quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Maria


Quando tinha 16 anos, um amigo declamava-me:
Maria, teu lindo nome
serve para tudo hoje em dia
se uma criancinha tem fome
come bolacha Maria


Confesso que não é uma bolacha muito apelativa para os meus botões gostativos.
Não é que me desgrade mas também não me satisfaz como por exemplo os maravilhosos cookies de chocolate da Cadbury's.
A Maria foi a bolacha da minha infância, simples, torrada, compondo sandes de manteiga, queijo ou marmelada nas várias combinações possíveis, manteiga e queijo, manteiga e marmelada, marmelada e queijo, manteiga e queijo e marmelada, à qual se juntaram depois as Wafers de baunilha e chocolate e as caixas de Sortido Rico. Só bastante mais tarde descobri as Coríntias, as Belgas, as Belinhas, etc.

A Maria continua a ser a bolacha da primeira infância na creche da Mathilde e da Manon.

Sexta passada a pequenina roubou uma à maiorzinha e atirou-se a ela como gato a bofe, à bolacha, não à irmã.
Não houve qualquer engasgo, trincou, mastigou (com os poucos dentinhos que tem), amassou com a língua, sujou mãos, roupa, boca, cara, cabelo, tudo e adorou a boa da Maria. Se a queremos ver sossegada agora, é dar-lhe uma bolacha Maria.

"Tu veux un gateau-maman?" É frase do pai.

Mudam-se os tempos mas o meu lindo nome continua a servir para tudo hoje em dia, se a Manon ou a Mathilde têm fome, pois claro que comem bolachas Maria

Les amoureux qui se bécotent sur les bancs publics,


bancs publics, bancs publics,
En se fouettant pas mal du regard oblique
Des passants honnêtes
Les amoureux qui se bécotent sur les bancs publics,
Bancs publics, bancs publics,
En se disant des "Je t'aime" pathétiques
Ont des petites gueule bien sympathiques.


No sábado fomos ao parque com a Mathilde e a Manon. Já no regresso, num caminho no meio da floresta (um caminho pelo meio das árvores a que a Mathilde chama a floresta) ela exclama:
- Olha mamã!
Num coreto estava um casal de jovens namorados aos beijinhos.
- São namorados Mathilde, um menino e uma menina. Estão a namorar. A dar beijinhos um ao outro.
Continuámos, ela não disse nem mais um Ai nem um Ui sobre o assunto.

Ontem voltámos ao parque e, no regresso, o caminho da floresta foi percurso obrigatório, desta vez com o pai. Quando passaram pelo coreto ela pediu para entrar e uma vez lá dentro:
- Assois-toi papa stplaît!
E o pai sentou-se onde ela pediu. E ela sentou-se noutra ponta.
E então, muito compenetrada, levantou-se, pôs-se de joelhos no banco ao lado do pai, e pregou-lhe um beijinho tipo filme clássico de Hollywood quando os protagonistas do pretendido beijo colavam as bocas bem fechadinhas uma à outra e ficavam ali um bocadinho. Depois desatou a rir com um ar maroto perante um papá estupefacto. Levantou-se e :
- On y va papa?
E seguiu caminho, sem mais um Ai ou um Ui sobre o assunto.

Ah! Les amoureux qui se bécotent sur les bancs publics...

Édipo? Lógica infantil? Associação circunstancial? Imitação dos adultos? Tudo ao mesmo tempo?
Seja lá o que foi, foi muito engraçado.

Agora toca a explicar-lhe que o nosso pai não é nosso namorado, embora o procuremos o resto da vida, conscientemente ou não... bom, explicar apenas a primeira parte da última frase, claro.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

A Girl Worth Fighting For


O carnaval não me apraz por aí além.
No ano passado a Mathilde não ligou nenhuma à festa mascarada da creche.
Verdade seja dita que nós nem sequer pensámos numa fatiota para ela, ainda tão pequenina e sem noção do entrudo e seus preceitos mas, como todos iam mascarados,à última da hora pusemos um djellaba miniatura marroquino na mochila só para o caso dela ver todos enfeitados e também querer.
Não quis. E nós tudo bem.

Este ano quis mascarar-se e como a mamy (a avó paterna), com esse propósito, lhe tinha trazido da China um fatinho de chinesa, a princesa escolhida foi a Mulan. Tinha de ser uma princesa :)

E, na sexta-feira, lá foi ela, de Mulan, com uma sombrinha chinesa que era um mimo e um cavalo de peluche (o primeiro peluche que ela escolheu ainda muito pequenina numa feira de de bonecos do Jumbo e a quem agora chama Aladin por causa de um camelo homónimo que conheceu no Verão, em Marrocos).

Lembrei-me entretanto que a única coisa mais arranjadinha de que me mascarei em miúda, embora bem maiorzinha que a Mathilde, devia ter uns 8 anos, foi de chinesa, precisamente, nem de propósito.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Le Papa Pingouin

1980, eu tinha 9 anos, Festival Eurovisão da Canção, Luxemburgo.
Uma canção que ficou nos meus arquivos mnésicos até hoje e que eu cantava à Mathilde desde muito pequenina a propósito de papás e de pinguins (não que haja uma relação evidente, apenas porque ela palrava "papa-papa-papa" e eu cantava "le papa pingouin/le papa pingouin/le papa le papa le papa pingouin...").
Ninguém sabia o que isto era, ninguém. Nem portugueses, nem franceses, e suponho que nem mesmo os luxemburgueses se lembrassem de tal. Mas eu insistia que era da Eurovisão e que a canção existia mesmo.

Um dia, por acaso, num canal francês, o papá viu uma promoção disto.



Fiquei tão contente! Gostei mesmo de regressar aos 9 anos! E descobri que a amada canção é, originalmente, belga.

Isto já foi há uns tempos valentes. Ontem adquiri! Grande sucesso com as meninas! Para além do cd, tem um dvd com pinguins que cantam e dançam e com eles todos cá em casa. Uma delícia de bonecos e uma delícia muito maior a Mathilde a imitá-los e a Manon a rir e a abanar-se toda, fascinadas ambas com as imagens.

Ainda assim, a versão nova, remixada, é gira e tal, dá para o gasto, nada pára a modernidade, já se sabe, mas o original por Sophie e Magaly e o momento Eurovisão, indumentária e coreografia incluídas, são imbatíveis.



segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Eu quero ir para o Verão!

- Eu quero ir para o Verão! Quero ir para a praia com chinelos e vestido de Verão, com o meu pai e a minha mãe e a minha mana... com o balde... e o mar... eu quero ir para o Verão!

- Pois é meu amor, só que as estações são quando são, não dá para ir para o Verão assim como se vai à escola ou ao parque (quer dizer, até dá mas implica aviões e assim e por isso achei melhor não abrir essa possibilidade porque, se bem a conheço, a Mathilde nunca mais me deixava fechá-la). Agora estamos no Inverno, depois vem a Primavera e logo, logo estamos no Verão, vais ver.

- Eu quero!...

- Eu também bebé, mas agora temos de deixar passar o Inverno.

- Eu não gosto!

- Não gostas do Inverno?

- Não! Eu gosto do Verão!

- Eu também Mathilde, eu também gosto é do Verão!

Eu gosto é do Verão
De passearmos de prancha na mão.
Saltarmos e rirmos na praia
De nadar e apanhar um escaldão.
E ao fim do dia, bem abraçados
A ver o pôr-do-Sol
Patrocinado por uma bebida qualquer.


(Risos)

Não é o Verão mas é o que se arranja para nos consolarmos :)

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Ó-laró-laró-quicu-laró-quicu-laró-quicu...


A Mathilde descobriu o meu livro da Heidi com toda a hstória como na série televisiva.
A Heidi, a tia Dete, o Avô, o Pedro ( - Muito guloso! - diz ela com um sorriso divertido, e se de manhã ouve na rádio o Pedro que não o da Heidi, repete: - O Pedro é muito guloso! - e eu respondo: - Bom, de facto também é mas o Pedro da rádio não é o mesmo da Heidi. - e ela ri-se e insiste: - Mas também é muito guloso! - e enche a boca ao dizê-lo, a gulodice apregoa-se de boca cheia :)), a cabrinha Yuki, o cão Joseph, a mãe do Pedro, a avózinha do Pedro, a Sra Rottenmayer (a perceptora), a Clara, o Sebastião e a Tinette (os criados), o doutor da Clara, o rapaz do realejo com a sua tartaruga, o pai da Clara, a Sra Sesemann (a avó da Clara), todas as personagens lhe agradam por isto ou por aquilo

Nas últimas noites tenho revisto aquele imenso livro que fez as minhas delícias em pequenina. Achei imensa graça ao ver na última página a minha letrinha de 6 anos - oferta da minha mãe Janeiro 1977 dia 14 (porque carga de água escrevi eu a data ao contrário do que se usava na altura não sei).

O apontamento cómico é a versão acelerada e pouco conhecedora da história que o pai lhe conta quando ela lhe pede. A Heidi não foi uma prioridade televisiva da sua infância. Ele era mais Goldorak. Lá chegaremos, palpita-me, e aí ou me informo convenientemente ou convenientemente adopto também uma short version para pedidos para dormir.

Mas a Heidi... nostalgiaaaaa...

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Punch Bag

Antes da Mathilde e da Manon terem vindo encher a minha vida com o maravilhoso mundo da maternidade e da infância eu era a maluquinha do ginásio.
Desembrulhava as horas para ir praticamente todos os dias e experimentava todas as aulas disponíveis.
Era grande adepta do step coreografado super complicado e do Hip Hop.
Depois foi o advento do BTS e tudo se standartizou nos ginásios, ele é Body Pump, ele é Body Balance, Body Combat, Body Atack, Body Jam, e mais os que estão ainda por inventar.
De todos o que eu mais gostava, e gosto, é o Combat. Genial! Fartei-me de bater em muita pessoa imaginária e foi muitas vezes terapeutico :).
Hoje em dia não consigo arranjar furos compatíveis com o horário dessa aula maravilha e suspirava há anos por um saco de boxe (as luvas já tinha; nos meus anos em Dezembro de 2002, um amigo que tem ideias mirabolantes, ofereceu-me umas lindas, gigantes, vermelhas, dizendo-me que eu estava a passar uma fase em que tal prenda me daria jeito, o que era verdade, patronato hostil;)), mas não queria pendurá-lo no tecto, receava dar cabo dele, do tecto, não do saco, e passar a vida a tirá-lo e pô-lo não me parecia prático.

Este natal, o Pai Natal, por sinal o pai das minhas bebés, trouxe-me o saco pretendido pendurado num suporte com pesos e ainda um saco pequenino. Que bela surpresa! Muito murro já dei eu naquele saquinho pesadíssimo.Entretanto as luvas revelaram-se demasiado grandes e tive direito a umas luvas apropriadas.

A Mathilde farta-se de rir, sobretudo com as minhas caretas e vai lá ajudar-me. Não tem bem a noção de que o saco vai e, quando volta, vem com alguma força que ela não consegue controlar e pumba! Mathilde desequilibrada, Mathilde no chão, Mathilde irritada, Mathilde levantada, Mathilde a dar mais murros ainda :)

Ora no outro dia, Miss Mathilde resolveu calçá-las e andou aos rounds com o papá.
E não é que leva jeito?!



(o mais cómico é esta actividade "Maria-Rapaz" vestida de menina, vestidinho e sapatinho, sim!, que faça lá o que fizer, tem de ser feito sempre vestida de princesa, claro! Fez-me lembrar a Buffy, a bater-se contra vampiros e monstros e criaturas infernais, mas sempre bem vestida e com um sentido de moda bem desenvolvido e diferenciado ;))

domingo, 4 de fevereiro de 2007

10 meses

... já...
Parabéns Manon!

sábado, 3 de fevereiro de 2007

O banho, essa maravilhosa invenção!




Descubra as semelhanças!

Quando nasceram, a Mathilde e a Manon eram tão parecidas que pareciam iguais.
Hoje reconheço um ar de família, mímicas semelhantes, vozes semelhantes, risos semelhantes, muitas semelhanças intensificadas pela indumentária herdada.
No entanto, estão tão diferentes.
Para quem me diz que elas são parecidíssimas, veja-se!


Mathilde - Janeiro/2005 (9 meses)


Manon - Janeiro/2007 (9 meses)

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Paz


Mathilde - Abril/2004 (sim, ela dormia assim, toda esticada :), como o pai em bebé)


Mathilde - Fevereiro/2005


Manon - Julho/2006


Pouco tempo depois da Mathilde nascer, uma vizinha veio visitar-nos e, ao olhar para a bebé adormecida, comentou:
- Não há nada de mais repousante que um bebé a dormir.

É tão verdade.

Há um momento do dia que adoro, quando vou aconchegar as minhas meninas antes de me ir deitar. Tenho sempre vontade de ficar ali a olhar para elas, cada uma no seu sono, de bebé e de menina.
É o meu momento de paz, todos os dias.