domingo, 26 de outubro de 2008

A magia da sina

Quando abraço as minhas filhas ao meu colo lembro-me, por vezes, delas bebés e embora goste e aproveite todas as fases de cada idade, tenho saudades. Se pudesse tinha 4 ou 5 filhos ou mais.

Quando tinha aí uns 7 ou 8 anos, tirei a minha sina numa máquina no Jardim Zoológico, sim havia uma máquina de sinas no Zoo, e na minha actual fantasia imprecisa era parecida com a "Zoltar" do filme "Big".
Deu-me, a troco de uns tostões, um bilhetinho em cartão duro, como os antigos bilhetes de combóio mas sem nenhuma marca em forma de lua ou de estrela do picas, que na frente dizia "Alberto, que lindo nome" e no verso terminava afirmando que eu teria 12 filhos e 27 netos.

Não tive nenhum namorado Alberto, sei que na altura me lembrei que o pai da Zé dos 5 (da Enid Blyton) se chamava assim e como nas brincadeiras da escola eu era sempre a Zé, não porque fosse Maria Rapaz mas porque gostava do cão e do protagonismo rebelde da personagem, achei esquisito ir casar com o meu pai. Claramente um conflito edipiano ;)
Quanto aos 12 filhos talvez fosse uma coisa simbólica a apelar ao meu lado maternal porque me parece que, ainda que desatasse agora a fazer crianças, ou as tinhas às ninhadas ou a coisa é obviamente improvável.
Os 27 netos... bom também não desejo ninhadas às minhas filhas e como tal espero que a máquina desconhecesse o significado dos algarismos e achasse apenas bonita a combinação do 2 e do 7 que aliás me agrada também.

No entanto, mesmo não tendo tido nunca aquela convicção que proclamam muitas mulheres de ter nascido para ser mãe e não o ter desejado desde menina como se fosse o único objectivo da minha vida, a maternidade sempre me pareceu algo natural e que aconteceria na fuidez do meu caminho. E quando tal aconteceu percebi que podia ter os tais 12 filhos e 27 netos do "Zoltar" do Zoo.

Tenho saudades das minhas quando eram bebés.
Tenho saudades da sensação de felicidade intocável assim que elas nasceram, do primeiro dia, daquele perfume de recém-nascido, da tranquilidade profunda dos seus sonos, dos braços esticados por cima da cabeça e das mãozinhas papudas fechadas, do olhar atento a descobrir o mundo, do sorriso desdentado, dos primeiros passos, das primeiras palavras, tenho saudades de tudo.

Não estou com um desejo súbito de ter mais bebés, estou apenas a recordar e sei que temos duas meninas maravilhosas, saudáveis, divertidas, inteligentes, gentis, meigas e tão bonitas, desde sempre.

E tal como tenho saudades, tenho também o prazer do aqui e agora, a crescerem, tão grandes e pesadas que já pego dificilmente nas duas ao mesmo tempo, tão cómicas que me dobram a rir, tão espertas que me ensinam todos os dias, tão ternas que me comovem até às lágrimas, tão perfeitinhas que me pergunto como sempre "Como é que eu fiz isto?"
É que, realmente, é mágico.

4 comentários:

Confras disse...

:)

Alexandra disse...

É mesmo mágico!!
E elas são lindas...
É tão bom recordar, passa mesmo a correr!

Noc@s disse...

É mesmo assim :-)
Jocas saudosas ;-)

Anónimo disse...

Olá querida mamã, realmente ser Mãe é uma grande realização nossa. E, melhor, é uma realização diária pois todos os dias os nossos filhos contemplam-nos com algo de maravilhosamente bom. Mesmo quando fazem asneiras aprendemos sempre!

Beijinhos,Sofia,Pedro e Joana