir", "merci" e outras palavras comuns quando se aprende ou ensina uma língua estrangeira?


- Então e o Guilherme, Manon? Fala contigo em francês?
- Só falou uma vez. Quando estávamos na fila do "Bom Dia" disse-me "Carotte"
- Carotte?
- Sim.
- (????????????) ... claro... carotte... faz todo o sentido...

Larousse


- Eu já ensinei algumas coisas em francês à Carlota.
- E o que ensinaste, Manon?
- "Je t'en prie" e "Robin des Bois".
- ... Como?
- "Je t'en prie" e "Robin des Bois".
- Claro. São coisas de grande utilidade no quotidiano.
- Pois são. Estavamos a brincar ao Robin dos Bosques e "Je t'en prie" é para quando se salvam os meninos do dragão e do fogo!
- (??????????) ... claro... do dragão e do fogo... Je t'en prie, Robin de Bois...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Amor é...
























Há uma semana quando liguei aos pais do António para combinar um lanche, replicou o pai:
- Ainda bem que me ligaste. O António já nos disse não sei quantas vezes que quer ir comprar um presente para a Mathilde porque amanhã é o dia dos namorados.

Como atravessam um período de acanhamento na presença dos pais, o grande amor da Mathilde só lhe deu a prenda quando se apanharam sozinhos, uma pulseira com um gato.
No dia seguinte dizia-nos ela com um sorriso orgulhoso:
- Sabem porque é que o António me deu esta pulseira? Porque o gato tem na cabeça o amor!

Amor é...
... ter o amor na cabeça!

CLARO!!!

"Deixai vir a mim as criancinhas!"


A vida de Jesus Cristo fascina o mundo há 2011 anos.
Fascina também a Mathilde há uns meses.
Para além dos milagres, entendidos como uma espécie de magia, a paixão e morte do Messias são-lhe de difícil aceitação.
Para começar os pregos. Como é que pregavam as pessoas assim? Então e os ossos? Furavam os ossos? Mas isso dói... Coroa de espinhos? Mas porquê?...

Há umas semanas entrámos na sacristia da Igreja onde ela foi baptizada e onde numa peça de arte sacra de dimensões consideráveis, o Homem de Nazaré se encontra pregado sangrando das suas cinco chagas.

- Jesus morreu assim?
A vozinha aguda a ecoar.
- Sim.
- Ai que coisa horrorosa!!!
Ri-me com o tom.
- Horrorosa mesmo. Também acho.

O sacristão nem levantou os olhos do computador onde escrevia. Fiquei a pensar se seria surdo ou se é tão comum crianças passarem por ali e comentarem alto e bom som o espanto horrorizado com tamanha atrocidade que ele se tenha tornado mouco para tais exclamações.

Há uns dias, ao deitar, as perguntas voltaram.
Como morreu Jesus?
E porque é que o mataram?
E porque é que não acreditavam nele?
E porque é que não gostavam dele?
E os pregos?
E os ossos?
E a dor?
E os espinhos?
Ai que horror!!
...

- E a mãe dele? Onde é que estava?
- Estava lá.
- E não fez nada?
- Ela não podia fazer nada, Mathilde.
- Não podia? Então mas e os poderes? Ela não podia fazer uma magia?
- Ela só passou a ter poderes depois de morrer.
- Depois de morrer? Mas isso assim não dá jeito nenhum... Então mas se ela pudesse, devia ter feito uma magia para eles ficarem todos bonzinhos, gostarem do Jesus e já não lhe faziam mal!

Eu lembro-me de pensar nisso do poder de Deus e da sua utilidade em circunstâncias tão pouco agradáveis, permitam-me o eufemismo, mas o meu desejo já com tenra idade, e atenção que eu era uma miúda boazinha, era uma espécie de ira à Antigo Testamento que acabasse com aquela malta toda.
A vontade da Mathilde é que Maria, a mãe, transforme a dita malta desagradável em simpáticos senhores e senhoras e que sejam todos amigos. Esta nossa filha tem uma alma de um tamanhão!

- Acho essa tua ideia muito boa. Mesmo boa. No sentido de bem pensada e sobretudo no sentido da bondade que ela tem.
- Eu se fosse ela tinha feito isso. E o José?
- Eu acho que o José já tinha morrido...
- Morrido?! Ai que coisa! É só desgraças!...
- ... pois... não é uma parte da história que me agrade tão pouco...
- Coitadinho do Jesus... Mas porque é que Ele se deixou morrer?... Que parvo!...
- Bom, eu também penso que foi tudo uma tremenda parvoíce humana mas de qualquer das formas Jesus não queria morrer. Tinha de ser porque ele queria mostrar ao mundo a ressurreição. Três dias depois, diz na Bíblia, já estava vivo outra vez. Uma coisa é certa para mim, não era preciso aquela tortura toda e um fim terreno tão cruel.
- Não acho bem. E não percebo porque é que se tem de morrer para se ter poderes. Isso assim não tem graça nenhuma!
- Tu tens um poder enorme Mathilde.
- Ai tenho?
- Sim. Tens o poder da bondade. É um poder que não é dado a todos.
- O poder da gentileza?
- Também, mas a bondade é mais do que isso. Jesus tinha o poder da bondade também e era um homem diferente, um líder, um revolucionário à sua maneira, que ousou desafiar o mundo porque o queria tornar melhor. Não te rales demais com a morte dEle. No final das contas Ele voltou a viver e a história acabou bem.

E ultimamente andamos nisto, numa altura em que o Papa vai lançar o seu novo livro sobre a vida do Nazareno, precisamente sobre os momentos que antecedem a sua morte, eu debato-me com as questões da Mathilde na tentativa de respostas adequadas a ela e a mim :)

E ainda nem chegámos ao carnaval. Sabe Deus o que me irá ela perguntar durante a quaresma...

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Pedagogia (do grego - paidós (criança) e agogé (condução))


A Manon começou a patinar, bem, sem parar, e sem querer parar.

O comum cá em casa é ser o pai a ensinar-lhes os desportos em geral, a bicicleta, os patins, o ski, a vela, a pesca, etc.
Com ele é mais bolos também, no verdadeiro sentido da palavra, porque é ele quem mais/quase sempre cozinha.
E as curiosidades da cultura geral e do mundo que nos rodeia, sabe sempre detalhes interessantes.

Comigo fica a música, a literatura, a ciência, a medicina, a religião, a psicologia, a filosofia, a erudição portanto;) (e curiosidades também, vá!...)

Partilhamos o desenho e trabalhos manuais, o cinema, os jogos, etc.
E partilhamos, obviamente, tudo o que descrevi atrás mas a distribuição é mais frequente assim.

Desta vez fiquei inchada de orgulho porque foi comigo, após uma explicação simples, e com uma ajudinha simples também, que a Manon percebeu e começou a patinar como não antes fora capaz.
Fiquei mesmo contente. Por ela que adorou o clic e agora quer patinar a toda a hora e por mim que patino apenas discretamente melhor do que quem não patina de todo e consegui passar a mensagem.

Vou dedicar-me a isto e deixar a erudição de parte. Mas o bolos continuam com o pai, não exageremos!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Guilhotina


Uma amiga ofereceu-nos este mimo de chocolate.

Como comer uma coisa destas?
Há quem tenha pena de o desfazer e há quem não dedique um segundo do seu tempo pensante à questão nem veja a forma, só a essência - CHOCOLATE!

Para a Mathilde nem uma coisa nem outra, até porque ela não morre de amores pela tal essência, apenas quando a mesma é branca (Já para a Manon o chocolate é a sua gasolina.).

Colocou somente a dúvida após reflexão prática:

- Por onde é que eu como isto, por cima ou por baixo?... ou pelos lados?
- Pela cabeça Mathilde.
- Está bem... Vá! Vamos a isto! Adeus Maria Antonieta!



(E a mim, que acho de tão mau gosto a piadola batida sobre o casamento comparado a uma forca, a ideia de se perder a cabeça fez-me rir e até me fez sentido;))