domingo, 6 de maio de 2007

O enterro da chucha


Hoje é um dia histórico, o dia do enterro da chucha da Mathilde.
Bebé, nunca ligou à chupeta, roubava as chuchas dos amiguinhos do berçário e atirava-as para longe, a safadinha. Um dia, já com um ano e qualquer coisa, quando se perdeu de amores pelo Monsieur Chat, descobriu também os prazeres do suga-suga e tornou-se uma Maggie Simpson convicta em momentos de necessidade de consolo.

Andávamos há meses a falar do enterro da chucha e a Mathilde a responder que sim e tal e coisa mas sempre a adiar.
Hoje, de repente, talvez porque estava sol, e fomos à praia de manhã, e ela andou com a Manon a brincar dentro de uma piscina pequenina à tarde, maravilhada com o fato de banho e os pés ao léu finalmente!, e era o dia da mamã, e ontem fez anos a vovó e houve bolo e velas para soprar e parabéns para cantar mais uma vez (é que parece Natal esta época! Toda a gente faz anos!), não sei, alguma coisa lhe passou pela cabeça, acabou de lanchar e disse:
- Não quero mais a chucha!

(Talvez tenha ajudado dizer-lhe, pela enésima vez, de forma já aparentemente displicente, que se ela continua com a chucha vai ficar com dentes de Bugs Bunny, projectados para a frente, e o aparelho será um must inevitável se os quiser direitinhos novamente; não, não é um exagero, é o que está a acontecer, para grande aborrecimento meu, enfim... não quero provocar-lhe infelicidade ao amputar-lhe a chucha, o grande consolo em qualquer ocasião de contrariedade mas enfim... também não quero que ela fique infeliz porque os dentes isto ou aquilo)

E nós:
- Não queres? Não queres nunca mais?
- Não!
- De certeza?
- Sim! Não quero nunca mais a chucha!
- Ah! (Tocam trompetas, cantam anjos, aleluia, aleluia... é Natal realmente!) E podemos enterrá-la? (Pensando melhor é o fim da Quaresma...)
- Sim!

E lá fomos nós proceder à cerimónia.
A chucha jaz, pois, dentro de uma caixinha oval, por baixo de um loureiro do México, desde as 16h mais minuto menos minuto.
Jaz e lá ficará mas suponho que a história não está de todo acabada.

Claro que a ela a reclamou várias vezes e nós lá lhe fomos dando a volta. Mas para dormir nada feito, ela pediu tanto mas tanto mas tanto que lá negociámos que era mesmo só para dormir e que amanhã a chupeta volta para debaixo da terra (a sorte é que a Mathilde tem não sei quantas chuchas todas iguais, made in Jumbo, e que embora tenhamos feito desaparecer as outras, não foi preciso ir desenterrar nada mas apenas abrir uma gaveta) (afinal é Páscoa, a chucha ressuscitou 4 horas depois da sua morte, nem 3 dias isto durou... resta o Pentecostes daqui a uns dias, pode ser que o milagre aconteça, por obra e graça do Espírito Santo).

4 comentários:

borrowingme disse...

não é fácil tirar a chucha
até porque faz tão parte do consolo...
mas enterrar?!?
nunca tinha ouvido...
a da maria foi só para o lixo
não houve natal, nem páscoa... nada!
aliás nem nunca mais se pronunciu essa palavra cá em casa
graças a de... naaa, a mim!
bjs

feliz dia da mãe!!!!!!!

Sara disse...

Para minha grande sorte a Beatriz nunca usou chucha. A verdade é que ela em pequenina não a queria e, embora a minha mãe insistisse em enfiar-lha na boca porque "é necessário", eu achei desnecessário e se ela não queria não era eu quem a ia obrigar. Assim não tenho esse problema.
O mesmo não se passa com a minha irmã cuja filha tem um mês mais do que a tua Mathilde. Parece que o problema, no entanto, ficou resolvido a semana passada de uma forma talvez, e na minha humilde opinião, um pouco traumática mas que, ainda assim te vou dizer:
A minha irmã com esse problema dos dentes projectados para a frente levou a miuda ao dentista para ver o que se pode fazer. O dentista disse, perentoriamente (e ao contrário do pediatra, cujas preocupações não são os dentes) que ela tinha de largar a chucha ou ia ter graves problemas. Assim a minha irmã pediu ao senhor (dentista) que explicasse isso à Inês (minha sobrinha). O senhor não fez mais nada disse à menina que se continuasse a usar a chucha lhe acontecia o seguinte; e agarrou na broca e meteu-lha por milésimos de segundo nos dentes... escusado será dizer que a menina entrou em pânico e nunca mais (pelo menos que eu saiba) quis ver a chucha à frente... Não sei se a história ajuda...

e...

Feliz dia da mãe minha querida Maria :)

Monica disse...

Há quem enterre caloiros..e há quem enterre as chuchas..xD

Enfim..é sempre aquele momento complexo!! Eu nao a kis largar, foi quase à força, já bem maiorzinha k ela. O meu irmão foi com alguma tranquilidade. Não soube onde a meteu, o que levou a que ele se culpabilizasse. Até hoje, com pedidos pelo meio mas vagos, nunca mais pegou em nenhuma. Ainda bem diga-se :)

beijinho**

Anónimo disse...

Os homens, dentro da sua brutalidade, nem têm paciência para estas coisas

O meu filho deixou a chucha, no dia em que eu decidi que isso ia suceder, basicamente porque aquilo lá em casa é uma democracia de sucesso em que quem manda sou eu :P

Duas horas de berreiro e de indiferença até cair para o lado a dormir, foi o suficiente. E garanto que não deu trauma nenhum. Passados 4 anos, não noto nada, pelo menos...