A única vez que me mascarei (que a minha mãe me mascarou) em miúda foi de gueisha, imagine-se!, eu que não suporto sapatos apertados nem tenho jeito nenhum para penteados apanhados complicados. Também não tenho jeito para penteados soltos simples, parece-me de alguma forma óbvio que não seria uma cabeleireira de sucesso, uma máscara que nunca me atreveria a experimentar sem pejos.
Depois fui crescendo e fiz um fato de Emília, a boneca viva do Sítio do Picapau Amarelo. Fiz o fato e a cabeleira com lã e arames para que as tranças ficassem reviradas (a lã é mais domável que os cabelos e a falta de queda para os pentes e as escovas era sobejamente substituída por um engenho aguçado pela necessidade).
Já maiorzinha fiz um fato de Pierrot cosido por uma amiga que percebia de máquinas de costura. Eu cortei e fiz os pompons, com lã claro, a lã era um elemento que eu dominava, muito tricot explicado pela minha mãe, muitos trabalhos manuais no colégio, muitas fadas do lar, muitos arraiolos, e muitas carteiras feitas com agulha e lã passada entre os espaços de uma rede de plástico quadriculada, técnica da qual me escapa totalmente o nome mas que ainda no outro dia apreciei dentro de um baú de recordações dos meus anos de menina.
E quanto a carnavais é tudo o que me lembro.
Não é uma festa que me atraia nem que me repulse. Acho bonito o de Veneza, louco o do Brasil e causador de infecções respiratórias mais ou menos graves o de Portugal.
Agrada-me que numa época como a Idade Média, o Cristianismo desenfreado da altura tenha inventado o "adeus à carne" para que se pudesse entrar aliviadinho na quaresma, sempre são 40 dias e 40 noites antes da Páscoa em jejum ou abstinência.
Percebo que se possa vibrar com uma festa em que "ninguém leva a mal", só me chateia que no resto do ano não se seja mais tolerante porque, dando apenas um exemplo pequeno, se há tanto homem que adora vestir-se de mulher no nosso país, ainda hoje vi imensos, espanta-me que muitos deles sejam homofóbicos e não mandem beijinhos aos amigos, apenas abraços que é coisa de Homem. Quer dizer, não me espanta mas tenho alguma pena. No que à alegria e tolerância diz respeito, o carnaval podia não ser 3 dias, que aliás são 5 e venha o lugar comum, mascarados andamos todos o ano inteiro.
Claro que com as manas M & M o entrudo é uma alegria pegada.
A Mathilde pedia um vestido da Bela há anos. A associação à namorada do Monstro deve-se à cor do cabelo e gosto muito da ideia uma vez que Bela não é uma donzela desesperada à espera de um príncipe que a salve de uma madrasta ou de uma bruxa ou de uma madrasta/bruxa más.
A Bela é inteligente, adora ler, é destemida e apaixona-se pelo que é invisível aos olhos e se vê com o coração, ao ponto de tocar uma fera no seu melhor e fazê-lo voltar a brilhar.
Gosto da Bela. Gosto da Bela desde que a vi na Broadway em Dezembro/1994.
E mais, apesar da Comédie Musicale - Notre Dame de Paris, de grande sucesso em França, não ter nada a ver com esta menina do vestido amarelo mas sim com com a cigana Esmeralda, a canção mais conhecida daquele espectáculo começa assim: "Belle, c'est un nom qu'on dirait inventé pour Elle..." e é verdade, aplica-se à Mathilde.
A nossa loirinha, que me respondeu no outro dia a propósito de comer peixe que não se rala nada se não for inteligente ;)(ela gosta de peixe mas naquele dia não estava para aí virada e o argumento "le poisson rend inteligent" não pegou), atravessou no final do ano passado a fase Cinderela, um déjà vécu com a Mathilde.
Pois Cinderela foi a sua escolha e que bela Cinderela nos saíu!
Não desprezar nunca uma menina capaz de dançar em cima de sapatinhos de cristal, que fala com os animais e que troca as voltas a uma madrasta e duas manas feias. Não é muito muito importante que não passe horas na biblioteca para o desenrolar do filme, são histórias de vida diferentes para que fique defendida a personagem eleita pela Manon.
Lembrei-me este ano que quando era miúda muitas meninas se vestiam de espanholitas com vestidos às pintas, colares, castanholas, flores no cabelo e um sinal no queixo. Lembrei-me porque vi às carradas, mais do que há 4 anos vi Noddys, é um sinal dos tempos com certeza, a moda é um carrocel:)
A Mathilde ficou fascinada e ainda mais quando foi a casa de uma amiga passar a tarde de sábado e esta lhe emprestou o seu vestido de sevilhana.
Para acabar a festa ainda recuperámos um dia cá em casa os modelitos de fadas do ano passado.
Foram 5 dias animados, nada como as crianças para que a vida seja um carnaval.
7 comentários:
Ainda me lembro do fato de Pierrot e do de Emília que a modéstia te impediu de escreveres que ganhou um prémio...
Ganhou um prémio?
Não foi a modéstia, foi a amnésia para tal episódio.
Que prémio?
E eu ainda me lembro de ti de Múmia? ;):D
As meninas, em versão Carnavalesca, giras como de costume.
Achei curioso o fato da Emília: também fiz em tempos umas tranças de lã com arame, mas para Pipi de Meias Altas.
Confras
Tão giras que elas ficam, tanto de fada como de princesa..:)
Quanto ás espanholitas, realmente este ano viam.se imensas..
beijinho.
Se não ganhou um prémio, merecia. Estava fantástica. Mas teimavam em dar os prémios aos homens vestidos de mulheres! A múmia foi uma boa opção (até ter vontade de ir à casa de banho e perceber que não tinha contemplado essa possibilidade)
Muito obrigada, Cuga, pelo "fantástica", aos meus olhos era um projecto de máscara em patchwork que mereceria talvez o prémio do "esforço";).
Pois as múmias têm esse inconveniente por isso nunca se deve enrolar alguém que não esteja de bexiga vazia ;)
Muito obrigada Confras e Maria. Fico sempre babada quando me dizem que as minhas miúdas são giras:)
Olá mamã, bem, todas as fatiotas são lindas mas as tuas filhas são muito fotogénicas :-)
Beijinhos,Sofia,Pedro e Joana
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