sábado, 13 de março de 2010

Versões


A ilusão auditiva é uma das minhas preferidas.
Brincar ao telefone árabe sempre me divertiu e perceber letras de canções de forma absurda também.

O exemplo do qual melhor me lembro é o "Better man" dos Pearl Jam em que eu ouvia "Can't find the paramedics" em vez de "Can't find a better man" e imaginava o cenário terrível e hemoglobínico em que alguém se esvaía em sangue no meio da rua, à noite, e o vocalista tentava estancar a hemorragia enquanto se lamentava gritando uma rocalhada sem nexo porque a ambulância nunca mais chegava.
Muito parvo, sim!, mas divertido, também.

Como este, muitos outros equívocos auditivo-verbais se foram e vão acumulando na minha história.

O último foi há uns dias na dança, em que o professor, no cool down, pôs "Shimbalaiê" de Maria Gadú que, ao que parece, é bastante conhecido mas que eu nunca tinha ouvido antes.
Juntando ao meu desconhecimento o facto da intensidade sonora nas salas das aulas em classe dos ginásios ser bastante elevada, em vez de "Shimbalaiê, quando vejo o Sol beijando o mar", eu percebi "Shimbalaiê, quando vejo cerveja no mar" e pensei que a senhora que cantava, e que eu não sei quem é, ou devia ter fumado alguma coisa ilegal ou estava em síndrome de abstinência alcoólica ou as duas coisas ao mesmo tempo, porque me era difícil perceber a poesia do verso, só se fosse pela espuma porque um mar amarelo tolhe-me a capacidade de relaxamento, para além de não apreciar a dita bebida, sou mais vinho tinto, e ainda assim a ideia de um mar bordeaux também me tolhe o agrado.

A Mathilde e a Manon são um saco sem fundo de aldrabices como estas, embora das duas a mais palhacinha seja a mais pequena.

A última aquisição cantarolada é "Macarena".

A Mathilde chegou a casa a cantar o one-hit wonder de "Los del Rio" que tanta gente pôs a abanar a anquinha a meio dos anos 90. E ainda põe, basta que alguém se lembre de o pôr a tocar e saltam logo uns tantos para a pista a fazer a dança do teledisco. Eu também salto, porque quando não salto há sempre quem me venha obrigar a saltar, devo ter cara de quem gosta de abanar a anquinha, e gosto, mas não assim tanto ao som de "HEEEY! Macarena!!", disfarço é bem.

A versão da mais crescida é "Baila tu corpo Maria Macarena!". Nada mal!, soa-me bastante próximo de "Dále a tu cuerpo alegría, Macarena!".

A versão da Manon é discretamente mais desconexa, "Corpo, papaia, cozinha, Macarena!", e eu digo BRAVO!, muito melhor que os meus paramédicos! :D

Esta miúda faz-se! Allez Manon! Como tu dizes sempre
"Para o infinito e mais ALGUÉM!!!!"

2 comentários:

Anónimo disse...

sempre achei um piadão a estas nossas "interpretações sui generis" e há meses descobri num blog que a isto se chama "virundum" (ou, em inglês, "mondegreen"). está lá a explicação e, claro, alguns exemplos deliciosos! http://beijo-na-boca.blogspot.com/2009/11/scuse-me-while-i-kiss-this-guy.html

parabéns pelo blog (que sigo há anos)e pelas suas filhas absolutamente encantadoras.

pipa

são gomes disse...

Quem sai aos seus não é de Genebra :)