sábado, 29 de maio de 2010

No país das maravilhas


A nossa Mathilde continua muito bailarina e cada vez mais acrobática.

Como a Manon queria muito dançar, a professora da Mathilde convidou-a a juntar-se à aula da irmã a partir dos 4 anos.
Ora parece que as manas se parecem nestas coisas de bailar e que a Manon é muito aplicada e concentrada e conhece as coreografias de todas as alunas.
A festa do final do ano passou-se há uma semana na escola da nossa grande.
E foi a Manon quem a apresentou.
Levou um papelinho (pedido por ela) com desenhos para não se esquecer de nada e de microfone na mão proclamou:
- Senhoras e senhores, meninos e meninas, o espectáculo vai começar, Alice no país das maravilhas. Desliguem os telemóveis, fiquem sentadinhos, não façam barulho mas podem tirar fotografias. Vai começar o espectáculo. Alice no país das maravilhas!

Derramei algumas lágrimas, claro está.
E depois mais umas quando ela entrou, de sorriso rasgado, na pele de uma abelhinha e a Mathilde como borboleta também ela com o ar mais feliz do mundo.






















Estavam tão contentes e tão descontraídas que dá gosto perceber o gosto destas apresentações.







Foi uma festa M & M no país das Maravilhas com direito a comemoração com pizza, gelados Santini e deitar tarde.

Ensaio

Final do Campeonato de França de Rugby...

- C'est qui contre qui papa?
- Clermont Ferrand contre Perpignan, Mathilde.
- C'est qui en rouge?
- Clermont en rouge et Perpignan en jaune.

A Manon, visivelmente confusa,a seguir atentamente a conversa e as imagens onde 30 jogadores se batiam pela vitória:
- Papa, pourquoi le vert il est tout seul?

(Era o árbitro.)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Odontologia


Foi a 19 de Julho que tudo começou e a 30 de Abril, 9 meses depois, concluiu-se a queda dos incisivos.
9 meses - 8 dentes.
Foi incisiva, sobretudo o último mês com três baixas.

A boca da Mathilde passou pela fase baliza com uns sibilos de vez em quando mas rapidamente se compôs com os quatros primeiros definitivos.
É de uma rapidez incrível. E incrível é o que me ocorre quando vejo dentes grandes numa boca pequenina.

Segundo as biologia e fisiologia da generalidade dos seres humanos os caninos só deverão cair daqui a uns anos, lá para os 8. Com esta pressa toda estou a preparar-me para em Julho os da Mathilde começarem a abanar.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

No tapete com...




- Oh! Papa!! Tu m'as réveillé et j'étais sur le tapis avec Aladdin!!! Laisses-moi me rendormir! Je veux revenir dans mon rêve!




(Freud dizia que todos temos três sonhos pelo menos uma vez ao longo da nossa vida, o do exame, o da nudez em público e o de voar.
Eu sonho frequentemente que deslizo a centímetros do chão como se estivesse em cima do skate sem rodas do "Regresso ao Futuro II".
A Mathilde voa no tapete com o Aladino. Muito mais simples, muito mais clássico, muito mais fácil de arranjar (um tapete há na maior parte das casas) e, sobretudo, muito mais alto! E com companhia! E gira!

As crianças é que sabem. E o resto é conversa de gente grande complicada (a conversa e a gente).

terça-feira, 11 de maio de 2010

Percebemos que há coisas fora da nossa jurisdição... II e Vocações V


- Já sei outra coisa que eu quero ser!

- É o quê? Jardineira?

- Jardineira?

- Sim, Mathilde. Disseste-me ontem que o que mais querias na vida era ter um jardim só para ti, adoras flores, fazes arranjos todos os dias e instalações na minha mesa de cabeceira, jardineira parece-me adequado.

- Não mamã. Eu gosto de flores mas agora, para além de professora de infância e acrobática e de cantora, quero ser professora de futebol.
Vou ter um chapéu, uma t-shirt especial, uns calções, ténis e um apito!

- ... (...dourado? ... ... as flores são seres vivos tão bonitos... e a jardinagem é tão apaziguadora ... ...) ... Professora de futebol? Claro querida! Tudo o que tu quiseres. Se isso te faz feliz...

Vocações IV e Amor incondicional II


- Há tantas coisas que eu queria ser...

- E podes ser Mathilde.

- Tu tens tanta sorte! Fazes tantas coisas...

- E tu também podes fazer. É só quereres. A minha avó dizia e a minha mãe, a vovó, diz que mais vale quem quer do que quem pode. Tu podes tudo, é só quereres.

- Ai posso? Então já sei! Quero ser como tu! Porque fazes muitas coisas e fazes tudo bem!

(preto no branco, aqui fica, para a posteridade ;))

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Percebemos que há coisas fora da nossa jurisdição...


...quando a Mathilde a meio do banho desata a cantar fazendo voz grossa
"SLB!SLB!SLB!! Curioso SLB!!"

E quando me atrevo a perguntar o porquê de tal manifestação clubística ela afirma "Porque o Benfica é campeão. Ganhou ao Ribaldo.

(Ao rival? Ou ao Rio Ave?... não que o esclarecimento importe tendo em conta que a minha filha maior, à ida para a escola com o pai e antes que ele dissesse uma palavra sobre o assunto, pegou no jornal matinal e gritou CAMPEÃO!! quando eu mal me tinha apercebido do feito...)

domingo, 9 de maio de 2010

Amor incondicional




















A Manon a olhar para um prato de bacalhau acabado de servir...

- HUM... Cheira tããão bem! És a melhor das cozinheiras mamã!

(Achei melhor escrever, para que fique escrito, e mais tarde poder usar a meio de uma eventual discussão na adolescência ou em qualquer outra idade, que nesta altura ela me amava incondicionalmente, incondicionalmente ao ponto de um elogio destes :)
Quem se riu foi o papá, claro.)

sexta-feira, 7 de maio de 2010

"Mi dá até vontadi di chorá!"


Há décadas já, quando o Herman me fazia rir de manhã na Rádio Comercial com textos do Nuno (que eu nem sabia quem era), uma das suas pérolas era a radionovela chamada "Mamãe".

O protagonista, Mirtinho Neném, torneiro mecânico, tinha uma expressão deslumbrada quando via algo novo. Por exemplo, quando chega a Portugal, à procura dji sua mamãe, e no Martim Moniz se depara com o Centro Comercial da Mouraria, exclama:
"Centrô Cômerrciau da Mouraría. Nosssa! Que edjifíciô boniito! É o edjifíciô maixx boniito que eu vi em tôda a minha vida. Mi dá até vontadji dji chorá!"

Sobe a Almirante Reis e perante a estátua da Praça do Areeiro (Sá Carneiro) maravilha-se e insiste:
"Nosssa! Qui istátua boniita! É a istátua mais boniita qui eu vi em tôda a minha vida! Mi dá até vontadji dji chorá! Não tem corrpo, só tem cabêça... Ah! Já sei! É o S. João Baptista!"

E mais tarde, a propósito da filha de um grande empresário de Poias-de-cima, a minina Neuza (se não me engano na graça da dita), quando de manhã a mãe da rapariga lhe pergunta se ele dormiu bem, ele responde:
"Muitô bem! Minina Neuza mi mostrou um buraquinhô com cheirinhô a maresia, mi deu até vontadji dji chup... de chorá, né?"

Era a imagem de marca, a frase de posicionamento, o bordão, o must de Mirtinho Neném.

E não é que tenho um Mirtinho em casa?
A Manon diz constantemente coisas parecidas.
"Que carro tão bonito! É o carro mais bonito que eu já vi!"
"Que desenho tão lindo! É o desenho mais lindo que eu já vi!"
"Que casa tão gira! É a casa mais gira que eu vi na vida!"
etc, etc, etc...

Eu digo-lhe que ela tem uma costela Mirtinho Neném e ela não me liga nenhuma e insiste "É a canção mais bonita que eu já ouvi!"

E eu penso com muita força "Mi dá até vontadi di chorá!" ;):D

Amor e fado


Em Dezembro fui contar uma história na sala de aulas da Mathilde.
Fizemos pequenos cartazes com embalagens em cartão das bolachas e do leite e espátulas pediátricas de espreitar gargantas como pegas onde colámos as imagens da história. Enquanto eu lia, ela ia mostrando aos amigos e fazendo as vozes do herói - o Samuel - e da menina que transforma a história num antes e num depois - a Sara.

Fizemos também uma canção e à medida que eu cantava ela passava novamente os mini-cartazes em versão acelerada obrigatória devido ao ritmo imposto pela música e impossibilidade de pausa. Essa era a parte da performance que mais gostávamos e acabávamos sempre à gargalhada com a atrapalhação dela. É cómica esta nossa Mathilde nestas coisas, e noutras também.

A Manon pediu-me depois que fosse à sala dela contar a mesma história e eu sugeri levar a Mathilde. Foi há umas semanas. Fizemos um trio, durante a leitura. Eu lia, a Mathilde interpretava as personagens e a Manon mostrava os cartazes. Depois cantámos juntas a canção com a Mathilde a tentar amanhar-se numa correria doida com imagens a voar de vez em quando.

A história é uma delícia. Chama-se "Amor, que nojo!" e segundo a nossa canção reza assim:

Amor, que nojo!


O Samuel era um menino que não gostava de ver gente apaixonada
Achava mesmo que o amor é coisa doida de gente desmiolada
Fugiu de casa e dos abraços e dos beijinhos que davam avós e pais
Foi para a selva e era pior! Macacos, ursos, elefantes e outros mais


Davam beijinhos, davam abraços, eram felizes a viver apaixonados
E o Samuel achava um nojo tantos amores e mais amores sempre agarrados
Fugiu para o mar num submarino e descobriu que lá no fundo era pior
Eram golfinhos, eram baleias e caranguejos a viverem cheios de amor


Fugiu para o espaço num foguetão e até no espaço se sentiu muito enojado
Extra-terrestres cheios de mãos davam beijinhos que o deixavam enervado
Partiu então num barco à vela e instalou-se numa ilha sem ninguém
Brincou sozinho, falou sozinho, sozinho estava mas apareceu porém


Uma menina chamada Sara que do amor tinha fugido sem parar
E concordaram os dois meninos sobre o nojento que achavam ser amar
Brincaram juntos só que entretanto o Samuel escorregou perto do mar
E foi a Sara quem o agarrou dando-lhe a mão para ele não se estatelar


O Samuel é um menino que afinal também gosta de amar
E a Sara é uma menina que acabou também por se apaixonar
Porque o amor é bem bonito e é tão bom dar um abraço e dar a mão
Dar um beijinho, gostar de alguém que de nós gosta e nos dá seu coração





Como o tema deste ano na escolinha da Manon é "O mundo que nos rodeia", um tema tão giro tão giro!, e em Janeiro começaram pela Europa e por Portugal (já passaram pela América do Norte, do Sul, pela África e pela Ásia), falando do hino, da bandeira, da comida, dos hábitos e também do fado, e como me pediram para lá ir cantar o fado, eu aproveitei e foi tudo a eito! Toca lá a cantar o fado.

Diga-se, a bem da verdade, que eu não sou grande apreciadora do género musical, não percebo grande ou pequena coisa dele e não me tinha antes aventurado a tal mas as crianças, as nossas pelo menos, têm esta coisa de nos fazerem olhinhos a pedir e eu, pronto!, está bem, também ninguém sairá lesado e eu prometo tentar não lesar o fado.

Escolhi três fados da minha meninice, A Mariquinhas (tão giro!), A Casa Portuguesa (porque a Manon pediu especificamente) e o Fado do Estudante, o meu preferido porque adoro os filmes portugueses antigos e "A canção de Lisboa" com a frase "Riqueza da sua avó, tão pequenina!" seduz-me do princípio ao fim, porque sou médica, porque estudei no Campo de Santana e porque a estrofe

Recordo agora com saudade
os calhamaços que eu lia
os professores da faculdade
e a mesa de anatomia


me arranca sempre uma lágrima à alma.



E correu bem, foi muito giro.
De médico, de são e de louco, e de fadista acrescente-se, todo o português tem um pouco, deve ser isso.

75 anos, bibelots e Jesus and Mary "chained"

A vovó fez anos, 75, no dia 5.
Fomos lá cantar-lhe os parabéns e saímos de lá com mais presentes do que chegámos.

A casa da vovó, cheia de bibelots de tempos passados, provoca sempre uma curiosidade elevada nas manas M. Adoram mexer nos anjinhos e chinesinhas e princesinhas e caixinhas e patinhos e cãezinhos e sapatinhos e xícarazinhas e outros objectos acabados em "inho" ou não, que pululam nos armários, estantes, mesas e outros móveis espalhados pela casa.
A minha mãe não resiste àquelas carinhas insinuantes quando pegam na bonecada e dá-lhes tudo. Qualquer dia pedem-me um armário de vidrinhos para arrumarem os bibelots.
A Mathilde, mais cuidadosa do que a Manon, já afirma que assim a vovó fica sem nada e eu já lhes sugeri que quando formos aos mercadinhos de objectos antigos pudemos comprar uns quantos bonequinhos para lhe oferecer e ir mantendo o pool da minha mãe.

No dia dos anos dela, a Manon trouxe uma balança miniatura e a Mathilde um casal de namorados muito juntinhos e com um ar feliz.
Enquanto estão lá em casa, para além dos espectáculos e das acrobacias novas que querem mostrar, entretêm-se a criar mundos com as personagens que lá habitam. O casal de namorados teve direito a um devaneio inocente-católico-like-ou-talvez-não da parte da Mathilde que acabou comigo a rebater que o Jesus era FILHO da Maria e NÃO NAMORADO da mãe.
São tempos difíceis para a Igreja Católica, sejamos, mais do que não seja, factualmente correctos :D

(Falando da Igreja Católica, e eu que não consigo chamar Bento XVI ao Papa?! Chamo-lhe sempre Cardeal Ratzinger. Devo ter aqui uma resistência qualquer à sua promoção a representante de Deus na terra.)

75 anos. Parabéns vovó!
Os teus bibelots são um sucesso.
Também eu brinquei muito com eles. Prometo nunca os vender no E-Bay e deixar escrito que são um legado familiar a passar de geração em geração.

Aqui fica, escrito, para já!

Obrigada minhas meninas lindas. Tu Mathilde e tu Manon tornam-me melhor todos os dias.

As festas do dia da Mãe começam antes e acabam depois do dia de comemoração propriamente dito. É uma festa pegada durante dias.

A da Mathilde, que provocou uma excitação antecipada na nossa filha maior durante mais de uma semana, aconteceu na sexta, 30 de Abril, com direito a canções, histórias, rosas, desenhos a meias, presentes, guloseimas e uma manhã passada a gosto entre nós.

Seguiu-se o domingo com um despertar com duas índias aos pulos em cima de mim, exclamando "BONNE FÊTE MAMAN!!!", e um presente escolhido cuidadosamente com o papá.

Finalmente a festa da Manon passou-se na terça com mais canções, histórias, desenhos a meias, presentes, guloseimas e outra manhã passada a gosto entre nós.

As festas do dia da Mãe começam antes e acabam depois do dia de comemoração propriamente dito. É uma festa pegada durante dias.

E eu gosto.