sábado, 4 de novembro de 2006

Meu pai, meu herói.

- Vamos dormir Mathilde?
- Sim, eu quero a mamã.

Ela quer mais vezes que eu a vá deitar, apenas e tão só porque comigo o "ir para a cama" se estende por histórias e canções intermináveis, ela pede e eu dou, todos os dias o tempo estica-se para lá dos ponteiros do relógio.
Eu cedo muito mais do que o pai, é a minha natureza logo, com ele ela faz muitíssimo menos farinha enquanto que comigo já podíamos nesta altura abrir uma padaria.

Quando a opção é o papá, mon papa, meu herói, e nada menos do que tal categoria, o nível de adoração é inatingível, as histórias e as canções duram um piscar de olhos, mas a seguir ao "Bonne nuit papa" segue-se um ritual até o pai sair do quarto absolutamente enternecedor.

- Je t'aime ma Mathilde.
- Je t'aime mon papa!
- Je t'aime aussi Mathilde!
- Je t'aime aussi!!
- Je t'aime!!
- Je t'aime!!!

E o diálogo vai em crescendo até chegar ao grito, perdidos de riso, e depois em decrescendo até ao sussurro mesmo antes da porta fechar.
- Je t'aime mon papa.
- Je t'aime ma Mathilde.

Ele desce as escadas com um sorriso apaixonado e diz sempre que é dos melhores momentos do dia.

Vai ser bonito quando a Manon começar a falar. Julgo que vou ter de o apanhar do chão, derretido, com cuidado para não perder nenhuma gota e pô-lo no congelador a ver se regressa à forma original.
Não havia ele de querer ter outra menina!

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