terça-feira, 31 de outubro de 2006

Halloween

Há 2 anos foi assim
(Mathilde - quase 7 meses)

Hoje é assim

(Manon - quase 7 meses,


Mathilde - quase 2 anos e 7 meses)

domingo, 29 de outubro de 2006

E não há gelados como os do Santini!


-Queres Manon? Queres? Eu dou! Abre a boca!... é bom Manon?

(Runs in the family, devemos ter um gene que diz: gostar de gelados de fruta do Santini)

Não há perfume melhor


A Manon nasceu às 16h06 do dia 4 de Abril. Mamou desalmadamente e dormiu horas a fio, muito sossegadinha entre o meu corpo e o meu braço direito.
Aquelas horas a fio foram algumas das mais plenamente felizes da minha vida, passei-as a cheirá-la. Cheirei-a devagar, levemente, profundamente, calma e sôfrega, sem pressa, inteira, feliz.
Todos os dias a cheiro, muito. Não há perfume melhor.

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

O tempo a fugir

Passa a correr.
A Mathilde nasceu a 06-04-04.
A Manon nasceu a 04-04-06.

Descubra as diferenças!


Mathilde - 9 dias







Manon - 8 dias

domingo, 22 de outubro de 2006

Poliglotices

Suponho que muitos pais farão o mesmo, quando têm de dizer alguma coisa em frente dos filhos e não querem que eles os percebam. Adoptam uma linguagem diferente que pode ser simplesmente soletrar palavras, falar na linguagem dos P's, usar códigos, ditados populares ou metáforas, falar numa língua estrangeira, etc...

Com a mudança de estação andei a arrumar as roupas das meninas e a Mathilde aproveitou para vestir e calçar, tentativas vãs na maior parte das vezes, tudo o que ia encontrando dos anos anteriores. Dissemos-lhe várias vezes que já não lhe serviam porque ela cresceu e porque agora está muito grande para a roupa e a roupa muito pequenina para ela. De tal forma que, às tantas, já era ela que experimentava e dizia: "Está petit, não dá.", e por vezes, mesmo que servisse, só porque lhe dizíamos que devia estar pequeno, ela já concordava e queria despir ou descalçar logo.

Ontem de manhã quis vestir-se e calçar-se como eu e para tal foi buscar umas botas do inverno passado. Há um ano as botas eram um bocadito grandes mas passados todos estes meses e tendo em conta que nenhum sapato dessa altura lhe serve, temi uma cena tipo Cinderela com o sapatinho de cristal em que o final feliz seria à custa pezinhos engueishados, ou então que fosse ela a dizer que as botas estavam demasiado pequenas mesmo não estando.

Assim sendo, quando o pai lhe estava a calçar as ditas botas como-a-mamã, eu, não podendo falar nem em português nem em francês, disse:
- Don't tell her that, maybe, the shoes are small otherwise, even if they are ok, she will not want to keep them on because we told her so before.
E a boa da Mathilde olha para mim e diz:
- Não, não estão petits!

É o que dá armar-me em moderna e pôr os filmes da Disney e afins em versão original inglesa. Será isto possível?

A verdade sai da boca das crianças.

- Olha! Um pato! Olá pato!... Olha! Mais patos! Muitos! Tantos! Olás patos!

Está certo.
Um pato - um olá.
Muitos patos - muitos olás, um olá para cada um.
Sejamos bem educados e que nenhum pato seja desconsiderado!

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Mathilde



Hoje à noite vou fazer o meu primeiro concerto.
A última canção será a "Mathilde".
Ainda me lembro quando a escrevi e compus. Sentei-me de guitarra em punho em frente ao computador, não para escrever, porque o faço sempre com papel e lápis, mas para olhar para ela, no fundo do écran.
A minha bebé Mathilde, o meu rebuçadinho.
Era esta a fotografia, 9 meses.
E saíu:

Mathilde

Os olhos cheios de luz
Um brilho de curiosidade
Redondos, imensos
Serenos, travessos
Com jeitos de cumplicidade

Pestanas compridas
São longa cortinas
Que envolvem o mundo que espreitas, atenta
Leves bailarinas
Que dançam sem medos
No tempo que tu lhes ensinas

E a tua luz tão cheia de vida
Enche a minha vida tão cheia de luz
A...rrrr... A...rrrr... vivo apaixonada
Dona dos meu mundo
Princesa encantada

O cheiro a leite e bolachas
O doce da pele, o riso que contagia
As mãos que agarram
Tão frágeis, tão firmes
Com jeitos de quem faz magia

Pézinhos papudos
Ligeiros traquinas
Partem destemidos, querem liberdade
Hesitam, recuam
A rir continuam
No tempo da tua vontade

E o teu sorriso tão cheio de vida
Enche a minha vida cheia de sorrisos
A...rrrr... A...rrrr... vivo apaixonada
Dona dos meu mundo
Princesa encantada

A boca tão bem desenhada
Pequeno e atrevido o nariz
Bochechas redondas
Sorrisos rasgados
Com jeitos de quem é feliz
Festinhas suaves

Beijinhos no ar
Gestos atrapalhados mas sempre a tentar
Discursos pegados
Com sons desgarrados
No teu tempo sempre a brincar

E o teu brincar tão cheio de vida
Enche a minha vida cheia de brincar
A...rrrr... A...rrrr... vivo apaixonada
Dona dos meu mundo
Princesa encantada

A...rrrr... A...rrrr... tens-me apaixonada
Dona dos meu mundo
Princesa encantada

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Minha maravilha da natureza!


Palavras para quê?

Quem tem medo do lobo mau?


2 anos e meio não será um bocadito cedo para a Mathilde desatar aos grito antes de adormecer ao ponto de eu ir ver o que se passava, entrar no quarto e ela dizer-me, muito assustada: "O lobo mau mamã! O lobo mau mexeu na minha cama!" ?
Eu lá lhe disse que não estava ali lobo mau nenhum mas que, se ele voltasse a importuná-la, lhe dissesse: "Vai-te embora lobo mau! Não tenho medo de ti!" E que o Monsieur Chat a protegia e que o Jesus (ela anda intrigada com a identidade do Jesus que aparece às tantas na letra da canção de boa noite), que era amigo dela e velava por todos nós, também não deixava que o lobo a aborrecesse.
Pareceu-me ficar descansada mas 2 minutos depois de eu sair desata a gritar novamente. Lá foi o pai, que pregou uma carga de pancada no lobo, tratamento muito mais eficaz do que evocar Deus Nosso Senhor e que lhe perguntou de onde é que ela tinha tirado a ideia de que o dito bicho estava a mexer na cama dela.
- Foi do livro.
- Mais s'il est dans le livre, il ne peut pas sortir. On ne sort pas des livres comme ça!
- Ah...
- Et le livre, il est où?
- 'Tá na creche.
- Allors il est à Babeloued ce loup! Il est loin!
(Babeloued é assim o equivalente ao nosso cu de Judas, já que estou numa de imagens bíblicas)

E a coisa ficou por ali, ainda assim ela pediu para se tapar toda, cabeça e tudo mas não disse mais nada.
De qualquer das formas, suponho que o que a convenceu foi o enxerto que o pai pregou no lobo.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Doudous

Este é o Monsieur Chat.
Todas as crianças têm um doudou (é assim que o pai lhe chama), o da Mathilde é um gato cujos bigodes já viram melhores dias. Vai com ela para todo o lado e nós prestamos-lhe quase tanta atenção como a ela.

Nem sempre foi assim. Durante o primeiro ano, a grande paixão dela era o João Ratão a quem se juntou o Mister Rabbit.
Sabendo por experiência alheia que convém ter sempre uma cópia do doudou não vá o original perder-se, arranjámos 2 Joões Ratões e 2 Misters Rabbits, não fosse o diabo tecê-las.
Só que por volta do seu primeiro aniversário, a Mathilde interessou-se definitivamente pelo Monsieur Chat que habitava os pés da sua cama desde sempre mas ao qual ela tinha, até então, passado muito pouco cavaco. Ao fim de pouco tempo tornaram-se inseparáveis e para o lavar tínhamos de recorrer ao poder persuasivo da distração e entretê-la com qualquer coisa que a alheasse do seu companheiro de vida, durante uma hora. Agora já acha graça a vê-lo às voltas na máquina.
Chegou-se rapidamente à conclusão que não seria nada absurdo arranjar um duplo e aí começou o problema, a loja tinha fechado e nada feito.
Já procurámos por todo o lado e não há meio de encontrar o bendito do boneco à venda.

Hoje aconteceu. O Monsieur Chat ficou na creche. Tememos o drama, a angústia, a birra interminável. Não se mencionou o raio do bicho, fez-se de conta que estava tudo no sítio e eu rezei às alminhas para que ela não se lembrasse de o procurar. E o milagre aconteceu. Ela só dorme com ele e hoje perguntou só uma vez enquanto bebia o biberon, eu lá desviei o assunto e depois canção puxa canção, beijinhos nas bochechas (é a nova dela), boa noite e já está! Ufa!...

Dão-se alvíssaras a quem me arranjar um Monsieur Chat substituto para momentos potencialmente dramáticos como o de hoje!

Nem só de rosas...

... vive a humanidade.
A Manon está constipada. Ainda não percebi bem se é apenas um vírus adepto do epitélio respiratório ou também do digestivo.
Há congestão nasal que nem é nada de especial, nada de labilidades térmicas, o apetite mantém-se mas cada vez que come ou bebe, a tosse impõe-se e bastam duas tossidelas para que tudo o que acabara de entrar ou que já lá estava há uma horita, mais coisa menos coisa, regresse ao mundo exterior.
Por mais que já tenha passado por isto e a rapidez de actuação se vá optimizando de criança em criança e de vez em vez, acabo sempre coberta de leite digerido ou não, já para não falar na sopa e na fruta.
Não há guarda-roupa que chegue, nem dela, nem meu, nem toalhas, nem mantinhas, nem lençois.
A única coisa que chega é a paciência. Tornei-me infinitamente mais paciente depois de ser mãe.

No meio da confusão de um belo vomitanço (perdoe-se-me a expressão mas é a que há!), a Manon olha para mim, sorri, os olhinhos congestionados do esforço brilham de novo e desata a palrar, muito bem disposta.
Acabo sempre por rir, ela transforma o se-não-fosse-trágico-seria-cómico em se-não-fosse-cómico-seria-trágico. Opta pelo alívio e o prazer da normalidade saudável desenhados naquele sorriso generoso.

Até parece que não são restos de comida mas sim"são rosas, senhores!"

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

As 4 estações não existem Sr. Vivaldi!

Entretanto está a chover e o Outono está, de facto, a começar.
Ora a boa da Mathilde é livre. Não há melhor definição, é livre. Podia chamar-lhe selvagem, naturista, mas livre é muito mais abrangente. Uma das manifestações dessa liberdade é o facto dela gostar de andar nua. Por ela (bom, por mim também), vivia sempre nua. Despe-se assim que chega a casa e o que ela gosta é de andar em pelota e quando muito de "chinelar" no que diz respeito aos pés (o que me espantou porque pensei que com dois anos fosse difícil conseguir andar de chinelos de enfiar entre os dedos mas ela adora e anda e corre com eles como se fizessem parte do seu corpo).
Ora estamos no Outono, certo? Fresquinho lá fora, certo? Pois a Mathilde ignora o que tem S. Pedro a dizer sobre as estações do ano e quer sair de vestidinhos de verão e chinelos. É um jogo de argumentação e sedução todas as manhãs. Vá lá! Hoje calçou os ténis sem grande resistência mas já sei que na creche vai passar o dia a tentar descalçar-se ;-)

Raciocínios

Adoro a cabeça das pessoas, é um dos motivos porque sou psiquiatra (ciciatre como diz a Mathilde). A cabecinha da Mathilde é um colosso. Há umas semanas, estava eu a dar de comer à Manon, pedia ela ao pai a Cindiela, testemunhei o seguinte diálogo:
- Papa! Quero a Cindiela!
- Un: On demande comment?
- S'il te plaît, papa! ( e põe a chucha na boca)
- Deux: enlèves ta sucette! (ela começa a choramingar) et Trois: pourquoi tu pleures?
E ela, sem tirar a chucha, muito choramingona - Não quero o dois!!

E eu a dois passos, perdida de riso mas a tentar manter a compostura. O pai perdeu logo a argumentação e riu-se automaticamente e ela desatou a rir um pouco sem perceber o que estava a acontecer.

É fascinante o raciocínio em tão tenra idade, sobretudo porque é igualzinho ao de idades provectas, a qualquer uma, só que aos dois anos e meio tem para mim uma graça e exerce um fascínio ainda maiores.

domingo, 15 de outubro de 2006

Progressos

A Manon sentou-se sem apoio e ficou sentadinha durante imenso tempo há 2 dias. E palavra que os sons que emitiu pareciam de espanto: Ah! AH! AAH! Como quem diz: Olha! Estou sentada! Ah! Que surpresa!

Está constipada (Raios partam os vírus!) e é tão doce que, ainda que doentinha, sorri o tempo todo. Minha Manonzinha linda! Não há ninguém como tu!

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Essencial e insubstituível


A Mathilde é bilingue. Pensei que demoraria mais tempo do que a média a começar a falar, os bilingues compreendem tudo mas têm habitual e inicialmente mais dificuldades de expressão. Qual quê?! Fala pelos cotovelos desde sempre e faz-se entender muito bem. Acorda a falar, deita-se a falar, e canta pelo meio (não faço ideia a quem é que ela sai! ;) )
Mistura tudo, metade da frase é em português e a outra em francês, duas palavras na língua da mãe, uma na do pai e o remate emigrante em françuguês.
Exemplos:
"Mamã, anda chercher o carro!"
"Tantas voitures!
"Eu gosto da vianda!" (entenda-se viande)
"É lixo. Vou jetar!" (entenda-se jeter)
"Não quero ir para o lit" (no início eu percebia "não quero ir para ali!" só depois é que associei lit - cama)
"Quero uma glace Santini, faz favor,s'il te plaît mon papounet"
"Quero pâtes!"

Extraordinários os circuítos dentro daquela cabecinha, ou deverei dizer cabeçona que a menina têm um perímetro cefálico sempre perto do percentil 90 :)
É muito engraçado como ela associa as duas línguas e nunca se engana no género das palavras.
Quando aprendi a falar francês, cheguei a supôr que o masculino e o feminino faziam de propósito para me enganar. Muitas palavras femininas portuguesas mudavam de sexo quando traduzidas para a língua de Molière e, quando eu já ia embalada a trocar o sexo a tudo e todos, lá me aparecia uma convicta de que devemos-viver-com-o-que-Deus-nos-deu-e-isso-dos-transsexuais-é-uma-aberração!, e trocava-me as voltas dos le e dos la. Os exemplos são múltiplos: un lit - uma cama; une chambre - um quarto; un pont - uma ponte; une glace - um gelado; une voiture - um carro; etc... e as convictas-like: une cravate - uma gravata; un poisson - um peixe; une table - uma mesa; and so on and on and on...
A Mathilde mistura tudo, frequentemente os artigos definidos ou indefinidos nas formas simples ou combinadas saiem-lhe em português mas correspondem sempre ao substantivo que se lhes segue em francês. É genial! Esta miúda maravilha-me! Acho-a absolutamente divinal, poucas coisas me fazem sorrir como ela (e eu sou um excelente público, parece que o gesto que mais me caracteriza é precisamente o sorriso de orelha a orelha e o riso, dizem-me).
" Eu quero calçar as chaussures da mamã!" " O papá não tem as chaussetes!"

Que fique no entanto esclarecido que ela diz imensas frases numa língua e/ou noutra, que os seus"u's" franceses são lindos e que quando fala em francês parece que sussurra antes das consoantes mais agressivas como os T's por exemplo.

Aqui há uns 4 meses, quando a fui buscar à creche, vim o caminho todo (dito assim parece longo mas são apenas 5/10 minutos) a briefá-la:"Mathilde, quando chegares a casa vais dizer ao papá - Mon papa d'amour, je t'aime!" e fi-la repetir vezes e vezes, as secas que os miúdos apanham connosco! Assim que chegou, despejou a encomenda muito direitinha, com grande sucesso e comoção alheia. Dali a pouco estava ela no banho com a Manon e eu perguntei-lhe se ainda se lembrava da frase. E ela: "Je t'aime papa!" e o pai, derretido, responde-lhe: "Moi aussi je t'aime Mathilde! Tu peux dire ça à maman aussi." E ela olhou para mim com aqueles olhinhos honestos, redondos, imensos e muito doce respondeu: "Je t'aime maman!" e depois virou-se para a Manon na cadeirinha do banho à frente dela e continuou: Je t'aime ma Manon!" Pronto, lágrimas pelo meu sorriso abaixo, claro!

No outro dia, estava a jantar, eu dei-lhe uma beijoca naquela bochecha apetitosa e sussurei-lhe: "Adoro-te Mathilde! e ela olhou para mim com um ar de matreira e de seguida disparou: "Adoro-te mamã!" Lagriminha novamente, pois é evidente!

De tudo o que ela diz, com toda a piada que uma criança de 2 anos e meio tem, não houve nada ainda que superasse estes "Je t'aime/Adoro-te!"
Haverá algo melhor neste mundo? Talvez, é bem possível, não substimo nunca a vida e todos os prazeres que ela nos dá, então uma hedonista irremediável como eu, mas este amor é-me absolutamente essencial e insubstituível.
Je t'aime Mathilde! Adoro-te minha bebé!

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

A melhor bebé do meu mundo!


A Manon é a melhor bebé deste mundo! Tem seis meses, 2 dentinhos, cabelo dourado, duas bochechas redondíssimas que eu não me farto de encher de beijinhos, sorri o tempo todo e é linda!
Quando a olho, tal como quando olhava para a Mathilde em bebé, penso sempre "Como é que eu fiz isto?" A ciência explica, os cromossomas e o DNA e a embriologia e tudo e pronto mas "Como é que eu fiz isto?"
Que maravilha! Pensar que ela saíu de mim... Que grande, imensa, super-mega-hiper pintarola!!!
É mesmo bom ser mãe!

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Bona noite!

Lembro-me de, há já alguns anos, assistir maravilhada a uma cena do filme "3 homens e uma menina" em que os 3 papás (bom, um papá e dois tios, todos muito babados) cantavam um rap para a pequena protagonista adormecer. Achei que o conceito se adequava muito melhor a mim do que contar histórias para dormir, julgo que decidi nesse momento que no dia em que tivesse filhos faria o mesmo, bom talvez não rap, ainda não experimentei e julgo que não será a melhor das opções tendo em conta o emissor, eu, mas estou começada e não acabada e isto com os miúdos nunca se pode dizer jamais porque eles têm o condão de nos pôr a fazer as figuras mais inenarráveis e absurdas de ridículas que jurámos pela nossa dignidade nunca fazer em tempo algum, lérias!, ali estou eu de 4, babada até aos tornozelos, a fazer caretas e a dizer bilu-bilu como se não houvesse amanhã, a mascarar-me e a fazer o teatro da minha vida só porque a Mathilde pede, ou só porque eu acho que ela vai achar graça (e acha, o que vale é que é muito bom público!), porque a Manon se derrete e sorri-se toda, porque me dá um prazer dificilmente comparável com o resto da vida em geral, porque é tão natural e tão genuíno e tão bem aproveitado que qualquer tempo de brincadeira aparentemente ridícula com as minhas meninas maravilhosas se torna numa cena candidata a citação para a humanidade!
Tudo isto para dizer que ainda me ponho a cantar rap um dia destes com uma letra cheia de animais, barbapapas, panteras cor-de-rosa, nemos, cinderelas, gatos a quem se atira paus, minhocas que dão beijocas e outras personagens que habitam os meus dias, todos os dias, graças à Mathilde e a Manon.

Por enquanto, e de há uns meses para cá, eu que sou muito dada a cantorias e sempre cantei para a Mathilde e agora para a Manon também, tenho cantado muito entre as 8 e as 8h30 da noite, todas as noites.
Foi um acaso, uma vez, à hora de deitar, peguei na Mathilde ao colo, ainda ela não tinha dois anos, e cantei-lhe uma canção de embalar - "Boa noite!" Ela enroscou-se com o seu Monsieur Chat entre os braços, e respondeu: Mais?!
E eu repeti.
E ela: Os piratas mamã!
E lá lhe cantei eu os piratas (uma passagem de uma opereta sobre D. Inês de Castro e D. Pedro, e é logo à parte mais tétrica que ela acha piada), e não só cantei como desatei a fazer o teatro todo e as personagens e ela a rir deitada atravessada na cama. E depois cantei-lhe o "Vamos dormir" com estalinhos com a língua pelo meio e ficámos por ali.
Ora no dia seguinte ela pediu outra vez e no dia a seguir também e a cantoria tornou-se incontornável.
O repertório tem-se estendido e passa pelo "Calhambeque" de Roberto Carlos, "Como o macaco gosta de babana" de José Cid, "Lavar os dentes" da Caixinha de sonhos, popular diz lá e eu tudo bem, "The circle game" de Joni Mitchell, "Mathilde" da mamã e o que ela se lembrar na altura. Ao longo dos meses ela ouvia sempre com muita atenção mas agora começou a cantar, E SABE AS LETRAS TODAS! e embala os bebés dela e canta-lhes as mesmas coisas e canta para a Manon e dá-lhe beijinhos, e eu de lágrima ao canto do olho.

É certo e sabido, quando a vou deitar pode faltar tudo mas o "Bona noite", como ela lhe chama (uma mistura de bonne nuit e boa noite), é obrigatório. Bom, os piratas é um must também, mas o colo e as festinhas com ela a cantarolar comigo são a prioridade, das duas. É um dos melhores momentos do dia. Obrigada Mathilde.

segunda-feira, 9 de outubro de 2006


Mathilde e Manon