sábado, 27 de outubro de 2007
Raciocínios II
A natação recomeçou este mês, com revisões da matéria dada e novos exercícios:
1 - Mergulhar de cabeça, sentada na borda da piscina.
2 - Ir ao fundo com a mão fora de água e contar até 5, um dedo de cada vez.
3 - Atirar um objecto para longe e ir buscá-lo, salvar o bichinho que se está a afogar é a fantasia associada.
Quanto ao primeiro, aqui vai disto! Nenhuma objecção ao mergulho.
O segundo, nem que lhe paguem em gomas e vestidos de princesa!
O terceiro, testemunhado pelo papá que foi visitar a aula na quinta-feira, não funciona em termos simbólicos.
Professor: Vai mathilde! Vai salvar o peixinho!
Mathilde: Não! Não quero!
Professor: Vai lá Mathilde!
Mathilde: Não, não quero!
Papá: Allez Mathilde! Vas-y! Vas le sauver!
Mathilde: Non papa! Je ne veux pas! Il flotte!!
Há pois todo um pragmatismo justificativo que se impõe. Porque carga de água, e o termo, numa piscina, aplica-se sem hesitações, hei-de eu arriscar-me a nadar esta distância toda para ir salvar um boneco que flutua e quem corre o risco de se afogar sou eu?
Claro Mathilde, percebe-se perfeitamente :D
Operação Bay Watch boicotada.
Bom, senhor professor, há que inventar outro motivo para crianças de lógica implacável em circunstâncias que lhes parecem adversas ;)
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
Lengalenga
Adoro Lengalengas.
A minha avó contava-me assim:
"Rouxinol que tão bem cantas
onde aprendeste a cantar?
Foi nos paços da rainha
onde o Rei vai passear.
A Rainha vai para as cortes,
o Rei vai para o mar
apanhar conchinhas de oiro
para o Infante brincar."
A minha mãe sentava-me ao colo e fazia-me saltar ao ritmo de:
"Arre burro para Azeitão
Carregado de feijão
É p'ra mim e p'ró meu cão
O meu cão não está cá
Está no Rio de Janeiro
A cavalo num carneiro
Faz andar ao corropio
Corrupio-pio-pio
Corrupio-pio-pio"
E quando me embalavam:
"Tão-balalão
Cabeça de cão,
Orelhas de gato,
Não tem coração.
Rei, capitão
Soldado, ladrão.
Menina bonita
Do meu coração."
A Mathilde anda há uns dias com:
"Enrola o melão
Desenrola a melância
Se queres casar comigo
vai pedir à tua tia
ó zi ó zá,
ó zi ó zi ó zá!"
E uma outra que parece ser algo como:
"Bom dia Sr. Vizinho
Olé, olá
Olá, como está?
Dê-me um tostão
p'ra eu ir ao correio
comprar um balão
se não chover"
Ri-se e diz:
É a lengalenga!
E continua:
"Sola sapato
Rei rainha
Foi ao mar
Pescar sardinha
Para o filho
Do juiz
Que está preso
Pelo nariz
Salta a pulga
Na balança
Dá um pulo
Até à França
Os cavalos a correr
As meninas a aprender
Qual será a mais bonita
Que se vai esconder"
(Se bem que eu gostava mais de:
"Pico, pico, saranico,
Quem te deu tamanho bico?
Foi o filho do juiz,
Que está preso pelo nariz... etc)
E a Manon ali ao pé vai palrando ao mesmo tempo:
"La, la, la, la
tu, tu, la, la
ti, ti, la, la
bebé, bebé, la, la"
E quando acabam, batem palmas uma à outra.
E nós aplaudimos também, claro está.
A minha avó contava-me assim:
"Rouxinol que tão bem cantas
onde aprendeste a cantar?
Foi nos paços da rainha
onde o Rei vai passear.
A Rainha vai para as cortes,
o Rei vai para o mar
apanhar conchinhas de oiro
para o Infante brincar."
A minha mãe sentava-me ao colo e fazia-me saltar ao ritmo de:
"Arre burro para Azeitão
Carregado de feijão
É p'ra mim e p'ró meu cão
O meu cão não está cá
Está no Rio de Janeiro
A cavalo num carneiro
Faz andar ao corropio
Corrupio-pio-pio
Corrupio-pio-pio"
E quando me embalavam:
"Tão-balalão
Cabeça de cão,
Orelhas de gato,
Não tem coração.
Rei, capitão
Soldado, ladrão.
Menina bonita
Do meu coração."
A Mathilde anda há uns dias com:
"Enrola o melão
Desenrola a melância
Se queres casar comigo
vai pedir à tua tia
ó zi ó zá,
ó zi ó zi ó zá!"
E uma outra que parece ser algo como:
"Bom dia Sr. Vizinho
Olé, olá
Olá, como está?
Dê-me um tostão
p'ra eu ir ao correio
comprar um balão
se não chover"
Ri-se e diz:
É a lengalenga!
E continua:
"Sola sapato
Rei rainha
Foi ao mar
Pescar sardinha
Para o filho
Do juiz
Que está preso
Pelo nariz
Salta a pulga
Na balança
Dá um pulo
Até à França
Os cavalos a correr
As meninas a aprender
Qual será a mais bonita
Que se vai esconder"
(Se bem que eu gostava mais de:
"Pico, pico, saranico,
Quem te deu tamanho bico?
Foi o filho do juiz,
Que está preso pelo nariz... etc)
E a Manon ali ao pé vai palrando ao mesmo tempo:
"La, la, la, la
tu, tu, la, la
ti, ti, la, la
bebé, bebé, la, la"
E quando acabam, batem palmas uma à outra.
E nós aplaudimos também, claro está.
terça-feira, 23 de outubro de 2007
Os cães não fazem gatos (tradução livre de Les chiens ne font pas des chats)
Sou médica porque sempre detestei as doenças.
Lembro-me de,quando no hospital algum colega afirmava que determinado doente era muito interessante, pensar, e por vezes perguntar, irónica, se era a doença ou a pessoa o interessante porque, para mim, as doenças não tinham, nem têm, interesse nenhum. As pessoas, pelo contrário, sempre me interessaram.
Prezo a saúde acima de qualquer outra coisa. Não há bem mais precioso, não há nada que bata ser-se saudável por inteiro, física e psiquicamente. Por oposição, detesto a doença. Detesto a doença! DETESTO A DOENÇA!
Na sexta passada, a Mathilde foi ao teatro com a creche, ao Tivoli, ver "1,2,3, uma colher de cada vez"
Voltou a dizer que tem de se comer de tudo para crescer e para "não vir a doença" e que não se pode estar sempre a comer doces por causa da cárie.
Ficámos com a ideia que "a doença" e "a cárie" eram personagens vivas tal como os alimentos, que a primeira era uma bruxa e que a última punha os dentes inicialmente amarelos, depois pretos e por fim fazia com que eles caíssem.
Tal como a Bruxa Má de "Branca-de-Neve", a Medusa de "Bernardo e Bianca", a Ursula de "A pequena sereia" e todas as vilãs e "maus" que fazem tremer pequeninos e graúdos, a "doença" impressionou a Mathilde.
Na sala dela fizeram um desenho e escreveram sobre a peça. Hoje estive a observar os trabalhos, dizem coisas como "Eu gostei da banana", "Eu gostei dos bróculos", ou fazem alusão aos meninos protagonistas nesta linha do "gostei disto ou daquilo".
O da Mathilde diz "Eu não gostei da doença!"
És mesmo filha da tua mãe, pensei :)
Lembro-me de,quando no hospital algum colega afirmava que determinado doente era muito interessante, pensar, e por vezes perguntar, irónica, se era a doença ou a pessoa o interessante porque, para mim, as doenças não tinham, nem têm, interesse nenhum. As pessoas, pelo contrário, sempre me interessaram.
Prezo a saúde acima de qualquer outra coisa. Não há bem mais precioso, não há nada que bata ser-se saudável por inteiro, física e psiquicamente. Por oposição, detesto a doença. Detesto a doença! DETESTO A DOENÇA!
Na sexta passada, a Mathilde foi ao teatro com a creche, ao Tivoli, ver "1,2,3, uma colher de cada vez"
Voltou a dizer que tem de se comer de tudo para crescer e para "não vir a doença" e que não se pode estar sempre a comer doces por causa da cárie.
Ficámos com a ideia que "a doença" e "a cárie" eram personagens vivas tal como os alimentos, que a primeira era uma bruxa e que a última punha os dentes inicialmente amarelos, depois pretos e por fim fazia com que eles caíssem.
Tal como a Bruxa Má de "Branca-de-Neve", a Medusa de "Bernardo e Bianca", a Ursula de "A pequena sereia" e todas as vilãs e "maus" que fazem tremer pequeninos e graúdos, a "doença" impressionou a Mathilde.
Na sala dela fizeram um desenho e escreveram sobre a peça. Hoje estive a observar os trabalhos, dizem coisas como "Eu gostei da banana", "Eu gostei dos bróculos", ou fazem alusão aos meninos protagonistas nesta linha do "gostei disto ou daquilo".
O da Mathilde diz "Eu não gostei da doença!"
És mesmo filha da tua mãe, pensei :)
domingo, 21 de outubro de 2007
Vida social dos pequeninos
As festas de anos dos coleguinhas da escola são sempre um sucesso, antes, durante e depois.
Ora perceba-se melhor o "antes"!
- Papa! J'aime beaucoup les fêtes!
- Ah bon? Pourquoi?
- Parce qu'on peut manger des "bombecs" (entenda-se gomas) et des chupas!
- Oui c'est vrai.
- Et on peut pas manger ça tout les jours. E nas festas podemos! Eu gosto das festas!
terça-feira, 16 de outubro de 2007
Faltas-me Monsieur Chat
Faz amanhã uma semana que Monsieur Chat se perdeu.
Estava numa mochila pendurada na bicicleta onde o papá foi buscar a Mathilde, nas costas da cadeirinha dela, caíu, e foi-se.
Como prevíamos que um dia algo assim se poderia passar, há uns meses, o pai prevenido fez uma medalhinha com o nº de telefone e Monsieur Chat passou a andar todo janota de coleirinha com o seu nome.
A mochila tinha um casaco, ténis, meias, calções e t-shirt para a ginástica e o MAIS MARAVILHOSO DOU-DOU DE TODOS OS TEMPOS!
Quem a encontrou podia ter ao menos devolvido o gato, deixava numa loja, dizia que tinha encontrado caído no chão, entregava na polícia, pedia uma recompensa, sei lá... fiquei mais desiludida com a humanidade desde esse dia. Um dou-dou de uma criança, com contacto, não é preciso ter um QI acima da média para juntar 2 e 2 e, pelo menos, imaginar que a dita criança vai ficar muito triste.
Bom, lá fui eu para a net comprar todos os Monsieurs Chat que encontrei, custassem o que custassem! Nem que fosse preciso um crédito pessoal, um requerimento ao governo, uma ida ao vaticano para que o papa intercedesse mundialmente nesta busca, eu havia de trazer o bicho para casa.
Já não há igual, deve ser um modelo descontinuado, encomendei os mais aproximados possível a ver se acerto que isto de ver desenhos tem que se lhe diga, eu que vejo com as mãos para além dos olhos, do nariz e se for preciso da boca.
Chegou hoje o primeiro. É lindo, e novo! É maior, tem pêlo encaracolado e uma t-shirt mas o que interessa é que está cá!
Como a Mathilde, para se consolar julgo, dizia, com um ar tristinho que ele tinha ido de férias, tirámos-lhe a t-shirt e dissemos-lhe que ele tinha voltado, mais gordo e com permanente.
Estou mais contente, hoje a minha bebé já adormeceu com o seu gatinho e em breve ele há-de cheirar tão mal como o outro ;)
Se alguma alma caridosa encontrar o Monsieur Chat, telefone por favor!
Para quem não o conhece, ele é assim.
E faz-nos muita falta.
Estava numa mochila pendurada na bicicleta onde o papá foi buscar a Mathilde, nas costas da cadeirinha dela, caíu, e foi-se.
Como prevíamos que um dia algo assim se poderia passar, há uns meses, o pai prevenido fez uma medalhinha com o nº de telefone e Monsieur Chat passou a andar todo janota de coleirinha com o seu nome.
A mochila tinha um casaco, ténis, meias, calções e t-shirt para a ginástica e o MAIS MARAVILHOSO DOU-DOU DE TODOS OS TEMPOS!
Quem a encontrou podia ter ao menos devolvido o gato, deixava numa loja, dizia que tinha encontrado caído no chão, entregava na polícia, pedia uma recompensa, sei lá... fiquei mais desiludida com a humanidade desde esse dia. Um dou-dou de uma criança, com contacto, não é preciso ter um QI acima da média para juntar 2 e 2 e, pelo menos, imaginar que a dita criança vai ficar muito triste.
Bom, lá fui eu para a net comprar todos os Monsieurs Chat que encontrei, custassem o que custassem! Nem que fosse preciso um crédito pessoal, um requerimento ao governo, uma ida ao vaticano para que o papa intercedesse mundialmente nesta busca, eu havia de trazer o bicho para casa.
Já não há igual, deve ser um modelo descontinuado, encomendei os mais aproximados possível a ver se acerto que isto de ver desenhos tem que se lhe diga, eu que vejo com as mãos para além dos olhos, do nariz e se for preciso da boca.
Chegou hoje o primeiro. É lindo, e novo! É maior, tem pêlo encaracolado e uma t-shirt mas o que interessa é que está cá!
Como a Mathilde, para se consolar julgo, dizia, com um ar tristinho que ele tinha ido de férias, tirámos-lhe a t-shirt e dissemos-lhe que ele tinha voltado, mais gordo e com permanente.
Estou mais contente, hoje a minha bebé já adormeceu com o seu gatinho e em breve ele há-de cheirar tão mal como o outro ;)
Se alguma alma caridosa encontrar o Monsieur Chat, telefone por favor!
Para quem não o conhece, ele é assim.
E faz-nos muita falta.
terça-feira, 9 de outubro de 2007
sábado, 6 de outubro de 2007
"Eu sou crescida... e eu sou pequenina..."
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
Maioridade infantil
terça-feira, 2 de outubro de 2007
4 U
O conceito de prenda para a Mathilde é o melhor que conheço.
Tudo é um presente.
Um boneco de peluche, uma garrafa de água com o Bugs Bunny na etiqueta, umas pantufas, uma pedra, uma flor, um bom-bom, um queque, um gancho, um livro, um disco, uma canção, um colar, um lençol, uma bicicleta, o que quer que seja que lhe seja oferecido.
É o presente no estado puro do termo. Algo que se oferece a alguém, que é apanhado, comprado, feito para o outro com a intenção de lhe agradar, independentemente da forma, cotação na bolsa, tamanho, odor ou cor.
Oferecemos-lhe, desde sempre, prendinhas pequeninas como um saquinho com 5 ou 6 gomas ou uma concha encontrada na praia ou um bonequinho daqueles que saiem naquelas bolas daquelas máquinas com aquelas maçanetas que rodam quando se põe lá dentro uma moeda. Para a Mathilde é sempre uma surpresa, um cadeau.
E ela faz o mesmo connosco. Praticamente todos os dias, quando a vamos buscar à creche, tem folhas de todos os tamanhos e feitios que apanha do chão, flores que arranca à sucapa, pedras que descobre sei lá onde para nos dar.
- É para ti mamã. Et ça c'est pour toi papa. E também tenho para a Manon. Ce sont des cadeaux.
As educadoras contam que ela faz isso com algumas delas também.
É tão bonita a Mathilde, um presente e uma surpresa, todos os dias.