quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Papagaio Louro



Eu falo que me desunho.
A Mathilde fala pelos cotovelos.
A Manon palra como se não houvesse amanhã.

Parece que por cada palavra emitida por um homem, a mulher desbobina, em média, 3.
Cá em casa, o único elemento representativo do sexo masculino afirma desde sempre que um dia não vai conseguir placer un mot com este trio de gralhas à volta dele. A proporção é-lhe nitidamente desfavorável, ora deixa cá ver, façamos um ar guterriano, 3 X 3, 9... se calhar ainda vai mais alguma que contesta a média e prefere o desvio padrão superior... pois, assim de cabeça, sendo gentil, por cada palavra do papá saiem 9, ou 10 das "pipelettes" de serviço, é dose... diga-se que ele não é propriamente calado e introvertido, antes pelo contrário, por isso talvez se consiga reduzir a fracção a 1/6 ou 1/7, mas ainda assim...
Bom, es lo que hay!

A Mathilde está na fase de contar histórias e canções e lengalengas, tudo em opção bilingue franco-lusitana ou luso-francesa e, quando há aula de inglês na creche, passa horas a cantarolar e a inventar palavras que soam à língua dos Beattles, qualquer coisa como "awénowé-row-wow-daw-now-away-raw-they-ow-day-arwénowé" misturado com sons mais definidos "Merry Christmas, I'm Mathilde, I'm a girl, it's a cookie, be quiet, good morning" e por aí fora, o B-A BA das primeiras lições em estrangeiro.

A Manon então, está em plena fase "Papagaio" e "Louro" já agora, dado o cromatismo da sua cabecinha encaracolada. Repete tudo e delicia-se a descobrir novas palavras.
De manhã, levanta-se na cama, inclina a cabeça sobre um dos ombros e diz, com um sorriso maroto e satisfeito "Bom dia!" e depois, para não ficar nenhum "ombro" sem uma festinha, dobra em direcção oposta e "Bonjour!".
Posto isto, mete a primeira e nunca mais pára todo o santo dia. E também canta, tal como a irmã, canta e canta.

Eu discurso sobre o sentido da vida, é algo que sempre me intrigou e me provoca fernicoques que impelem o débito palavresco, está-me na massa do sangue, expressão da minha mãe. E cantarolo, pois claro, sobre o sentido da vida e sobre o que me apetece sem sentido nenhum também.

O papá continua a placer ses mots sem qualquer dificuldade.

Resumindo, é uma parafrenália de sons e palavras nesta casa.

Tenho andado a reflectir e decidi que, se cantarem afinadinho, ainda faço um mini-coro para festas e baptizados, com "orçamentos grátis, vamos a casa". Sempre se amealha um pézinho de meia para as reformas delas, que isto mais vale começar já e aproveitar os recursos.
Isso e fazer bolos para fora também parece que dá.

1 comentário:

Formiguinha disse...

Olha que isso é exploração do trabalho infantil!!!!

Coitado do pai (heheheh)!

Bêjos