domingo, 28 de setembro de 2008

Que je t'aime, mon papa!


Os pais têm muitos diminuitivos e expressões doces para chamar os filhos.

Os filhos também, para chamar os pais.

Um dos meus preferidos é da lavra da Manon - "PAPA D'AMOUR!"

Amour com o R bem marcado e prolongado, acompanhando a intenção emocionada :)

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Lógica


Mathilde: "Fizemos um jogo, as zebras e os leões. Começava só um leão e tinha de apanhar as zebras. Quando uma zebra era apanhada ficava leão e corria atrás das outras zebras."

Mamã: "E tu foste leão?"

Mathilde: "Não, chegaram a 5 leões mas nunca me apanharam e eu ganhei o jogo!"

Mamã: "Que pinta! Também quero ser assim!"

Mathilde: "Então vem para a minha escola!"

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Meu amor, tão pequenino

De manhã, entre despir o pijama e vestir o vestido...

- Sonhaste Manon?
(Será que ela sabe o que isto quer dizer? Pergunto-lhe há algum tempo e a dúvida permanece apesar das respostas afirmativas.)

- Sim. Com o Thomas.
(O Thomas, claro, talvez ela saiba...)


Pouco depois, a caminho da creche...

- Quélo bincále!
(Sim, o L oriental continua a imperar.)

- Queres brincar Manon?
(Esta mania que os pais têm de repetir as afirmações dos filhos e transformá-las em questões... ou será que são os psiquiatras que fazem isto com os pacientes?... seja como for suponho que um dia receberei como resposta algo do género "Então mas não foi isso que eu disse?")

- Sim. Com o Thomas!
(O Thomas, claro, talvez ela saiba mesmo...)

- Com o Thomas!
(Pronto! Lá estou eu outra vez!)

- Sim, eu gosto do Thomas.
(Dúvidas houvesse!)


À entrada da creche, cruzámo-nos com a mãe do seu príncipe loiro...

- Olha mamã! A mãe do Thomas!

Conversa rápida, conto o inconsciente e o consciente da minha filha numa frase curta, sonhei com o Thomas-quero brincar com o Thomas, e responde-me a mãe:

- Os olhos dele até brilham quando diz Manon!


Tão giros, tão pequeninos... é um gosto este "namoro".

Surprise! Surprise!

Circunstâncias da vida fizeram com que a Princesa Mathilde e o Príncipe António se afastassem este ano nas suas vidas "académicas". Cada um na sua escola nova, deixaram de ser ver todos os dias.

Não há longe nem distância... para quem se quer tanto, Richard Bach meets Ary dos Santos ;) no coraçãozinho dos dois amigos, como se percebeu no domingo.

Nós, os pais, combinámos a surpresa. Surpresa para a Mathilde que o António, na posse do conhecimento secreto, acordou às 7 da manhã a dizer que queria vir logo ter com ela.
Passaram o domingo com um sorriso de orelha a orelha em brincadeiras e jogos e filmes e espectáculos e smarties e gomas e bolo de chocolate.

Parecia que se tinham visto na véspera, cheios de entusiasmo e alegria.



E estão a ficar tão crescidos... é um gosto este "namoro".

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

domingo, 21 de setembro de 2008

Associações livres V


- Sabes em que é que eu trabalho Mathilde?
- Na rádio.
- Bom, já trabalhei na rádio, mas o que é que eu faço todos os dias?
- És médica.
- Sim, médica psiquiatra. Sabes o que é isso?
- É...
- Sou médica da cabeça, da alma, médica da alma, bonito não é? Não achas? Vou passar a dizer a minha profissão assim.
- ... sim... médica... então também te podes tratar a ti.
- Sim, digamos que sim, às vezes.
- Mas onde estão as tuas coisas de médica?
- Não tenho, ou melhor tenho mas não uso, na psiquiatria não se usam estetoscópios e martelinhos de reflexos (só metaforicamente).
- Então o que é que tu fazes?
- Oiço, falo, ajudo a resolver os problemas, várias coisas...
- E os doentes?
- O que têm os doentes?
- Como são? Eu nunca vi os doentes...
- Mas para que queres ver os doentes?
- É que eu gosto mais da Branca-de-Neve.
- Da Branca-de-Neve?
- Sim, nunca vi os anões... como é que são? Eu queria ver...

E de repente fez-se luz!
Por isso há uns tempos, quando se despediu de mim, gritou com ar sorridente:

- Até logo mamã! Trata bem dos anões!!


Doentes - duendes - anões - Branca-de-Neve.
Pois.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Solução pragmática anti-preconceito II


A Manon, devido provavelmente à carga do género, feminino, o dela, à carga genética, materna e também paterna, embora mais materna, eu sei, e à carga ambiental no que ao cerne familiar diz respeito, mãe, pai e irmã, fala que se desunha.

Como passou o verão em ambientes bastante ou totalmente franceses está a passar uma fase francófona. Diz muitas coisas em francês e não poucas vezes começa em português e acaba em francês.

Já conhecíamos esta experiência, a Mathilde passou o mesmo. No entanto a Mathilde teve desde cedo um amor especial pelas palavras, como se lhe desse prazer descorticá-las, decompô-las e recompô-las, articulá-las, uma espécie de encanto ao conseguir pronunciá-las bem, quer numa língua quer noutra e até mesmo quando aprende expressões em inglês.

A Manon é mais trapalhona mas começa a articular-se e contrariamente à irmã que de vez em quando trocava sílabas mantendo no entanto a dicção certinha, a pequenina raramente o faz, a troca, mas para dar um colorido à sua linguagem fala à chinês.

Todos os R's carregadinhos, à francesa, saiem perfeitos, rato, Rita, roer, ramo, rosa... logo em francês nada a assinalar, todas as palavras saiem comme il faut.
A metade lusa complica o discurso, todos os R's à inglesa saiem à chinês, são L's, comêle (comer), male (mar), Malia (Maria), quelo (quero)...

Havia qulaquer coisa de estranhamente familiar nestes L's em vez de R's, qualquer coisa mais do que a dificuldade clássica dos orientais. Em conversa com o Nuno, fez-se luz quando ele observou que ela fala à chinês e à Cebolinha.
É isso! Quer dizer, não é isso porque os R's RRRR ela diz e o boneco dos 5 cabelos não, mas percebi esta estranha memória mal definida de já ter pronunciado coisas semelhantes, foi ao ler os livros do Maurício que guardo religiosamente e que adoro ir rever de tempos a tempos.

Portanto apesar da localização da recordação, ela não se aplica na totalidade e a Manon fala mesmo é à chinês.

Parece que a coisa vai desaparecendo até aos 3 anos e já se começa a ouvir a mudança, há lá um R ou outro enroladinho que já sai redondo.

Há uns dias manifestei uma discreta apreensão ao papá, dizendo-lhe que esperava que passasse a mutação que a pobre 18ª consoante (que isto agora o K já entra) sofre na boca da Manon saindo como se da 12ª se tratasse e ele responde-me com o ar tranquilo que o caracteriza:

"C'est pas grave, elle parlera en français."

Claro, ;)

B-A BA


A Mathilde mudou de escola há exactamente uma semana.
Anda contente, cheia de de importância, está na escola dos grandes, cheia de entusiasmo, está na escola dos grandes, cheia de independência, está na escola dos grandes, cheia de expectativas...

- Ó mamã! Ainda não foi hoje que aprendi a ler!! Papa! Quand est-ce que je vais apprendre à lire?

... afinal está na escola dos grandes, não é?

Porquês?



- Mamã, porque é que a sombra não tem olhos e nariz e boca?

(Mathilde - Agosto/2008)

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Associações livres IV

No bar...

Papa: "Mathilde, veux-tu un jus d'orange pressée?"

Mathilde: "Oui papa, mais je ne suis pas pressée!"

E novamente o riso consciente do jogo das palavras :)

Associações livres III

À mesa, perante um prato de bife com esparregado...

Papa: "Mathilde mange le vert s'il te plaît!"

Mathilde (segurando no copo com água): "Le verre? Je mange le verre?"

E desata a rir, piadista de metro e pouco :)

sábado, 13 de setembro de 2008

Dígitos

Estavamos ontem a almoçar com a Mathilde e a vovó quando o restaurante parou ao som do "Parabéns a você" dedicado a um senhor de barba sentado na mesa ao lado.

A Mathilde bateu palmas, a canção é sempre motivo de alegria, e inclinando-se para apreciar o soprar das velas comentou com ar espantado:
- 2 anos? Mas como é que ele faz só 2 anos?

(Eu que sempre reclamei o número de velas correspondente ao aniversário em questão, ainda que tal implique uma fogueira a cobrir 2 kg de bolo e que se demore um quarto de hora a acender as muitas todas, não posso estar mais de acordo. Duas velas?, não se percebe!)

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

My first day at school

A Mathilde mudou de escola. Ontem foi o primeiro dia, numa escola grande, muito grande.
Não me recordo bem do meu primeiro dia no mundo dos anos lectivos mas lembro-me do regresso às aulas todos os Outonos e do prazer do cheiro dos cadernos, dos livros, dos estojos cheios de borrachas e lápis.
Lembro-me das folhas a cair e do tempo a tornar tudo dourado, caqui, avermelhado, aquelas cores outonais que me encantam, as aulas começavam bem mais tarde, em Outubro e muitas vezes no final do mês, a estação estava equinocicamente instalada.

O Outono, porém, não é a minha estação. Apenas as cores e o cheiro dos livros.
A mudança de hora, as folhas a cair carregando com elas um simbolismo murcho aplicável à condição humana, os dias a encolherem até ao solstício de Inverno, a antecipação de meses de frio e chuva e trabalho, criam um cenário que não me apraz por aí além.
Como optimista de serviço pessoal e da humanidade posso, e faço-o, olhar para o Outono como a curva descendente para um final de ciclo, natural e necessário, centrar-me no bonito tapete que as folhas caídas tecem, no som dos passos sobre elas, no cheiro a terra molhada, no recomeço empreendedor após o retiro estival e, no entanto, reafirmo, o Outono não é a minha estação. No combóio calendarizado eu saio no Verão e se o combóio não pára eu salto em andamento.

Só que este ano a Mathilde mudou de escola e ontem foi o primeiro dia. Na véspera fomos comprar o "material" pedido e eu mergulhei na infância e a minha amígdala temporal (o centro da memória emocional) andou aos pulinhos de alegria por entre cadernos e lancheiras, e o Outono foi ontem o meu destino amado, apesar de ainda ser Verão.

O dossier que ela escolheu foi, pois claro, um com todas as princesas Disney vestidas de dourados e mais dourados. É bem bonito mas, para grande pena dela, demasiado pequeno e depois da escola, a pedido da proprietária e com a ajuda deste querido e dotado Senhor, resolvemos o assunto assim:






É o dossier mais giro e personalizado que ela já teve, o seu primeiro efectivamente pré-escolar, que um dia valerá milhares no ebay ;)
Escreveu orgulhosamente o seu nome na lombada.


Hoje, depois da escola, comentou entusiasmada: "O dossier ficou na minha sala, disseram-me que era muito giro!"

Chamo a atenção para a dragona de saltos altos, para o poney-porco ao lado da princesa a saltar num trampolim e para a ausência de asas da abelha que as deixou em casa, tudo a pedido da Mathilde.
Nunca me canso de ver o Nuno a desenhar, é de se ficar de com expressão de peixe fora de água, "Nuno faz-me uma sereia!" e ele faz, "Nuno faz-me a Stitch!" e ele faz, é impressionante!, tudo a traço preciso e imediato, sem espinhas, sem borrões, sem remendos, tudo como se já lá estivesse e ele só sublinhasse.

Obrigada Nuno!! Beijinhos da Mathilde, mais uma vez!!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Que c'est bon les vacances!!


Foi a nossa bela semana de férias, em Nabeul na Tunísia.
Estivemos como gostamos: 37 graus, humidade upa! upa!, água a 28/29 (mais quente que a da piscina!!!). Andava tudo a cair de calor e nós 4 "Está bom assim!".

A Mathilde nada como ela é, graciosa, emergindo como num anúncio de Champô :), não pára de progredir na sua relação com a água, copiada orgulhosamente pela mana.
Voltou a dançar nos espectáculos, os seus momentos preferidos das férias,






escreveu o seu nome em árabe, brincou com muitos amigos novos, "jogou ténis", pintou a cara, comeu rebuçados e descobriu a coca-cola e o ketchup.
Estas 3 últimas novidades alimentares eram dispensáveis e aconteceram no miniclub. Quando ela chegou anunciando que gostava de coca-cola suspirámos e iniciámos o discurso moralizador sobre os danos que a bebida que mudou a cor ao Pai Natal pode provocar. Parece-me que conseguimos que ela, em momentos de desejo súbito por este líquido que borbulha, opte por água com gás que pica igualmente e não vem carregada de açucar, cafeína e outros ingredientes secretos que desenferrujam pregos, limpam casas de banho e outras coisas fantásticas que circulam pela net. Coca-cola, ok, mas talvez mais tarde, se faz favor.
O ketchup não teve grande êxito uma vez que ela não liga a batatas fritas, só às de pacote (vá-se lá entender isto!), e os rebuçados, depois de um engasganço que eu tentei evitar estes quase 4 anos e meio, estão em stand-by. Gomas e gomas! Tudo bem. Rebuçados, lá chegaremos.

A Manon voltou a falar uma salada luso-francesa, passou horas dentro de água, dançou muito, aprendeu canções novas, fez pinturas e mascarou-se de palhaço, surpresa que muito nos fez rir porque passamos a vida a dizer que ela é um palhacinho e a Mathilde afirmou várias vezes a propósito dos espectáculos que ela iria fazer de "petit clown".





A grande novidade foi que as manas dormiram na mesma cama e a Manon parece ter adorado porque reclamava a "Tildas" à hora do João Pestana.

Foi muito bom e voltei com a imensa vontade de partir novamente. Hoje a Mathilde sentou-se entre o pai e o computador e perguntou olhando para o écran "On va où maintenant?"