quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Globalização - o conceito aplicado ao lar






















- Venham cá todos, se fazem favor! Papá! Manon!... Mathilde tu fica aqui!
- Mas eu quero ir fazer outra coisa!
- Já vais fazer, Mathilde. Agora temos de acabar isto. Vai toda a gente acabar isto!
- Então tens de chamar os chineses.
- ... ? Como?
- Disseste toda a gente. Tens de chamar os chineses também. E as outras pessoas dos outros sítios.

Walk like an egypcian













- Um dia havemos de ir ao Egipto. Queres ir Mathilde?
- Não podemos! Não sabemos as danças. Aquela coisa de lado que eles fazem.

domingo, 16 de janeiro de 2011

BN em verso


Este ano, o tema da escola das manas é "Contos tradicionais".
A sala da Mathilde escolheu "A Branca-de-Neve e os sete anões".

Numa conversa com a professora surgiu a ideia de fazer a peça em verso. Olha o que ela havia de me sugerir! Cheguei a casa e escrevi um "Musical" qual Filipe La Féria com plumas (porque com passarinhos) e sem lantejoulas :) posteriormente aprovado pela mesma professora que sem o saber me desafiara.

Como me disse a minha mãe, meto-me em cada uma que até parecem duas!
Fui ensaiar a turma, 30 crianças de 6 anos, 20 rapazes e 10 raparigas que geravam o caos em menos de 3 segundos, poucos dias depois do início do ano pois a apresentação tinha data marcada - 14 de Janeiro.

Foi um périplo que dificilmente esquecerei.
Fiquei espantada com o comportamento indisciplinado da maioria, com a dificuldade em cumprir regras, em seguir indicações básicas, o pouco ou nenhum respeito pelo espaço alheio, a dispersão facílima, a incapacidade de concentração e atenção.
Bem sei que têm 6 anos e no entanto pareceu-me um pouco demais tanta incapacidade para estar, simplesmente.
Não era necessário ter jeito para representar ou cantar, era só "estar".
Parecia uma casa de doidos.
Uma trabalheira maluca ao longo de 7 mini-tardes. No entanto, apesar do cansaço, achei sempre que chegaríamos a bom porto.

Pedi ajuda a algumas mães que conseguiram manter a ordem e uma delas fez imensos adereços fantásticos como o poço, as cabeceiras das camas, nuvens e relâmpagos.

Pedi outros adereços aos pais, levei muitos e muitos cá de casa, fiz alguns, ensaiei em grupos, ensaiei todos juntos, ensaiei sem guitarra, ensaiei com guitarra, sem adereços e com adereços, armei-me em cenógrafa, produtora, guionista, ensaiadora, para além de adaptadora, autora e compositora. A minha mãe tem razão, não sou boa da cabeça.

O Xav esteve em alguns ensaios e filmou o evento. Dizia-me por fim que já deitava a BN pelos olhos. Eu já sonhava em verso e a cantarolar.

A professora investiu e persistiu tudo! Sem a sua capacidade para lhes dar a volta, a sua autoridade, a paciência e a vontade de realização não teríamos conseguido o que se mostrou improvável até à véspera. A Mathilde está muito bem entregue :)
Começámos na pré-história de qualquer coisa parecida com uma peça em verso com canções pelo meio e chegámos a um musical fantástico onde mini-artistas tão pequenos representaram, cantaram e encantaram ao longo de 20 minutos.

O espectáculo teve lugar na sexta-feira às 8.30 da manhã e foi maravilhoso! Portaram-se tão bem mas tão bem!
Fiquei mesmo contente, sobretudo pela Mathilde.
Ela foi a Branca-de-Neve e a sua grande amiga, também Matilde, foi a Rainha-Má. (As duas juntas, se pudessem, faziam a peça toda e faziam rir toda gente.)

Adorei a experiência, se bem que me disponibilizei a vivê-la porque da sala da Mathilde se tratava.

Percebi visceralmente o que é ter uma turma de muitos insubordinados a cargo. O cansaço que tal provoca e a tolerância, paciência, autoridade e astúcia, entre outras características, que um professor necessita para não correr quase todos ao tabefe.
Nunca bati em criança nenhuma nem pretendo bater e sou a favor da reprimenda e do castigo em vez da palmada mas durante esta semana compreendi experiencialmente o impulso, frenado, do estaladão de mão atrasada. Dei aulas durante 15 anos mas o meus alunos já tinham 19 e na faculdade as prioridades são bem diferentes.

Confirmei também a importância da importância atribuída. Com ela, algumas crianças cresceram e sobressaíram durante o processo.
Penso que todas aprenderam bastante mais do que apenas representação e memória ao longo da semana. Eu também.

Para mim, a moral desta história toda é a do Big finale do dito "musical" - "Acreditai nos vossos sonhos e que o amor ganha no fim!".

E ao fim chegou a nossa história. Vitória! Vitória! Perlimpimpim!

domingo, 9 de janeiro de 2011

Let it snow!

Fomos passar os últimos dias de 2010 a Béjar, a 80 km de Salamanca.
O Xav descobriu esta sierra na net, com uma pequenina estação de ski, fantástica para as miúdas.
Ele, francês, descobriu Béjar agora mas quando lá chegámos percebemos que Béjar já tinha sido descoberta pelos portugueses para aí em 1500. Estava a abarrotar de lusitanos.


Foram cinco dias muito divertidos que começaram com batalhas de bolas de neve e terminaram a desenhar anjos com o nosso corpo no chão (inspiradas que estavam as manas pela recente edição de "A Bela e o Monstro").

A Mathilde e a Manon herdaram os genes "skiantes" do pai. Ao fim de de duas ou três descidazitas já andavam completamente independentes, meios mecânicos para cima, aqui vou eu sem hesitações para baixo.
A Mathilde no final do primeiro dia descia em paralelos e melhor do que eu, mas eu também não tenho os genes do pai, o delas, e isto só por osmose não é a mesma coisa;).

Não se queixaram de nada uma única vez. Nem que estavam cansadas (e que aquilo cansa!, para mim é um treino de Comandos, os skis, o peso, os fatos, as botas, o frio, as luvas, as máscaras, eu sei lá...), nem que estava frio (e apanhámos dois nevões com muito vento), nem se caíam (o que quase não aconteceu porque as miúdas têm mesmo jeito para a coisa), nem que tinham fome, ou sede, ou que estavam fartas, nada. Passaram os dias com um sorriso de orelha a orelha e sem parar de subir e descer.
Levámo-las à pista mais comprida e um pouquinho mais difícil e elas desceram 2500m sem um "Ai!".
A Manon caiu duas ou três vezes de forma espectacular, estilo mergulho, e levantou-se sempre a rir.

O papá veio de lá radiante. Para ele, que foi professor de ski durante 5 anos, era quase vital elas gostarem da montanha. Objectivo completamente atingido:)

No último dia, como prometido, andámos de trenó, aqueles pequeninos que parecem pás onde nos sentamos para deslizar e rebolar. Elas pareciam bonecos animados a rir sem parar. Fizemos várias experiências, umas mais bem conseguidas que outras, em fila, lado a lado, ao contrário, a rodar, o que nos deu na cabeça.


Terminámos com um boneco de neve, feito um pouco à pressa, pela Mathilde e por mim, porque queríamos tanto fazê-lo que resistimos ao frio. Ficou pequenino mas jeitosinho. Ou não... ;)



A Mathilde portou-se como uma senhorinha, sempre muito digna na sua atitude e movimento.


A Manon, pequenina, com o seu ar de boneco vestida de cores berrantes, foi alvo de um comentário luso que muito nos fez rir, "Já viste esta miúda? Parece um teletubbie!".
Não resisti e chamei-a para descermos "Vamos lá ó Tinky Winky!".



Adoraram.
Desejam voltar.
Nós também.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011