domingo, 21 de setembro de 2008
Associações livres V
- Sabes em que é que eu trabalho Mathilde?
- Na rádio.
- Bom, já trabalhei na rádio, mas o que é que eu faço todos os dias?
- És médica.
- Sim, médica psiquiatra. Sabes o que é isso?
- É...
- Sou médica da cabeça, da alma, médica da alma, bonito não é? Não achas? Vou passar a dizer a minha profissão assim.
- ... sim... médica... então também te podes tratar a ti.
- Sim, digamos que sim, às vezes.
- Mas onde estão as tuas coisas de médica?
- Não tenho, ou melhor tenho mas não uso, na psiquiatria não se usam estetoscópios e martelinhos de reflexos (só metaforicamente).
- Então o que é que tu fazes?
- Oiço, falo, ajudo a resolver os problemas, várias coisas...
- E os doentes?
- O que têm os doentes?
- Como são? Eu nunca vi os doentes...
- Mas para que queres ver os doentes?
- É que eu gosto mais da Branca-de-Neve.
- Da Branca-de-Neve?
- Sim, nunca vi os anões... como é que são? Eu queria ver...
E de repente fez-se luz!
Por isso há uns tempos, quando se despediu de mim, gritou com ar sorridente:
- Até logo mamã! Trata bem dos anões!!
Doentes - duendes - anões - Branca-de-Neve.
Pois.
1 comentário:
Muito bom!!! Fiquei a imaginar a tua sala de espera com senhores pequeninos de barbas brancas e chapéus pontiagudos.
Ser médica da alma parece-me uma boa designação. Mas tratar de duendes também não seria nada mau...
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