quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Esquissos


A jogar Pictionary, sai "Sintra" à Mathilde...


- Eu não posso fazer isto. Sintra.
Não consigo desenhar Sintra inteira!

Pièce de résistance (entenda-se prato principal) versus sobras

National Geographic, um búfalo ferido caído, uma hiena e uma leoa que se aproximam, abutres que sobrevoam.
- Papa , ça mange quoi, un vautour?
- Des restes, Mathilde.
- Des restes? Mais un buffle n'est pas des restes, c'est un entier!








(Julgo que o termo "restos", assim utilizado, é um portuguesismo do Xav a quem faz confusão a expressão "restos mortais" pois, diz ele, parece que só restou um braço, um pé, alguns dedos, eventualmente uma parte do tronco e da cabeça, mas não um cadáver inteiro, pois se são restos!  Em francês não se fala de restos neste contexto.
Não obstante um contexto díspar, pelos vistos a Mathilde tem o mesmo raciocínio, restos são as sobras de um prato inteiro, não são o prato inteiro.)

Natal - Arthur, um alegre conquistador, no doubts about it, pelo menos para mim E indignação de género, no caso, feminino

No sábado passado fomos ver "Arthur Christmas". Que belo filme de animação!
Muito nos rimos e temos falado bastante das cenas que preferimos.

O Xav elegeu África com os leões. É tão engraçada! Desde que aterram até conseguirem fugir, há uma sucessão de cenas hilariantes. Gostou também do roubo da rena de metal. Muito cómica também.

A Mathilde gostou muito desse momento, sobretudo da "Noite feliz, noite feliz, dorme em paz, ó gatinho... etc. etc." e do final da canção quando Arthur canta que "vai bazar" mas a cena que mais a fez rir foi a de Bryony, a elfo, no barco com o Avô Natal a preocupar o Arthur.

Eu também delirei com o discurso dramático sobre o destino da menina esquecida pelo Pai Natal, feito pela especialista em embrulhos que tudo empacotava com "três pedaços de fita-cola, TRÊS!" e para quem "há sempre tempo para laçarotes!".
(Embora necessite de bem mais do que três pedaços de fita gomada para embrulhar a maior parte dos presentes, considero, com firmeza, que há sempre tempo para laçarotes.)
Gostei também quando ela pergunta ao Arthur se é a sua primeira vez, aquando da entrega do presente, por sinal no local errado, e lhe dá a mão levando-o até à árvore.

A nossa M mais crescida que, bem como a mãe, tem a lágrima muuuito fácil nas cenas comoventes da Sétima Arte, gostou ainda bastante da entrega do presente no fim e emocionou-se novamente ao reproduzir o momento em que Avô Natal, Pai Natal e Steve, suposto herdeiro do cargo, discutem e Arthur os interrompe dizendo "Ela tem de ter um presente do Pai Natal!".
Impressiona-me sempre esta comoção dela. Parece-me coisa muito crescida para uma menina pequena. Tão querida a nossa Mathilde!

A Manon gostou dos elfos à espera tempos e tempos pelo Pai Natal que se ausenta dizendo "Venho já." e da frase inocente "O que achas que o Pai Natal queria dizer com "Venho já."?"
Gostou da falta de jeito para crianças de Steve e do portinhol "No chorare! No chorare!"
No entanto o que preferiu foi um momento dela que pôs os espectadores à nossa volta a rir não apenas do filme.
A propósito de pôr o velho trenó, Eve, a voar e chegar a tempo para entregar o presente, com toda a panóplia necessária de procedimentos contra o relógio,  o Arthur, preocupado, exclama que é impossível.
O Avô responde com grande calma "Antigamente achava-se que era impossível ensinar as mulheres a ler."
Replica a Manon, alto e bom som, indignada, "NÃO É NADA IMPOSSÍVEL!"



(Adoro a interacção das crianças com o écran.  Revejo-me, tal como os laçarotes.)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Pedagogias divergentes

No início do ano lectivo, a Manon chegou a casa a falar de um tal Justin Bieber.
Perguntei quem era.
Disse-me que era um cantor pequeno, não era grande.
Fui ver.
Descobri que, em relação a algumas coisas que se passam no mundo, ando ilhada. Não fazia ideia nenhuma, antes da minha filha de 5 anos me falar nele, da existência deste pequeno cantor que não é grande.
O termo imberbe foi o que me ocorreu.
Rapaz foi o que ela verbalizou depois. Não é grande, é rapaz.
Perguntei como é que ela o conhecia.
Explicou que o professor lhes tinha mostrado na aula e que tinha uma colega que queria casar com ele.
Desatou num "Baby baby baby oooh" etc. e etc. e etc. e a cantarolar foneticamente a letra do, pelos vistos, grande êxito do rapaz imberbe.
E eu pasma a olhar para ela.

Tempos depois vimos "The Karate Kid" e eu, já mais informada, afirmei confiante que a canção que estávamos a ouvir era cantada pelo protagonista e (acrescentei-me um tom irónico) pelo amigo dela.
E a Manon, sem sequer hesitar, atalhou "Sim. O Justin Bieber."

Nos últimos dias canta pela casa "Assim você mi mata" a torto e a direito.
Perguntei o que era aquilo.
Respondeu que era o Cristiano Ronaldo a dançar.
Quê?
Respondeu que o professor lhes mostrou na aula.
Fui ver.
Já vi.
Há coisas que se passam no mundo em relação às quais posso continuar ilhada :)
No entanto, ao que tens de ir, não podes fugir, razão tem a minha mãe.


O Justin Bieber... baby baby baby oooh... O Cristiano Ronaldo... assim você mi mata... enfim... never say never é o que vos digo :)

Expressão artístico-estético-dramática

Se há coisa que a Mathilde e a Manon adoram é mascarar-se.

Muitos e muitos fins de tarde, após o banho, inventam elaboradas produções onde misturam roupas de máscara com outras delas ou minhas e descem para jantar num estilo meio amalucado criado para o momento.
Elas são luvas e chapéus e meias e cintos e faixas e jóias e acessórios vários numa misturada estranha que lhes faz sentido. Já que dar sentido às coisas, sejam elas lógicas, loucas, lindas ou nem por isso, é o que a condição humana almeja todos os dias, suponho que estão no bom caminho, embora nos apareçam em cada figura que valha-me Santa Estética! :)


Fazem sempre uma apresentação com gestos, versos, coreografias e acabam em pose. Na maior parte das vezes a palavra "manas" entra na descrição das personagens e há um denominador comum no estilo exibido.

São tantas as vezes que já lhes perdemos a conta mas algumas fotografámos para a posteridadade.
E para as embaraçar, ou não :D, quando forem maiores.









domingo, 13 de novembro de 2011

Raios, coriscos e desejos




Ao deitar...

- Ainda bem que não somos pobrezinhos e não estamos na rua com este tempo!
- Sem dúvida, Mathilde, ainda bem!
- Sabes qual é o meu desejo? É que todos os pobrezinhos tenham uma casa para não estarem na rua com esta tempestade toda.


(Hoje é o dia mundial da gentileza. Bem que eu disse à Mathilde que era o dia dela. Se bem que o termo bondade se aplica melhor.)

domingo, 6 de novembro de 2011

Amor é...


Ensinei à Mathilde e à Manon o ritual aprendido em pequena de rodar o rabinho das maçãs ou das pêras, dizendo o abecedário. Cada volta, cada letra, até se soltar o dito rabo com a vogal ou consoante que revela a inicial do nome do rapaz com quem se casarão um dia.

Sempre que há fruta com cauda, lá estão elas a rodá-la antes da primeira dentada. Parece-me adequado saberem o nome de quem pretendem morder.

Quem já rodou rabos de fruta sabe que ele raramente parte à primeira volta. A eleição do futuro marido implica várias tentativas, sob risco de tontura.

Estava a Mathilde anteontem a rodar uma pêra e o rabo partiu imediactamente - A!

Olhou para mim com um ar como que de iluminação divina e espantada e radiante exclamou:
"A! Nunca me tinha acontecido!"

Amor é um rabo de pêra partir-se na letra A, de António.

Em tempo de crise, ouvi-nos Senhor!

Nesta fase de grande evolução na aprendizagem da língua portuguesa, a Mathilde lê os letreiros todos. Uns comenta, outros questiona, outros di-los apenas.


Ontem, no carro, ouvimo-la: "Banco Espírito Santo... ... Amén."

Resposta pronta

A Mathilde e a Manon têm uma memória invejável. 

A mais pequena, no entanto, é perita nas respostas "Je ne me souviens pas." e "Esqueci-me." quando lhe dão jeito.


Ontem de manhã, ao fim de duas ou três perguntas do pai sobre assuntos que não lhe davam jeito e às quais respondeu com a primeira citada, "Je ne me souviens pas.", diz-lhe o Xav:

- Je ne souviens pas, je ne me souviens pas. De quoi te souviens-tu alors, Manon?

- Je me souviens que papa m'adore.


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Equilíbrios II

Há um mês e tal aconteceu algo banal para o Xav e extraordinário para mim.

A Mathilde e a Manon tiveram bicicletas cedo, a partir dos 3 anos.
Apesar de as termos substituído este  Abril, aquando dos aniversários delas, por impossibilidade de utilização dado o não crescimento dos veículos, as manas pedalaram tão poucas vezes ao longo dos anos que as rodinhas se mantinham aparafusadas assegurando o equilíbrio.

Há um mês e tal resolvi que seria naquela tarde de sábado que as rodinhas iam ao ar e não voltariam àquele lugar.

Enchemo-nos de paciência, fartámo-nos de correr a segurá-las e em menos de meia hora, a Mathilde e a Manon passaram a saber andar de bicicleta.
Ficaram radiantes e orgulhosas. Afinal era tão fácil :)

Não será nada de especial para a maior parte dos miúdos, dos pais, até dos avós.

Não é nada de especial para o Xav.

Para mim é algo de maravilhoso. O meu investimento narcísico consciente resultou. O meu desejo é hoje realidade. 

Parabéns miúdas!! Nem imaginam o que isto significa para mim! :)

A união faz a força II


We'll always be together! (É o meu desejo, da minha história, da minha infância, da minha vida.)




This was Halloween



No ano passado, a Mathilde pediu e pediu e pediu uma festa de bruxas. A boa recordação do Halloween há dois anos era motivação mais do que suficiente para o seu apelo. 

Não foi possível e ao longo do ano, sempre que se lembrava, com a Manon e algumas vezes com amigas, ia buscar as decorações e juntas montavam todo um estaminé de horror destinado a espectáculos a condizer.


Foi também há dois anos que começaram a interessar-se pelos filmes de terror, digamos filmes de terror infantis, como "Coraline". Desde então pedem muitas vezes para ver " Nightmare before Christmas" a que elas se referem como "O Jack", "A noiva cadáver", "Uma série de desgraças" e, claro, "Coraline".


Este ano resolvi antecipar-me ao pedido que imaginava certinho e propus uma bela festarola com amigos, miúdos e graúdos todos mascarados, ao som de "Beetle juice", "Thriller", "This is Halloween", etc.

Decorámos a casa,











 fizemos lanternas, 




abóboras, morcegos, bolachas 







Servimos hamburgers-caveira às crianças



e o Xav fez uma teia de aranha e um esqueleto que se tornou quase membro da família, é o François a quem todos os dias a Mathilde e a Manon dizem bom dia, boa tarde e boa noite.




Vestimo-nos e maquilhámo-nos a rigor, tão a rigor que até me fizeram um rabo de diaba à última da hora. 
















Gosto desta festa. Não ligo grande coisa ao carnaval mas festejar com dráculas, bruxas, fantasmas e esqueletos, entre outros seres do "Dark side of the force", agrada-me. 
E lembra-me a Buffy. E isso é sempre giro :)