quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Feliz Natal a todos!

My sweet prince





A Mathilde pediu para ligar ao António a desejar Feliz Natal.
O seu príncipe antecipou-se e ligou primeiro, há bocadinho.
Combinaram ir juntos ver o burro Joaquim.
Uma felicidade! :)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Uma flor, uma pequena flor...



Todas as manhãs, quando sai de casa, a Manon vai direita a um arbusto florido do jardim e colhe uma flor amarela, a mais bonita aos olhos dela. Leva-a na mão com muito jeitinho, dá-me a outra, olha para mim e diz: É para o meu Thomas.

Todas as manhãs.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Não há dinheiro, não há palhaços!



Quando eu era pequenina, todos os anos pelo Natal, a minha mãe levava-me ao circo. Eu adorava.

Conheço muitas pessoas que não gostam, sobretudo por causa das condições inadequadas em que se diz viverem os animais. Também me incomoda, coisa que com 5 anos não sabia, no entanto a verdade é que eu fiquei com uma imagem prazenteira porque adorava aquele espectáculo apesar do mal sentada que ficava naqueles bancos de madeira corridos e com pregos mal aplicados em tábuas tortas e apesar do frio no interior do recinto (é de relembrar que eu gosto de calor ao ponto de tomar sempre duche a ferver mesmo que estejam 40 graus lá fora e 90% de humidade, condições ideais para o meu estado mais esfuziante de alegria sem que que a tensão arterial se esfume).
Eu gostava mesmo do circo.
Um dos meus livros predilectos era "Anita no circo", sobretudo o modelito de ilusionista que a protagonista usava no número de magia.
A Mathilde sempre gostou desse livro e pedia-o muitas vezes, quase mais do que o "Anita mamã" ou o "Anita vai às compras", os outros que ocuparam durante meses o pódio da (minha/depois sua/agora delas) colecção Anita.

Postos estes requisitos, fomos ao circo há duas semanas, ao Cardinali.
Deparei-me com bastantes mudanças.

Para começar o circo já não é apenas uma tenda onde decorre um espectáculo mas também um espaço onde há pipocas, algodão doce, minis e bifanas, carrinhos de choque, carrocéis e mini-montanhas russas, tudo debaixo do mesmo tecto.

Depois já não há bancos de madeira, nem corridos nem sem ser corridos.
O perímetro da tenda aumentou gigantescamente e cabem sentadas 3 mil pessoas. Não percebi como é que muitas delas vêem o espectáculo sem ficarem com um valente torcicolo já que bastantes lugares, semelhantes aos dos estádios de futebol, não estão todos voltados para o centro onde os artistas se apresentam, estão de lado. São assentos corridos, deve ser uma alteração no sentido da modernidade como remniscência dos de pau, só que, como fixos ao chão, continuam em linha recta e nos ângulos posteriores do recinto estão virados para outros assentos e não para o palco. Os espectadores ou se sentam na diagonal ou viram o pescoço 90º, é à escolha.

O circo agora é aquecido, pelo menos mais que dantes.

Os números sucedem-se a uma velocidade vertiginosa, há muita variedade, no entanto a maior parte é tão rápida que fiquei com a impressão "Mas é só isto?". Por exemplo os trapezistas, que eu venerava em pequena, que queria saber voar como eles e cair elegantemente na rede de segurança, deram 4 voltinhas e pronto. Isto para não falar que com os 3 atletas que balançavam pelos ares, subiu também uma senhora que ficou apenas lá em cima, suponho que como enfeite. Que é feito das meninas que sabiam fazer mortais e pinotes como nos genéricos do 007?

Os palhaços, já de tenríssima idade, entraram com um "touro" com 2 pares de pernas humanas cujo dorso de tecido tinha buracos de tão gasto.

Um outro entertainer, muito dinâmico e simpático, executou dois números com espectadores escolhidos ao acaso por entre um público escasso, a casa estava quase às moscas. Dois números feitos classicamente nos espectáculos amadores do Club Med. Será o Club Med que plagiou? Não me parece mas não garanto nada, podem ser números de circo copiados, ou podem ser números do Club adaptados. No entanto surpreenderam-me, não são assim tão fantásticos, penso, que não pudessem ser substituídos por outros desconhecidos.

Um mágico com cães acrobatas fez as delícias das meninas, cãezinhos quase todos já entradotes mas que provaram estar ali literalmente para as curvas, enquanto que um outro mágico apresentou os dois únicos animais selvagens, um tigre adulto e um bebé, um deles branco, já não sei qual porque o número foi francamente mau e com uns flops pelo meio.

Um ponto agradável é que já não há quase nenhuns animais no circo. Mas, apesar de saber que assim, ao menos, a problemática da situação dos bichos não se coloca,tive uma certa nostalgia ao lembrar-me dos elefantes e dos ursos e dos leões e até do tanque com tubarões que tão anunciado foi há décadas e que eu me lembro de ver e não perceber grande coisa do número.

Houve também alguma, chamemos-lhe, confusão na apresentação dos artistas. "Um número de cortar a respiração com ... (nome que eu não conseguia perceber, o som era mauzito), que nos chega do México!", "Senhoras e senhores, meninas e meninos, o grande ... (outro nome diferente, imperceptível) vindo da Austrália!" e, vendo bem, ou mal, bastava ver, o artista era o mesmo.

Achei muita graça a umas acrobatas que se penduravam uma na outra pelo cabelo e a um jovem que para além de fazer maravilhas acrobáticas fez as delícias da Manon que comentou, não sei quantas vezes, "Ele está de cabeça para baixo! Olha mamã! Em cima das mãos!" e nenhuma graça ao número das motas, uma barulheira infernal para mostrar uns cavalinhos que certamente agradam aos rapazes, ou não.

Para terminar o circo já não é barato. O circo é caríssimo! É caso para dizer, nesta altura de crise, invertendo a expressão "Só se há dinheiro, é que há palhaços!"

Feitas as contas, que me desculpem os que abominam este espectáculo, pois continuo a deleitar-me com a recordação remota do prazer que era ir ao circo no natal com a minha mãe e que me desculpem os que adoram, pois fiquei com a imagem actual de uma certa decadência que me entristeceu até.

Saí de lá desconsolada pessoalmente, o papá também, e satisfeitos "materna e parternamente", a Mathilde e a Manon gostaram, de tudo menos das motas :) e assim sendo, apesar do balúrdio que consideramos ter pago e que jurámos não repetir enquanto nos lembrarmos, o balanço foi positivo tendo em conta que o objectivo era mostrar-lhes o que era aquele mundo que aparecia no livro da Anita e aquele que conhecíamos da nossa infância. Já está, ponto!

Trabalhos manuais IV



(Espanta-espíritos made by papá e Mathilde)

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Sagrada Família


Gosto muito do Natal.
Sempre gostei dos preparativos, de decorar a casa, de inventar penduricalhos para a árvore, de escolher as prendas, de fazer algumas, de preparar a ceia, pôr a mesa, acender velas por todo o lado, escolher o vinho, enfim, todo o antes me agradou sempre muito.

Gosto de oferecer presentes, em qualquer altura do ano aliás, mas é do Natal que falo agora e nesta época ainda mais me encanta.

Há um perfume a Natal que eu percebo no ar. Não o sei definir em palavras, apenas que está onde por onde quer que eu vá durante Dezembro, provavelmente não é de Dezembro, é meu durante esta quadra mas seja como for, eu gosto.

Gosto dos filmes de Natal, de todos, choro em todos, alguns baba e ranho... nos outros também... mas é do Natal que falo agora.

Adoro as canções de Natal e se há coisa que me põe radiante é ir ao super-mercado e cantarolar as que vão tocando pelos corredores. Custa-me como é que, com tão alegre música, as pessoas andam mal encaradas e aos encontrões enquanto escolhem qual o bolo-rei mais adequado aos seus desejos, eu até nem gosto de bolo-rei. Mas "Rocking around the Christmas Tree", por exemplo, põe-me as endofirnas aos saltos.

Nem tudo nos preparativos me altera os níveis hormonais da felicidade no sentido ascendente.
Aborrece-me que haja tantas pessoas sem Natal, tantas crianças infelizes e tanto sofrimento. Nos outros meses do ano também porém é do Natal que falo agora. Passo a quadra a tentar melhorar ainda que seja infimamente o Natal de algumas delas e acredito que é possível, por vezes, uma pequena atenção fazer sorrir alguém e isso, pelo menos isso, já é qualquer coisa.

Num outro capítulo, aborrece-me o consumismo exagerado, ao qual também eu por vezes não escapo porque me apetece dar tudo a quem amo, a hipocrisia do "paz-e-amor-ai-que-somos-tão-queridos-uns-para-os-outros-e-de-repente-lembrei-me-que somos-amigos-porque-é-Natal!" e a das obrigações natalícias como o "ter-de-dar-isto-a-não-sei-quem-porque-parece-mal-não-dar".

Tenho feito por abolir estes pontos pretos do meu cenário infantil, alvo e cheio de luz porque para mim o Natal, por definição, é um mergulho feliz na infância.
O Natal é das crianças e todos nós, todos!, até os que parecem ter nascido já com 40 anos, têm uma criança cá dentro. A minha pula feliz porque o Menino Jesus nasceu e é tempo de festejar!

É claro que só nos apercebemos da luz porque conhecemos a escuridão e vice-versa, e que mesmo as coisas menos boas fazem parte deste mundo e eu até gosto de preto, muito mesmo, mas hoje não me apetece considerar o pacote, é do meu Natal ideal que falo agora.

Hoje a minha alma pula mais ainda de cada vez que as minhas miúdas pulam, de cada vez que os olhos delas brilham e que o papá pula também, sim que a criança dele manifesta-se naturalmente sem censura, e ainda bem.

O meu Natal é Natal graças a ele e às nossas meninas, é deles que falo agora.

Pois se o Natal é a festa da família, em honra da Sagrada, eu sagro a minha e sinto-me consagrada por ela.

É Natal! Decorre a época oficial.

É Natal.
Há luzes e enfeites nas ruas. Há pinheiros dentro das casas. Há duendes, anjos e presépios nas montras. Há Pais Natal pendurados em locais inenarráveis. Há guizos e sininhos na alma. Há promoções especiais e jantares sobrepostos. Há festas nas empresas. Há festas nas paróquias. Há festas nas sociedades recriativas.
E há festas nas escolas.

Nas das manas M & M celebraram-se esta semana. Em dias diferentes, valha-nos o acaso!, que se tivessem calhado na mesma tarde a divisão familiar teria custado a todos.

Na quarta foi a da Mathilde, uma festa grande num pavilhão grande de uma escola muito muito grande, com muitos alunos.
O papel que lhe coube deliciou-a e não podia ser mais adequado - bailarina, cheia de brilhantes, totós espampanantes, sapatilhas e uma saia de fada.

Quando se encontraram depois de tudo terminado, a Manon olhou para a Mathilde e disse-lhe: "Mathilde, tu es belle, belle, belle! Belle Mathilde!"
E estava mesmo.

Nessa noite, a última coisa que a pequenina me disse antes de adormecer foi: "Mamã, eu amanhã quero maquillage na festa para ficar linda para o meu Thomas!"


A da Manon foi pois no dia seguinte onde ela, vestida de menina do coro, cantou:

É Natal! É Natal!
SSamos sem demóla
Adolále o menino
Que nasceu agóla

Esta noite é bela
Entre o céu e ela
SSamos à capela
Felizes rezále
Ao tocále o sino
Sino pequenino
Vem o Deus menino
Pala nos salvále

Toca o sino pequenino
Sino de Belém
Já nasceu o Deus menino
Que a Senhola tem


É um miminho ouvir uma canção de Natal à chinês, com aquela vozinha muito doce.
E sabe a letra toda! É uma loira com memólia apurada;)

O Pai Natal da creche trouxe-lhe uma caixinha de livros pequeninos e como a Mathilde já não tem disso (Pai Natal na escola, não livros), o mesmo senhor de barbas brancas também lhe ofereceu um (um livro, não um Pai Natal).
Mais uma vez a nossa princesa maior nos comoveu. Não quis abrir o embrulho dela até a Manon ter recebido o seu para poderem abrir juntas.


Entre o meu aniv e as festas delas foi uma bela semana! Com presentes e doces. E ainda a procissão vai no adro ou, melhor dizendo, ainda a gestação de Maria não chegou a termo.

Valha-nos Nossa Senhora contentora do colesterol, o Menino Jesus dos Triglicéridos e S. José protector da carteira.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Felicidades


Há 38 anos, estava eu ainda na barriguinha da minha mãe, posso chamar-lhe barriguinha porque, segundo consta, a minha progenitora engordou apenas 5 quilos durante toda a santa gravidez.
Santa porque de mim se tratava, claro;)
E claro porque não encontro melhor explicação;)

Comecei a minha vida neste mundo extra-uterino às 21h45. E desde então que ando a ver se cresço.
E cresço.
E cresço todos os dias mais um bocadinho de há quase 5 anos para cá graças às minha filhas. E ao pai delas também, claro. E claro porque é, em parte, a explicação.

É a explicação destas meninas tão meiguinhas, que me enchem de festinhas na cabeça e na cara quando estou ainda meia a dormir, meia acordada, a resmungar que não me apetece levantar.
A explicação da excitação da Mathilde que não conseguiu manter-se a dormir até às 10h como é o seu habitual aos fins-de-semana porque hoje era o aniversário da mamã.
A do brilho nos seus olhos quando me abraçou, me cantou os parabéns e me disse que eu sou a mais bonita das mamãs.
A explicação dos caracóis da Manon a deslizar ondulantes enquanto ela saltava para o meu colo e sorria matreira pronunciando pausadamente um "joyeux anniversaire maman!"

Cresço porque aprendo e para aprender.
Não há nada tão sábio como a inocência, apesar da contradição eventual das duas palavras. Se vivessemos como as crianças estaríamos em equilíbrio de naturezas, a nossa com a que nos rodeia.
Não há melhor do que o "aqui e agora" que as minhas filhas me mostram diariamente. E diariamente me repito, "aqui e agora, eu estou bem". Ainda que "bem" seja pouco descritivo, "bem" é das melhores palavras aplicáveis ao meu estado, hoje, 14 de Dezembro de 2008. "Feliz" é outra.
Obrigada mon amour.
Obrigada mes amours.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Lógica II ou "anticonstitucionalissimamente"

Mathilde: "Hoje o G... disse uma coisa que não se deve dizer."
Mamã: "Disse? O que foi? "
Papa: "C'était un gros mot*?"
Mathilde: Non.
Papa: "Tu sais ce que c'est un gros mot, Mathilde?"
Mathilde: "Oui, c'est un mot avec beaucoup de lettres!"



*palavrão

(acrescente-se que o exemplo no título já foi destronado há uns tempos)

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Cartas ao Pai Natal

"Querido Pai Natal,
gostava de ter as Winx, gostava também de ter uma casa dos Poneys, a casa dos Pet Shops e a casa da Moranguinho. Também as fadas da Sininho e a casa.
Depois queria o vestido da Bela.
Querido Pai Natal, portei-me muito bem e vou à Expressão Dramática para aprender jogos.
Mudei de escola e gosto muito da escola nova.
E gostei tanto que tu gostaste que eu te dei a chucha!
Adeus querido Pai Natal.
Tens de dar presentes aos meninos que não têm papá e mamã.
Beijinhos Pai Natal, um grande abraço, daqui mando-te um beijinho.
Mathilde"

1ª conclusão - Esta miúda não quer brinquedos, quer um monopólio, quer ser rendeira, nada como ter bens imóveis!
2ª conclusão - Quando se é capitalista "on peut faire la Belle". ;)
3ª conclusão - A Expressão Dramática é um sucesso e não há melhor do que aprender brincando.
4ª conclusão - A escola dos grandes é um marco na vida dela.
5ª conclusão - Embora amando as palavras e o "bem falar" o pretérito perfeito composto do indicativo ainda não foi adquirido como competência.
6ª conclusão - A generosidade é algo que determina o seu comportamento, não se esquece nunca dos outros. Partilha tudo. Se tem 2 rebuçados, mesmo que lhe tenham custado ganhar, e encontra um amigo ou se vai ter com a irmã, dá-lhe sempre um e se só tem um, parte ao meio.
7ª conclusão - A generosidade dá-lhe para ser mandona até com o Pai Natal.


"Cher Petit Papa Noël,
je veux du chocolat, des bolachinhas, je veux du maquillage et des bolachinhas, les fées de Clochette, des livres, des bolachinhas, des Pet Shop et des puzzles... et des bolachinhas.
Bisous Papa Noël.
Manon"

Conclusão essencial - Comer é a prioridade. (Pois se até com uma amigadalite, há uns tempos, que transformou as suas tonsilas no Estádio da Luz, enormes e vermelhas com pontinhos brancos, ela comia e repetia como se nada fosse!) O que eu quero, petit Papa Noël, é BOLACHINHAS"!!! E o resto é conversa.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Pensamento concreto ou pensamento bilingue?

Falar para o boneco, é a sensação que todos os pais têm de vez em quando.

Anteontem, enquanto mandava vir com as manas que molhavam tudo no banho, o papá acabou o raspanete com:
- Vous avez compris? Aïe! Aïe! Aïe! Je parle en quoi, moi?
E a Mathilde muito solícita:
- En français papa!