segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Sonhos III

Sonhar destingue a condição humana e todo o humano sonha. A memória pode ser mais ou menos vívida mas todos sonhamos, é a nossa forma de resolver durante a noite o que nos incomoda ou preocupa durante a vigília.

Os sonhos de repetição, bastante comuns, interessam sempre quem se dedica à saúde mental.

Durante anos há bastantes anos já, sonhei um bem angustiante em que, para além de ter de atravessar de carro um caminho muito mais estreito que o própio carro a metros e metros de altura, tarefa já de si muito complicada e que me lembrava um dos pesadelos em Elm Street qualquer, talvez o terceiro, que começava com um autocarro em situação semelhante, para agravar ainda mais a situção a estrada subia sem aviso em ângulo recto e eu acordava sempre antes de chegar lá acima.

Explicações freudianas à parte que envolvem seguramente simbologia sexual ;), o que é certo é que uma noite cheguei lá acima against all odds.
E quando cheguei estava num cenário paradisíaco.

Assunto arrumado pois nunca mais o sonho se repetiu.
Quando acordei concluí que, mesmo sem saber bem qual, tinha resolvido o problema, e bem!
Associei livremente tal feito a ter encontrado o pai das minhas filhas e acho bastante provável que a interpretação passe por aí.

Tanto tempo depois, há uns dois ou três anos vi o meu cenário final, num livro da Mathilde. Tal e qual.
Quando virei a página, deslumbrei-me com a imagem. Pode parecer um desenho banal aos olhos de outros mas aos meus é, em absoluto, o meu lugar de felicidade no meu sonho resolvido.



O que senti quando o vi num livro da minha primeira filha foi uma espécie de magia, como se o destino me tivesse reservado tal momento numinoso.

Se calhar é só a carga de alegria e tranquilidade que lhe coloco, a ressonância emocional que lhe imponho.
Se calhar se não fosse através deste livro, teria sido de outra forma.
Ou se calhar foi porque a Mathilde nasceu que o encontrei.
E de todas as hipóteses enumeradas e outras não citadas a que mais gosto é desta, pela sensação de não-acaso.

É um pensamento mágico? É! E então?
Freud não explica tudo e mesmo ele disse, às tantas, que às vezes um charuto é apenas um charuto ;)

1 comentário:

patrica disse...

afinal, os pensamentos mágicos realizam-se! está aí a minha resposta.